quinta-feira, 30 de setembro de 2010

MIDIA QUER BLINDAGEM PARA MENTIR E DIFAMAR

De repente, parece que aconteceu o milagre.



Toda aquela mídia que há 60 anos difama, calunia, injuria, em suma, mente, acoita ditaduras e faz campanhas contra qualquer um ou contra qualquer coisa progressista que surja no país, está protestando pela liberdade de imprensa, que, supostamente, estaria ameaçada – e isso no governo do presidente Lula, que pacientemente a suportou durante oito anos, apesar de todas as suas tentativas de golpe.

O presidente Lula falou algumas verdades. A saber (aqui está uma pequena contribuição para as futuras Obras Escolhidas do Presidente Lula):

“Dilma, nós não vamos derrotar apenas os tucanos, nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem partido político e não têm coragem de dizer que são partido político e têm candidato. Eu estive lendo algumas revistas, sobretudo uma que eu não sei o nome dela, parece ‘Óia’. Ela destila ódio e mentira.

“Tem dia em que determinados setores da imprensa brasileira chegam a ser uma vergonha. De repente, o cabra que foi condenado por receptação e coação de testemunhas, só porque abre a boca para falar mal do governo e da Dilma, recebe as manchetes dos jornais.

“Eles não se conformam que o pobre não aceita mais o tal do formador de opinião pública. Que o pobre está conseguindo enxergar com seus olhos, pensar com a sua cabeça, pensar com a própria consciência, andar com as suas pernas e falar pelas suas próprias bocas, não precisa do tal do formador de opinião pública. Nós somos a opinião pública e nós mesmos nos formamos.

“Não são democratas, democrata é este governo que permite que lhe façam o que eles entenderem. Não sou eu quem vai censurar a imprensa. É o telespectador, o ouvinte e o leitor que vão escolher aquilo que presta e aquilo que não presta”.

Nada há em tudo o que reproduzimos que não seja verdade – e até foi dito de forma proporcionalmente moderada, se compararmos às mentiras que Lula estava rebatendo. Foi dito com justa indignação, mas sem ódio. E não há nada no que o presidente disse que não seja legítimo exercício do direito de crítica, isto é, exatamente, exercício do direito à liberdade de expressão.

Porém, essa mídia está revindicando o direito de ser incriticável, que criticá-la seja “atentado à liberdade de imprensa”. Em suma, esses democratas de latrina (desculpem as senhoras o termo chulo) estão propugnando, aos berros, a proibição das críticas a eles. Que possam fazer o que sempre fizeram – e ninguém possa reagir, nem ao menos responder, ainda que com meios quase infinitamente menos poderosos. Não é à toa que por pouco não enfiam na lei eleitoral um dispositivo proibindo portais e blogs da Internet durante a campanha – só não conseguiram porque o presidente Lula (sempre ele!) vetou esse artigo ao sancionar a lei 12.340/2009.

Nada disso é novo. O que é novo, talvez, é que hoje isso é cômico, mais do que ridículo. Não é, leitor, de morrer de rir, ver um mafioso fascistóide, um fracassado Berlusconi-mirim, como o Civita, achar que tem alguma chance de emplacar tal imbecilidade, quando ele, principal marketeiro do Serra, afundou o seu candidato (é verdade que com grande ajuda do próprio)?


O mais singular é que se há um governo do qual essa mídia não pode se queixar é do governo Lula – até sustentá-la, no momento em que ela está falida ou quase isso, com o maior naco de publicidade oficial, esse governo fez. Mas não adianta. Lula tem razão: eles não suportam ver no poder “um metalúrgico que não fala espanhol, não fala inglês, não fala francês e falava ‘menas laranja’...”. Muito menos suportam que esse metalúrgico seja bem sucedido como presidente da República. E não vão suportar uma mulher de personalidade continuar a obra do metalúrgico. Bem, nós diríamos que esse é um problema deles.

Por tentativa de golpe, o afável presidente Juscelino Kubitschek, modelo de tolerância citado até por essa mídia, baniu Lacerda da televisão e do rádio por alguns saudáveis anos – e ninguém reclamou, nem a UDN, pois ninguém queria aparecer como cúmplice de um golpista, isto é, do autor de um crime contra o país e o povo.

O presidente Lula tem se mostrado ainda mais tolerante do que Juscelino. Mas, naturalmente, não aceitou ser derrubado ou deixar que o país continuasse no abismo em que eles, Fernando Henrique, Serra e caterva o jogaram - ou reinstalá-los no poder nessas eleições.

Nisso consiste, precisamente, o problema deles: a falta de espaço na sociedade. Não porque algo ou alguém ameace a sua “liberdade”, inclusive a “liberdade” de mentir, mas porque eles não conseguem mais impor ao país e ao povo a sua ditadura, mesmo soltos para mentir, difamar e caluniar.

Naturalmente, na medida em que seu espaço diminui, ficam mais histéricos, mais sem limite, e, em alguns momentos, pelo desespero, algo perigosos - como acontece com ratos acuados num buraco cada vez menor. Mas isso não apaga o fato de que tudo isso são sinais reveladores de sua crescente impotência.

Que o enfadonho Serra (como diz o “The Independent”, jornal que é inglês, mas não é burro) e mais alguns carcomidos fiquem do lado dessa mídia contra o país e o povo, isso significa apenas que estão no lugar onde sempre estiveram : contra o Brasil e o povo brasileiro.

C.L.

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