sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Centrais: sem o mínimo valorizado não há como acabar com a miséria 

As centrais participaram da Comissão Geral da Câmara e acompanharam a votação 

As centrais sindicais reforçaram, durante a Comissão Geral da Câmara dos Deputados, terça-feira, a importância do aumento real para o salário mínimo como melhor mecanismo de distribuição de renda e instrumento para o crescimento do país.

Na Comissão, que antecedeu à votação do mínimo, os presidentes das centrais sindicais – CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, NCST e UGT – discursaram na plenária da Câmara, defendendo um aumento maior do que o mínimo de R$ 545, proposto pelo governo, e aprovado pelos deputados na quarta-feira. Na avaliação das centrais, o índice, que contempla um aumento real ínfimo ao salário mínimo, rompe com o acordo de valorização feito entre as centrais sindicais e o governo, em 2007.

“O que está em jogo nesse debate é a discussão de políticas e programas de distribuição de renda, de combate à miséria, uma política de desenvolvimento sustentável em que o crescimento econômico vai depender da contínua elevação dos salários reais, do consumo, do investimento e do fortalecimento do mercado interno. O salário mínimo é um poderoso instrumento para isso”, afirmou o presidente da CUT, Artur Henrique. “País rico é país sem pobreza”, completou.

Paulo Pereira da Silva (Paulinho), presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP), também criticou o mínimo de R$ 545.

Os presidentes das centrais tiveram o respaldo de milhares de trabalhadores, que na terça e quarta-feira realizaram manifestações em defesa do aumento. Na quarta, 5 mil servidores federais se reuniram na Esplanada dos Ministérios para reivindicar aumento real e o aumento do salário mínimo (ver matéria ao lado).

Ainda na plenária da Câmara, Antonio Neto, presidente da CGTB, retrucou as argumentações do ministro Mantega de que o governo não tem dinheiro suficiente para garantir o aumento do salário mínimo, e de que aumento real zero faz parte do acordo firmado entre as centrais: “Se o Brasil tivesse tido a infelicidade de países do primeiro mundo, com grande retração do PIB, viria hoje aqui com proposta de subtração desse índice do valor da inflação para cálculo do reajuste do mínimo? Claro que não, pois o salário mínimo é um dos principais indutores do crescimento econômico e da distribuição de renda. Precisamos de aumento real para continuar a valorização”, argumentou.

“Além disso, estudos do Dieese apontam a necessidade de termos um salário na casa dos dois mil e duzentos reais para uma família viver bem. Este patamar é o nosso norte. Ele não é um sonho utópico, porque nós já tivemos, senhores e senhoras, um salário próximo a isso. No governo Getúlio ele chegou a R$ 1453,00, atingiu R$ 1623,00 no de Juscelino e foi progressivamente achatado até chegar a R$ 191,00 no período neoliberal”.

“Qual foi a técnica usada para o crescimento no Brasil durante os últimos dois mandatos? Baixa de juros, aumento dos investimentos, aumento dos salários. Qual é a tese proposta hoje? Aumento dos juros, corte dos investimentos, redução no salário. É isso que nós queremos? Não. Não é isso”, afirmou. “Algumas pessoas precisam perder o medo de ver o Brasil crescer, de ver a geração de empregos bater recordes, de ver comida na mesa do trabalhador e de ver a distribuição de renda. É preciso ousar, é preciso ter coragem para enfrentar os poderosos e priorizar o combate à pobreza, à miséria, enfim, temos que garantir aumento real para o salário mínimo”.

Para Wagner Gomes, presidente da CTB, “ou a presidenta Dilma aprofunda os caminhos já iniciados por Lula, ou o Brasil vai para a recessão. Temos que escolher entre o desenvolvimento ou a especulação. Não se trata de discutir se há ou não acordo, mas sim se o país vai continuar se desenvolvendo ou se o país vai viver de aplicação em renda, em dinheiro de fora, sem privilegiar a produção”.

Além das manifestações, centenas de dirigentes das centrais sindicais ocuparam as galerias do plenário com cartazes e entoando palavras de ordem por aumento real no mínimo. 

“Lembrem-se de que, quando se pretendia passar o salário mínimo para cem dólares, diziam que o Brasil não aguentaria. A Previdência quebraria. As prefeituras e os governos também não aguentariam. Hoje, o salário mínimo está em cerca de 300 dólares, e nada quebrou. Ao contrário, o país cresceu”, afirmou José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Única Sindical de Trabalhadores (NCST). Para Canindé Pegado, secretário-geral da UGT, “nós queremos, sim, que continue crescendo a economia gerada nessas regiões do País. O salário mínimo é o motor da economia nessas regiões. E não venham dizer aqui que a medida vai arrasar prefeituras. Salário mínimo não arrasa prefeitura”, disse.
HP

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