quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Centrais repudiam mínimo de R$ 545: “humilha o trabalhador” 

Trabalhadores repudiaram a declaração do ministro Mantega de que o mínimo será de R$ 545. Centrais tomam as ruas essa semana em defesa dos R$ 580 

A União Geral dos Trabalhadores (UGT), repudiou, em nota divulgada segunda-feira, as declarações do ministro Guido Mantega de que o salário mínimo será de R$ 545, arrochando o salário e comprometendo a política de valorização do mínimo. No documento, assinado pelo presidente da entidade, Ricardo Patah, a central afirma que “assinar o mínimo de R$ 545,00, que humilha os trabalhadores da ativa (que ainda sobrevivem com esse valor) e os aposentados e pensionistas, é comprometer as iniciativas sociais do governo do presidente Lula”.

As centrais sindicais consideraram a proposta uma provocação e nesta semana ocupam as ruas de diversos estados em campanha unificada pelo aumento do mínimo, para R$ 580. No documento, a UGT afirma também que, com R$ 545, “o governo abre a guarda e não reafirma seu compromisso com o trabalhador, mantidos nos oitos anos do ex-presidente Lula”.

Como lembrou a entidade, com a unidade e a mobilização das centrais e a sensibilidade do governo, se garantiu nos últimos anos “uma das maiores valorizações do salário mínimo e conseguiu que a crise, que se abateu sobre a Europa e os Estados Unidos, se tornasse uma ‘marola’ em nosso país”.

Da mesma forma como o governo “adotou a isenção fiscal de automóveis, linha branca e material de construção civil”, defendeu Patah, agora é preciso valorizar os salários dos trabalhadores, para impulsionar o crescimento do mercado interno via fortalecimento do poder de compra de mais de 47 milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas beneficiados com a medida.

Presente ao Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), concluído no último domingo, em Brasília, o secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, conclamou os mais de dois mil delegados presentes a se “somarem nas ruas” ao lado das centrais sindicais para garantir a valorização do salário mínimo, o reajuste da tabela do Imposto de Renda e o aumento dos benefícios para aposentados e pensionistas que recebem mais do que o salário mínimo. “A luta da classe trabalhadora deve ser unitária, conjunta e firme para construir a vitória e garantir os R$ 580,00, valor que expressa a opção por uma política de ganhos reais”, frisou Quintino, “O que está em jogo nesta batalha é um projeto de país”, enfatizou.

Além das mobilizações, os dirigentes das centrais também pediram uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, para debater o novo valor, e divulgaram um manifesto conjunto em defesa dos R$ 580, afirmando que “corte de gastos públicos, arrocho do crédito e congelamento do salário – especialmente o do mínimo, como propostos pela equipe econômica, é tudo o que o país não precisa”. 

Na semana passada, o presidente da Força Sindical e líder do PDT na Câmara, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), declarou que a bancada pedetista está unida às centrais sindicais na campanha pelo mínimo de R$ 580. Também defendendo a correção da Tabela do Imposto de Renda, Paulinho afirmou que, caso as negociações não comecem, “vamos entrar na Justiça com milhares de ações”.

Em relação ao Imposto de Renda, afirmou Paulinho, “para ficar barato para o governo, estamos apenas propondo a inflação, de 6,43%”. Conforme o dirigente, se isto não acontecer, alguns trabalhadores passarão a pagar mais impostos e outros deixarão de ser isentos, já que 2010 foi um ano marcado por aumentos reais de salários entre 8% e 10%. HP

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