sábado, 31 de julho de 2010

CRISE DOS EUA AMEAÇA MUNICPIOS COM CORTE DE 500 MIL SERVIDORES

“Nos próximos dois anos, as bases de impostos locais irão sofrer com os valores deprimidos de propriedades, renda familiar reduzida e consumo em declínio”, alerta entidade nacional dos prefeitos

A Conferência Nacional de Prefeitos dos EUA, a Liga Nacional de Cidades e a Associação Nacional de Condados advertiram que quase 500 mil servidores públicos serão demitidos até o final do próximo ano, a menos que o Congresso aprove recursos para cobrir as receitas perdidas com a recessão e para manter o atendimento às suas populações.

O alerta foi emitido na terça-feira dia 27 de julho, quando as entidades divulgaram pesquisa nacional sobre o sufocamento dos municípios. Lei que libera US$ 75 bilhões, ao longo de dois anos, para manter as cidades e condados em funcionamento, está paralisada no Senado pela bancada republicana.

270 cidades e condados responderam à pesquisa, que consultou quantas demissões estavam previstas já no orçamento deste ano, e em que setores. O corte, estabeleceu a pesquisa, corresponde a 8,6% do total de servidores. Fazendo a projeção para o país inteiro com essa taxa de demissão, o total de servidores, entre professores, policiais, médicos, assistentes sociais, na linha de tiro, é de 481 mil.

São cortes profundos, denuncia o documento. “63% das cidades e 39% dos condados registraram cortes de pessoal na área de segurança pública, como bombeiros e policiais”. Nas obras públicas, respectivamente 60% e 68%. Programas sociais, 26% das cidades e 52% dos condados. Parques e recreação: 54% das cidades e 45% dos condados. Saúde, 48% nos condados; não há dados quanto às cidades.


QUEDA DE RECEITA

“Governos locais no país inteiro estão agora enfrentando o impacto combinado de receitas de impostos em baixa, declínio da ajuda federal e estadual, e demanda aumentada por serviços sociais”, registra o relatório. “Nos próximos dois anos, as bases de impostos locais provavelmente irão sofrer com os valores deprimidos de propriedades, renda familiar duramente atingida e gasto do consumidor em declínio”.

O documento reproduz algumas das demissões já previstas no orçamento de 2010. Flint, no Michigan, a cidade natal do cineasta Michael Moore, são 23 dos 88 bombeiros. Fresno, na Califórnia, previu 220 servidores cortados. No condado de Brevard, Flórida, 38 vice-xerifes. Dallas, no Texas, está prestes a demitir 500, a maioria, funcionários das bibliotecas públicas. 120 professores, em Portland, Oregon.

Mas não são apenas empregos locais que estão sob risco. O Centro por Prioridades e Política Orçamentária advertiu na segunda-feira dia 26 que o fracasso do Senado em reautorizar fundos extra para o programa TANF (Assistência Temporária às Famílias Necessitadas) ameaça a manutenção de 240 mil postos de trabalho em 37 estados.

Apesar dos apelos de governadores dos dois partidos – Democratas e Republicanos -, o Congresso já perdeu a data-limite de 1º de julho para aprovação de auxílio de US$ 24 bilhões aos estados para tocarem o programa FMAP, do Medicaid. A bancada republicana fez obstrução e impediu a votação.

CALIFÓRNIA

Na Califórnia, o governador republicano Arnold Schwarzenegger, declarou estado de emergência nas finanças e voltou a pôr 200 mil funcionários públicos sob licença não remunerada de três por mês a partir do dia 1º de agosto. A licença não remunerada – que implicou, segundo o CNNMoney.com em perda salarial de até 14% - havia estado em vigor desde fevereiro de 2009 e sido suspensa em junho.

Além das verbas federais, há impasse no legislativo estadual, já que Schwarzenegger quer “equilibrar as contas” à custa dos programas sociais, ao invés de fazer retornar aos patamares históricos a cobrança de impostos sobre os ricos e sobre as petroleiras. Esses mesmos 200 mil servidores foram ameaçados de severos cortes salariais, embora o governador diga que serão “temporários”. Ele só quer pagar o salário-mínimo de US$ 7,25 por hora, enquanto não for votada a lei orçamentária.

ANTONIO PIMENTA

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