sexta-feira, 25 de março de 2011

Ditadura do Bahrein executa civis e impede os hospitais de tratar feridos; e ONU finge não ver
  

A terça-feira (22) foi mais um dia de grandes violências contras manifestantes desarmados no centro de Manama, capital do Bahrein. Em consequência de um tiro na testa, uma manifestante oposicionista, Bahiya Al-Aradi, morreu nesta quarta-feira (23), o dia foi de manifestação e homenagens durante o enterro.
 
Desde que as tropas Sauditas entraram no país na quarta-feira passada, há sete dias, já são sete mortos e centenas de feridos a bala em manifestações pacíficas contra a monarquia ditatorial Al-Khalifa no Bahrein. No mês de março mais de 20 pessoas foram mortas pelas forças da ordem do reino.
 
A monarquia e o rei Al Khalifa é apoiada pelos EUA que ali mantém bases militares e sua 5ª Frota.
 
A entrada das tropas da Arábia Saudita no Reino do Bahrein aconteceu depois da visita do enviado do governo americano Robert Gates a Manama. A ONU fingiu que não viu nada.
 
No dia seguinte à chegada das tropas estrangeiras o monumento da Pérola na Praça da Pérola, que se tornou símbolo da luta contra a monarquia, foi destruído. Mas o movimento pela derrubada do reino ditatorial não arrefeceu.
 
Khalil Marzouki, deputado do movimento xiita de oposição Al-Wefaq denunciou à imprensa europeia que “importantes personalidades da oposição estão sendo presas na calada da noite, de 16 para 17 de março foram presas 5 pessoas em suas casas, entre elas o Secretário Geral do Movimento Haq, formação política xiita clandestina, Hassan Machaimaa, libertado da prisão em 26 de fevereiro, Abdeljalil Al-Singace, defensor dos direitos humanos e também libertado em fevereiro depois de ficar seis meses na prisão. Mas os manifestantes contra o regime continuam firmes e não aceitam intimidação”, afirmou Khalil.
O rei, em reposta a população indignada, diz que “eles foram presos por estar em contato com estrangeiros e quererem a queda do regime”.
 
O monarca bareinita tinha reclamado no sábado que as manifestações estavam acontecendo como parte de um complô internacional contra seu governo. E expulsou um diplomata iraniano de Manama. Na segunda-feira Theerã, em retribuição ao gesto, pediu ao Embaixador do Bahrein no Irã que enviasse de volta ao seu país um de seus diplomatas. A diplomacia iraniana condenou a entrada de tropas estrangeiras no Bahrein.
 
As relações do Bahrein com o Irã vivem tensões variáveis há 30 anos. As ilhas faziam parte do território do Irã. Desde 1979 o governo iraniano reivindica a soberania sobre o arquipélago ao qual o Xa Reza Pahlevi, para atender exigências dos EUA, havia renunciado.
 
Navy Pillay, comissária de direitos humanos da ONU denunciou a invasão de tropas armadas nos hospitais e centros médicos da capital para impedir que os médicos e enfermeiros cuidassem dos manifestantes feridos. Defensores dos direitos humanos acusam as forças de segurança de impedir que os feridos sejam atendidos nos hospitais e de baterem nos médicos que saem às ruas para socorrê-los. O principal hospital de Manama está cercado por tropas.
  
 “Tenho recebido apelos desesperados de pessoas terrificadas pelas intenções das forças armadas”, declarou Navy Pillay ao Le Monde, evocando as prisões arbitrárias, os assassinatos, as pressões e ameaças que sofrem os manifestantes e o pessoal médico. “É chocante e ilegal. A polícia e as forças armadas devem abandonar imediatamente os hospitais e os centros de saúde, devem parar de intimidar os profissionais de saúde e de cortar a eletricidade dos hospitais que podem acarretar a morte de muitos doentes”, concluiu a comissária da ONU.
HP

Nenhum comentário: