quinta-feira, 14 de abril de 2011

EUA: prefeito de Washington é preso em demonstração contra corte no orçamento


Na segunda-feira, dia 11, o prefeito de Washington, Vincent Gray, seis vereadores e mais 33 pessoas foram presos no lado de fora do Congresso dos EUA, por protestarem contra os cortes no orçamento que vão atingir a capital dos EUA, em decorrência do acerto entre o governo Obama e os republicanos de subtrair US$ 38,5 bilhões para evitar o “fechamento” da administração federal até setembro por falta de previsão orçamentária.
 
O que é revelador de que, apesar de relativamente magro, em relação a um orçamento da ordem de US$ 3,75 trilhões, não é propriamente inócuo. O prefeito, os seis vereadores e os demais manifestantes – que foram inclusive algemados – passaram sete horas na prisão. Gray afirmou que as restrições impostas aos gastos da capital na barganha “são completamente inaceitáveis”. Proibiram a cidade de gastar dinheiro com planejamento familiar para mulheres de baixa renda, ou até mesmo com troca de agulhas entre viciados, sendo que a taxa de aidéticos e portadores de HIV em Washington atinge 3%, um patamar de epidemia. Apesar de ter governo próprio, o orçamento do distrito federal é controlado pelo congresso.
 
Ainda segundo o economista Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, ouvido pelo programa “Democracy Now”, embora falte o detalhamento do acordo Obama-republicanos, US$ 13 bilhões dos cortes são referentes aos Departamentos de Trabalho, de Educação, de Saúde e programas sociais.
 
Mas, como notou a Associated Press, as “preocupações” do presidente Obama e do Congresso estão mudando do “curto prazo” para o futuro econômico da nação de longo termo. Anteriormente, o presidente já havia mantido por mais dois anos o aumento de impostos para os ricos, em troca de alguns meses mais de auxílio-desemprego.
 
Assim, “tudo – dos cortes do Medicare e Medicaid ao aumento de impostos para os ricos – está sobre a mesa”, registrou a AP. A agência também afirmou que Obama deverá revelar seu plano para reduzir o déficit – “em parte através da redução dos principais programas de saúde para os aposentados e os pobres”. Outro plano, com “cortes draconianos para os americanos mais necessitados”, foi apresentado pelo republicano Paul Ryan, presidente do Comitê de Orçamento da Câmara federal.
 
Já o conselheiro presidencial David Plouffe tranqüilizou aposentados e pobres apontando que os cortes nos principais programas de saúde não vão ser “no facão”, só “vai tirar o escalpo”, mas “tudo cuidadosamente”, como assinalou à rede de televisão NBC.
 
Ainda segundo Sachs, “se querem acabar com o déficit, é preciso ir atrás dos impostos dos ricos, aumentá-los; cortar os gastos militares, cortar os lucros excessivos na medicina privada, fazer coisas que realmente fazem diferença – e não punir os pobres”. Ele afirmou ainda que os EUA só coletam 15% a 16% da renda nacional bruta como impostos, “o que não é o bastante para pagar nem mesmo os mais básicos serviços governamentais, a Seguridade Social, o Medicare ou o Medicaid, os militares, os juros da dívida”. Situação, aliás, criada pelo corte de impostos dos ricos e benesses às corporações e bancos. A taxação mínima “capaz de atender às necessidades do povo americano” deveria ser de 24%, apontou o economista.

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