sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Centrais: “Todos ao Congresso terça pelo mínimo de R$ 580” 
Trabalhadores foram convocados para uma grande manifestação em Brasília 

O presidente da CUT, Artur Henrique, convocou, na quarta-feira, os sindicatos, federações e toda a população para uma grande manifestação, na próxima terça-feira, dia 15, em frente ao Congresso Nacional em Brasília, pelo aumento do salário mínimo para R$ 580. O projeto de lei que prevê um mínimo de R$ 545 este ano está previsto para ser votado na quarta-feira.

Afirmando que o que está em discussão “é uma visão de política econômica”, Artur respondeu às declarações do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), de que as negociações com as centrais sobre o mínimo estão encerradas. “Se o governo decidiu não negociar mais conosco o aumento real do salário mínimo, então vamos levar a disputa para o Congresso”, convocou.

De acordo com o presidente da entidade, a política atual de valorização do salário mínimo deve ser preservada, “mas, em relação a 2011, a CUT e as centrais defendem que o valor seja estabelecido de forma extraordinária, para além do acordo, de forma que o aumento do salário mínimo reflita o bom momento da economia e que contemple os trabalhadores com tratamento diferenciado”, disse, em resposta às declarações do ministro.

A convocação da manifestação em Brasília foi reforçada pelas demais centrais sindicais. De acordo com Antonio Neto, presidente da CGTB, estão sendo convocados diversos setores dos movimentos sociais para se somarem ao ato. “Estamos conversando com os sem terra, os estudantes, os aposentados. Todos vão engrossar o coro por um salário mínimo maior”, afirmou. Neto destacou que “além de não ser uma decisão apenas econômica, ela representa qual será a direção política do governo, de um lado uma política arcaica, monetarista e míope e, de outro, o caminho da mudança dotado de mecanismos mais eficazes para combater inflação, porém menos prejudicial para a produção”.

O presidente da CGTB ressaltou que “valorização do salário mínimo, correção da tabela do imposto de renda e reajuste para os aposentados, (...) se tratam de medidas fundamentais para minimizar a trágica realidade da distribuição de renda no país”.

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, e deputado federal (PDT-SP) também respondeu à decisão do governo de votar a proposta de R$ 545, ressaltando que irá apresentar emendas para elevar o salário mínimo de 2011 a R$ 580. “Haverá uma grande mobilização das centrais, aí vamos ver como será a votação. Fica um rescaldo para o futuro. Derrotar aliados é uma coisa ruim, um erro que estão levando a Dilma a fazer”, declarou.

Ricardo Patah, presidente da UGT, declarou que “nós não estamos argumentando as questões econômicas que levaram ao valor do reajuste (R$ 545), mas sim que o governo considere os mesmo mecanismos utilizados em 2008 e 2009, como a liberação dos compulsórios para os bancos, a renúncia fiscal para montadoras e para material de construção, para o salário mínimo. Não queremos romper o acordo que construímos (...) Só que houve uma crise mundial e o Brasil sofreu, houve decréscimo de 0,6% do PIB. Um valor de salário mínimo mais elevado pode trazer consistência a nossa economia e é um distribuidor de renda extraordinário e motivo de inclusão social. Então tem que ter o mesmo tratamento dado aos empresários e aos banqueiros durante a crise”, afirmou.

Para Wagner Gomes, presidente da CTB, o aumento do mínimo não é uma questão de cumprir regras: “O presidente Lula e a presidente Dilma prometeram pessoalmente às seis centrais que em 2011 haveria um aumento real do mínimo, apesar da estagnação do PIB em 2009. Este acordo verbal ocorreu durante a campanha, em São Paulo, no dia 13 de outubro de 2010, em São Miguel Paulista. A verdade é outra. É a política econômica conservadora que impõe cortes no orçamento e impede a valorização do salário mínimo”, disse, em entrevista ao Portal Vermelho.

Além da manifestação em Brasília, as centrais estão realizando nos estados uma série de mobilizações em defesa do mínimo de R$ 580. Em São Paulo, os metalúrgicos do ABC já fizeram uma manifestação, e, na quarta-feira, os metalúrgicos de São Paulo paralisaram 19 fábricas na zona leste da capital. 
hp

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