terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vice imposto, homem da CIA no Egito,
 é quem chefiava repressão à oposição

ROSANITA CAMPOS

A rebelião popular que tomou conta do Egito combaliu o poder do ditador Hosni Mubarak. O povo acampado na Praça Tahrir, símbolo da luta popular desde a época de Nasser, exige que Muba-rak saia, mas ele resiste em ouvir a voz das ruas contra a ditadura que por 30 anos vem sufocando o país.
Na tentativa de apaziguar os ânimos e se manter no poder, Mubarak mudou l5 dos 31 membros do governo. Manteve 16 dos antigos ministros e tomou uma atitude inusitada. Ressuscitou o cargo de vice-presidente, extinto há 30 anos e nomeou um vice-presidente biônico. Omar Suleiman, com apoio dos enviados do governo dos EUA ao Egito, em meio a muitos telefonemas entre o Cairo e Washington, tornou-se vice-presidente da República sem ter sido eleito em nenhuma eleição. Sua “missão”: ser o negociador do governo com a “oposição” por ele escolhida para fazer a transição. E se possível não mudar nada.
Suleiman é desde há muitos anos um homem pró-americano e pró-Israel estreitamente vinculado à CIA. Foi, até o início da rebelião popular, o chefe dos serviços secretos e de espionagem da ditadura. Era o encarregado da CIA para receber no Egito os presos que os EUA traziam do Iraque e do Afeganistão para serem encaminhados para a prisão de Guantanamo.
Ron Suskind, jornalista do The Wall Street Journal em artigo publicado pela ABC News afirma que “Suleiman era o homem da repressão de Mubarak. Ele é um homem caridoso e amigável, só tortura pessoas que ele não conhece. Ele foi o homem dos EUA no Egito por muitos anos. Tudo passava por ele. Não precisávamos falar com mais ninguém. Quando queríamos que alguém fosse torturado mandávamos para o Egito. Suas informações de inteligência não precisavam ser checadas”.
John Sifton, da Human Rights Watch também na ABC News, afirma que “Como chefe da diretoria geral de inteligência, Suleiman supervisionou operações de inteligência com a CIA que incluíam prisões ilegais e tortura de dezenas de detentos”.
Suleiman quer continuar no governo mantendo Mubarak na presidência até o fim do seu mandato em setembro. Quer ser o negociador do governo, o homem de Mubarak – e dos EUA – para a transição, o que se constitui na melhor alternativa para os EUA. Mas é a pior para os egípcios que não aceitam a ingerência dos EUA no país e condenam essa política para com os demais países árabes.
“Mubarak sempre foi um grande amigo dos EUA”, afirmou, chorosa, a Secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton fazendo coro com Suleiman, defendendo a permanência de Mubarak até setembro na expectativa de que até lá se viabilize uma solução menos ruim para os EUA, já que qualquer desfecho para a situação dificilmente será melhor para os EUA do que a ditadura de Mubarak.
O povo egípcio quer a saída de Mubarak já.
E não quer manter no poder um homem da CIA, dos EUA, chefe do setor de inteligência e da repressão que sustentou a ditadura de Mubarak durante 30 anos.                                                            

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