quarta-feira, 27 de abril de 2011

“Crise do PSDB é mais profunda”, avalia Lula


“O PSDB está em crise de fragilidade ideológica”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao “Jornal ABC Maior”. Para Lula, não se deve “julgar a crise do PSDB apenas com a saída dos vereadores da Câmara de São Paulo. A crise do PSDB é mais profunda”. Na sua avaliação, “é uma crise de identidade”.

Lula lembrou que “quando Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição de 1994, eles projetaram 20 anos de governança contínua do PSDB, o que não aconteceu. Na verdade, quem deverá ter os 20 anos de governança direta é o PT, pois fizemos muitas coisas nos oito anos do meu governo e a Dilma vai fazer muito mais nos próximos oito anos. Eles [tucanos] não se conformam de que é o PT que terá tempo necessário para mudar, para melhor e definitivamente, a cara do Brasil”.

Analisando a briga dentro do PSDB, Lula chamou a atenção de que “primeiro tem uma disputa interna entre Serra [José Serra], Alckmin [governador de São Paulo, Geraldo Alckmin] e Aécio Neves [senador]”. “Eles têm o PT como adversário principal, e o PT tem que juntar todos os diferentes para que possamos vencer os antagônicos”, disse Lula defendendo uma política de alianças para as próximas eleições.

O ex-presidente defendeu que “o importante é que cada companheiro precisa ter a clareza que é mais difícil governar do que ganhar eleição. Para governar é preciso compor e ter um leque de apoio que passe na Câmara e na sociedade”.

Lula falou ainda sobre a reforma política. “O financiamento público significará a moralização da política brasileira”. Segundo Lula, “muitos acham que o financiamento público vai significar mais impostos. Só que na verdade é o contrário”. “Vai acabar com a relação promíscua entre o candidato, o partido e o empresário.

 Ficará melhor, mais barato, e o Estado garantirá uma determinada quantia por eleitor, distribuídos entre os partidos em função das votações passadas. Mas, em contrapartida, as legendas deverão fazer a lista fechada, a ser votada democraticamente. O que eu penso é que, se o Brasil não fizer esta reforma, nunca acabaremos com a corrupção e, em época de eleição, continuará existindo o caixa dois”, argumentou.

Ele defendeu que a contribuição privada passe a ser considerada crime. “O que não pode é termos o financiamento público e também querer combinar com a iniciativa privada. Por isso, é preciso acabar de uma vez por todas com o financiamento privado. Se o político pegar dinheiro, estará cometendo um crime”, disse.
HP

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