quarta-feira, 20 de abril de 2011

Iedi alerta para “déficit explosivo” na balança comercial de bens de alta-média tecnologia

O déficit da balança comercial de bens de alta e média-alta tecnologia passou de US$ 13,7 bilhões para US$ 17,8 bilhões entre janeiro e março deste ano sobre o mesmo período do ano passado. Um crescimento de US$ 4,1 bilhões no período.
Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os produtos considerados de alta tecnologia parecem ter desacelerado fortemente a evolução de seu déficit, o qual chegou a US$ 6,8 bilhões no primeiro trimestre de 2011, contra US$ 6,2 bi em 2010 .

Mas, o Iedi ressalta que houve uma diferença flagrante nos bens de média-alta intensidade tecnológica. “Nesse caso o déficit no primeiro trimestre de 2011 chegou a US$ 11 bilhões, US$ 3,5 bilhões a mais do que no primeiro trimestre de 2010, que ficou na faixa de US$ 7,5 bilhões. Essa é a fronteira da importação que parece despontar considerando-se a indústria de transformação brasileira, razão pela qual setores como de produtos químicos, máquinas e equipamentos mecânicos, máquinas e equipamentos elétricos e veículos automotores registraram déficits verdadeiramente explosivos. São os complexos eletro-eletrônico, metal-mecânico e químico – os quais formam o coração de uma estrutura industrial moderna - que estão em jogo. Não é pouca coisa”.

Segundo Rogério Cezar de Souza, economista-chefe do Iedi, “os segmentos de média-alta e alta tecnologia são os que mais sofrem com o câmbio, os juros e os tributos altos, porque são por eles que passam as inovações mais aprimoradas. Se estão com problemas, como estão hoje, o país vai sofrer no futuro”.
Nem mesmo a indústria aeronáutica evitou o revés no segmento de alta intensidade. A indústria farmacêutica teve um resultado negativo de US$ 1,4 bilhão; a indústria de instrumentos de precisão e médicos e a de áudio e vídeo, telecomunicações e componentes eletrônicos também experimentaram déficits recordes. “Apesar de a produção doméstica de bens finais dessas atividades estar crescendo, a mesma se destina prioritariamente ao mercado interno, além de demandar bens intermediários que não são fabricados no país. Ademais, mesmo fabricantes de bens finais têm considerado cada vez mais importar o bem final para venda interna ao invés de produzi-los”, diz o Iedi.

No segmento de média-alta intensidade foi observado o maior déficit dentre as quatro faixas. Nem as exportações recordes impediram de os produtos químicos alcançarem o maior déficit. As indústrias de máquinas e equipamentos registraram déficits elevados, sem que as exportações tenham retomado ao nível pré-crise.

A faixa de média-baixa intensidade registrou saldo negativo de US$ 707 milhões. Produtos refinados de petróleo e outros combustíveis puxaram essa baixa ao alcançarem um déficit recorde de US$ 2,0 bilhões.

O Iedi constatou que apenas a balança de bens da indústria de baixa intensidade (como a indústria têxtil, papel e celulose, alimentos) alcançou superávit: US$ 8,5 bilhões.
HP

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