quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Governo quer cortar a previdência
para sustentar bancos, afirma CGT

Trabalhadores reunidos em atos de 250 cidades, na 8ª leva de mobilizações, exigem do Conselho Constitucional o veto a cortes na previdência
Mais de dois milhões de trabalhadores em mais de 250 cidades francesas aten-deram ao chamado da Inter-sindical (reunião de todas as centrais sindicais da França) e participaram no sábado (6) da oitava jornada de protestos contra as “medi-das de austeridade” e redução das aposentadorias aprovadas pelo governo Sarkozy. Tais medidas ainda não foram sancionadas pelo presidente e nem referendadas pelo Conselho Constitucional da República, o que poderá acontecer ou não no final de dezembro.

LEI INJUSTA

“O caráter injusto da lei aprovada vai se explicitar rapidamente. Não vemos por que renunciar a mobilização para impedir a aplicação dessa lei. Enquanto o governo apresentou uma reforma contábil nós, os sindicalistas, somos forçados a chamar toda a sociedade ao debate sobre o papel social do trabalho e dos trabalhadores, sobre as consequências da crise econômica, sobre a necessidade de uma nova distribuição das riquezas no país. Os assalariados se deram conta de que o governo exige maiores esforços financeiros dos trabalhadores com o corte das aposentadorias enquanto os bancos que são sustentados pelo Estado obtêm lucros mais que consideráveis. Isso explica a amplitude inigualável do nosso movimento na França e sua repercussão internacional”, declarou Bernard Thibault, Secretário-Geral da CGT, ao jornal L’Humanité.

As greves e mobilizações, as maiores na França desde 1995, e os mais de 70% de aprovação popular que tem obtido o movimento tem surpreendido o governo Sarkozy e a mídia francesa que nessa semana quase se calou sobre as manifestações que aconteceram em todo o país.

A mídia sarkozysta particularmente se surpreendeu com o papel ativo do setor privado em Paris. Lixeiros, estivadores dos terminais portuários, petroleiros, operários das refinarias, caminhoneiros, entre outras categorias mostraram que podiam paralisar o país. Sar-kozy também não esperava isso e previa um conflito apenas com os funcionários públicos. O papel dos estudantes secundaristas e universitários em apoio ao movimento foi também considerado “inesperado”.

UNIDADE SINDICAL

Uma pesquisa realizada pelo Instituto BVA divulgado pelo Canal + indicou que 70% dos franceses estão contra o governo francês e que ele saiu debilitado dessas jornadas de protestos.

Bernard Thibault foi enfático: “A unidade sindical foi o elemento motor da formidável mobilização que temos realizado. A CGT continuará em combate com todos os que quiserem combater até julho de 2011 quando essas medidas que contestamos agora poderão entrar em vigor. Daqui até lá nós temos todas as condições de somar as forças necessárias para obter a abertura das negociações” com o governo.

Novas mobilizações estão sendo discutidas hoje (dia 8) pela Inter-sindical para se realizarem entre 22 e 26 de novembro.
ROSANITA CAMPOS

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