quarta-feira, 16 de junho de 2010

Lula: ‘É preciso que a imprensa seja neutra ou diga que tem candidato’

“Estamos calejados, já aprendemos, já sabemos como eles funcionam”, disse o presidente Lula

"Nós esperamos que os nossos adversários estejam dispostos a fazer uma campanha de nível elevado para discutir programa e que não façam jogo rasteiro, inventando dossiê todo dia. Nós já estamos calejados, já aprendemos, já sabemos como eles funcionam e, portanto, muita tranquilidade companheira Dilma, muita tranquilidade companheiro Temer, porque o bicho vai pegar e a maturidade de vocês é o que vai garantir que a gente ganhe essas eleições”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na convenção do PT, realizada no domingo (13).

Além de rechaçar a acusação feita pela mídia antidemocrática de que membros do PT teriam elaborado supostos dossiês contra os tucanos, ele destacou o tratamento favorável ao candidato da oposição. “Ontem [dia 12], por exemplo, a Dilma participou de duas convenções, a do PDT em São Paulo e a do PMDB. Eu estava vendo um certo canal de televisão, a Dilma deve ter aparecido uns 30 segundos e o adversário apareceu seis vezes, por quase seis minutos”, frisou Lula, acrescentando: “É apenas para a gente ficar esperto. Vocês já viram como foi o nível da campanha em 2006”.

Lula disse ser defensor da liberdade de imprensa. “Tanto somos que a imprensa muitas vezes cansa de falar mal de mim e eu acho que faz parte da democracia. Agora, quando se trata de campanha é preciso que a imprensa seja neutra, ou, no mínimo, diga que tem candidato, para a gente saber quem é quem”, observou.

O presidente convocou a militância do PT a trabalhar 24 horas por dia. “Eleição e mineração a gente só conhece o resultado depois da apuração. Então é importante que a gente trabalhe primeiro, que ninguém fique andando de sapato alto achando que já ganhou, que ninguém resolva tirar umas férias porque a eleição está fácil. Não existe eleição fácil”, sublinhou.

Lula destacou que tem candidato que aparece na televisão “com cara de santo”, mas por trás “faz o que fizeram comigo em 2006. Nós sabemos muito bem”.

“Fico muito feliz de saber que eu posso entregar a faixa presidencial para uma companheira do meu partido, uma mulher. É uma coisa gratificante. Por isso eu tenho dito que faz parte do meu programa eleger a companheira Dilma, porque eleger a Dilma significa a gente dar continuidade, para melhorar as coisas que nós fizemos neste país”, enfatizou Lula.

Segundo o presidente, Dilma tem acúmulo de conhecimento e aprendizado no governo, o que lhe dá condições de governar o país “com a maior sabedoria e a maior tranquilidade, sobretudo porque a companheira Dilma sabe montar equipe e o milagre da governança é você saber montar a sua equipe”.

Lula ressaltou que após passar a faixa a Dilma Rousseff, “eu, o José Alencar e as nossas duas Marisas desceremos a rampa do Planalto por onde subimos, de cabeça erguida, com sentimento de dever cumprido, sabendo o que nós fizemos, sabendo o que falta fazer e sabemos o que nossa presidenta vai fazer a partir do dia 1º de janeiro”.

O presidente citou alguns dados relativos ao programa Luz para Todos, “programa pensado e arquitetado por esta companheira chamada Dilma Rousseff”. O programa já utilizou 1 milhão e cem mil quilômetros de fio, que daria para dar 27 voltas na Terra, 5 milhões e 560 mil postes e 783 mil transformadores: “É um programa que já atendeu 2 milhões e 300 mil casas neste país, tirando as pessoas que viviam nas trevas, pessoas que viviam no Século XVIII, trazendo-as para o Século XX levando luz para a casa delas. A luz chega e chega televisão, chega geladeira, chega o liquidificador, chega coisas que todo ser humano precisa”.

Lula espera que a sintonia entre Dilma e Temer seja tal qual a sua com o vice-presidente José Alencar: “É confiança total e absoluta e harmonia total e absoluta nos bons e maus momentos”.

A seis meses de encerramento de governo, Lula lembrou algumas conquistas de sua administração. “A nossa economia está crescendo. No programa de 2002, nós dissemos que o Brasil precisava criar 10 milhões de empregos. No dia 31 de dezembro, quando eu entregar faixa para minha companheira, teremos criado 14,5 milhões de empregos com carteira assinada nesse país”, sublinhou Lula.

“Você, Dilma, vai pegar um país que eu gostaria de ter pego. Eu sabia que se eu não desse certo eu estava lascado, porque aí eles iam dizer que nunca mais um metalúrgico poderia ser presidente da República, porque não tinha competência para isso. Eu tinha necessidade de provar todo santo dia que eu era capaz de fazer as coisas”, observou.

A convenção nacional do PT formalizou a candidatura de Dilma ao Palácio do Planalto e a coligação com o PMDB, que indicou para a vaga de vice-presidente o deputado Michel Temer (SP), presidente da Câmara, que participou do vento. Também estiveram presentes o vice-presidente da República, José Alencar; o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney; o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE); o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento; o presidente do PCdoB, Renato Rabelo e o representante do PDT, Manuel Dias.

VALDO ALBUQUERQUE

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