quinta-feira, 14 de abril de 2011

Enxurrada de dólar “é perversa para o emprego e a economia”

“Temos de tratar o câmbio de maneira dura”, defende Robson Andrade, presidente da CNI
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu medidas imediatas para conter a hipervalorização do real. “Temos de tratar o câmbio de maneira urgente.

Não podemos deixar como está, senão não temos futuro”, afirmou o empresário na sexta-feira (8), em São Paulo, após reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação. Para ele, “o governo precisa tomar medidas duras e radicais, sob o risco de termos no Brasil só bancos”.

Segundo Andrade, as medidas recentemente anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como a cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em empréstimos externos de dois anos, não deram resultado para conter a valorização do real ante o dólar. “Isso já está provado. Hoje [8] o câmbio abriu a R$ 1,57. Já mostra que essa medida não foi eficiente. Enquanto o governo não tomar simultaneamente medidas duras e drásticas, não teremos uma solução”, disse. Na segunda-feira (11), a PTAX (a cotação de fechamento do dólar) ficou em R$ 1,5805.

O presidente da CNI enfatizou a necessidade de contenção imediata da enxurrada de dólares que entra no país para especulação. “Hoje as empresas e pessoas físicas tomam dinheiro a taxas quase negativas nos Estados Unidos e em outros países e aplicam aqui a 12%. E ainda correm o bom risco de ganhar na valorização cambial”, observou.

A inundação de dólares, frisou Andrade, “é perversa para as indústrias, para os empregos e para a economia”, ou o Brasil muda essa lógica ou vai perder de vez a competitividade: “Daqui a pouco não vamos exportar mais nada e vamos ser uma economia de serviços”.

Para Mantega, a enxurrada de dólares que entram no país atraída pelos juros altos “é um problema bom”, disse no mesmo dia 8, em São Paulo, onde participou de um seminário sobre os rumos da economia brasileira. Segundo o ministro, o governo continuará tomando “medidas necessárias”. “Não permitiremos especulação financeira. Nem bolhas”, declarou.

Os dólares que entram no país, apontado por Robson Andrade, são atraídos pela maior taxa real de juros (5,9%) do mundo. Enquanto os juros não forem reduzidos drasticamente ao patamar internacional – a média das 40 maiores economias é de -0,9% em termos reais, sendo que taxa real de juros do EUA é de -1,3%, da Alemanha, -1,0% e do Japão, 0,1% - os especuladores vão nadar de braçadas. Mas a equipe econômica faz tudo ao contrário e as pequenas medidas, tipo aumento do IOF, não passam de perfumarias para encobrir o problema. Em vez de reduzidos, os juros foram elevados a pretexto de combater a inflação, que o próprio ministro reconhece “há uma inflação mundial de commodities”.
HP

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