sábado, 22 de janeiro de 2011

Centrais: aumento dos juros coloca o setor produtivo numa camisa de força

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, na quarta-feira (19), recebeu repúdio unânime das centrais sindicais, que destacaram que aumento dos juros faz parte da agenda dos derrotados nas últimas eleições presidenciais.

“Os tecnocratas do governo insistem em colocar um forte freio na economia. Uma camisa de força no setor produtivo. Não há justificativa para manter os juros neste patamar estratosférico, penalizando, dessa forma, o crescimento econômico”, afirmou em nota o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho).

Para o sindicalista, o aumento dos juros foi desnecessário e Selic segue em um patamar excessivamente alto: “Juros altos que seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Infelizmente, a decisão do Copom fortalece os obstáculos ao desenvolvimento do país com distribuição de renda”.

“A decisão tomada pelo Banco Central de aumentar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual acrescenta mais uma pitada no conjunto de medidas que não condizem com o projeto que foi eleito pelo povo brasileiro. Erradicar a miséria; cultivar o desenvolvimento com distribuição de renda e equidade social; crescer para gerar empregos; aumentar a renda do trabalhador para melhorar a qualidade de vida e fortalecer o mercado interno não resultam de juros siderais e de salário baixo”, disse o presidente da CGTB, Antonio Neto, acrescentando: “Não podemos nos submeter à agenda dos derrotados”.

A CTB também manifestou posição contrária em relação ao aumento da taxa básica de juros. “A CTB entende que o novo governo poderia ter sinalizado o início de uma nova era para o país, na qual a orientação monetária do Banco Central pudesse ter um rumo mais ousado – diferente daquele comandado por Henrique Meirelles durante oito anos”, destacou o presidente da entidade, Wagner Gomes.

Segundo a UGT, a elevação da taxa Selic só estimula a especulação. “O Brasil precisa de mais investimentos na produção para absorver o consumo, e a elevação da taxa Selic produz exatamente o efeito contrário, estimulando a especulação e aumentando o endividamento interno do país. Vale lembrar que antes mesmo da alta da taxa o Brasil já era detentor do maior juro real do mundo”, frisou o presidente da UGT, Ricardo Patah.

“É nefasto para a economia brasileira, pois inibe o crescimento, a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social”, enfatizou o presidente da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro. “As taxas de juros brasileiras estão entre as mais altas do mundo, o que diminui a competitividade das exportações, encarece o crédito ao consumidor e às empresas e prejudica as contas do próprio governo. Só os bancos e o mercado financeiro ganham”, avaliou o dirigente sindical.
HP

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