quarta-feira, 3 de novembro de 2010

FOI O MAIOR DESASTRE ELEITORAL DA OPOSIÇÃO

O discurso de Serra foi o de um inconformado com o povo e com as urnas, mas, sobretudo, o de um encenador. É verdade que cumprimentou a mídia por sua “vitória” (“A maior vitória que nós conquistamos nessa campanha não foi mérito meu, mas foi de vocês [imprensa]”). Deve ser a primeira vez que um candidato faz um discurso para reconhecer sua derrota – por mais de 12 milhões de votos de diferença, o que nem ele é suficientemente maluco para por em dúvida – proclamando sua “vitória”.

Mas ele tem razão em agradecer à imprensa golpista, que ele, por sinal, levou a mais uma derrota.

Fora isso, o farsante plagiou, para variar, gente de estatura infinitamente maior, ao dizer: “para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade”.

Ninguém precisa “imaginar” que Serra foi derrotado, porque ele foi derrotado mesmo. No entanto, atirou para a imaginação o que é realidade, para não reconhecer, como qualquer cidadão decente faria, que foi derrotado. Em suma, a Presidência é sua, que se dane o resultado das eleições. Evidentemente, isso é que é imaginação, aliás, alucinação. Mas encarar a realidade não é coisa para ele. Não é só por isso que Serra não vai começar nenhuma “luta de verdade” - logo ele, que nunca foi chegado à luta nem à verdade. Quem, mesmo no PSDB, quer ser liderado pelo Serra? Nem o Paulo Preto. E não é preciso lembrar do Aécio (a quem ele omitiu do discurso por não ter conseguido 99% dos votos de Minas - qualquer percentagem mais baixa não serviria para que ganhasse as eleições, segundo o Estadão, que até há pouco era mais serrista do que a Mônica Serra). O Alckmin também quer ver o Serra longe – de preferência em outro Estado, melhor ainda em outro país.

Serra também se atribuiu a eleição de 10 governadores, como se isso significasse outra coisa senão que 17 deles apoiam Dilma, mais 78,3% da Câmara de Deputados e mais 76,5% do Senado. Foi o maior desastre eleitoral do PSDB, DEM e PPS, desde que eles existem. Mesmo os 10 governadores, com todo respeito ao povo do Paraná, Rio Grande do Norte e Pará, onde a oposição ganhou o governo, a perda do Rio Grande do Sul, em que os apoiadores de Dilma ganharam, mais do que compensou a situação.

Em relação à última eleição presidencial que disputou – em 2002, com Lula – Serra conseguiu agora aumentar ainda menos a sua votação do primeiro para o segundo turno. Tanto em termos absolutos (em 2002, sua votação do primeiro para o segundo turno aumentou em 13.665.294 votos; agora, o aumento foi de 10.579.105 votos, apesar do eleitorado ser maior), quanto relativos (seu aumento, de um turno para outro, foi de 15,53 pontos percentuais em 2002, e, agora, somente de 12 pontos percentuais).

Chama-se a isso decadência. Talvez por isso os serristas já arrumaram uma “luta verdadeira”: perseguir o florescente político nordestino Francisco Everardo da Silva, conhecido como Tiririca, e ainda por cima chamando-o de palhaço, como se fosse um xingamento e não a nobre profissão do deputado. Realmente, no caso de Serra, não é profissão. Aliás, qual é a profissão dele?
C.L.

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