quarta-feira, 16 de junho de 2010

INVESTIGAÇÃO LIGA DESASTRE NO GOLFO À GANANCIA E INCOMPETÊNCIA DA PB(BRITISH PETROLEUM)

“Decisões da British Petroleum aumentaram o risco de explosão para cortar despesa; sua negligência infligiu graves danos ao Golfo e aos trabalhadores na plataforma”, declarou o deputado Henry Waxman

O Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados dos EUA divulgou nesta segunda-feira dezenas de documentos que destacam problemas na plataforma Deepwater Horizon da British Petroleum nos dias e semanas anteriores à explosão de 20 de abril que matou 11 trabalhadores e deu início à maior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos.

“Cada vez mais, transparece que a BP tomou decisões que aumentaram o risco de uma explosão para economizar tempo e despesa. Se isso foi o que aconteceu, a negligência e complacência da BP infligiu um grave dano ao golfo, a seus habitantes e aos trabalhadores na plataforma”, declararam os deputados democratas, Henry Waxman, que preside o Painel de Energia da Comissão e Bart Stupak, presidente do subcomitê de investigações.

A liberação das informações foi feita através de uma carta assinada por Waxman e Stupak, na qual afirmam que, ao menos cinco decisões questionáveis foram tomadas pela BP antes da explosão do dia 20 de abril. A carta contém 61 notas de rodapé e junto com ela foram encontrados dezenas de documentos, conforme informação da agência de notícias AP.

“A conclusão final destas cinco decisões é que elas colocaram questões comerciais, de custo, adiante da segurança”, declararam Waxman e Stupak.
De acordo com a investigação na Câmara, a BP começou a perfurar em outubro, e teve a plataforma danificada pelo furacão Ida no início de novembro. A companhia passou a usar uma nova plataforma, a Deepwater Horizon, e retomou a perfuração em 6 de fevereiro.

ATRASO

Sem mais problemas meteorológicos, a petroleira inglesa atrapalhou-se com sua dificuldade de planejamento. Em pouco tempo a nova plataforma já estava 43 dias atrasada, pois devia partir para outro local de perfuração no dia 20 de abril quando explodiu, custando à BP pelo menos US$ 500 mil a cada dia de multa, segundo os documentos apresentados.

Mas, ao que tudo indica, o desastre provocado pela BP não tem ligação com o estresse causado pela sua falta profissionalismo. Na verdade, independente da investigação dos deputados, sabe-se que no Golfo, apenas nos cinco primeiros meses do ano passado, houve 39 explosões em poços de petróleo. Contudo, seria uma injustiça não conceder o devido crédito à Halliburton no que concerne a 16 desses desastres, através da “cimentação” dos poços, sem contar sua contribuição na catástrofe do dia 20 de abril.

A produção de petróleo nas águas rasas dessa região está quase esgotada e as companhias não desenvolveram uma tecnologia adequada para a exploração do óleo em águas profundas. Deste modo, a exceção é a Petrobrás que opera dois campos no Golfo do México, e o faz com tecnologia e experiência adquirida em águas profundas, sendo responsável por 22% desse tipo de operação em nível mundial.

De acordo ainda com as investigações no Congresso, à medida que a BP se encontrou numa corrida frenética contra o tempo, os engenheiros tomaram diversas medidas que sacrificaram a segurança. Quanto ao projeto do poço, a British escolheu a opção mais arriscada dentre duas possibilidades para fornecer uma barreira ao fluxo de gás no espaço que envolve os tubos de aço, mostram documentos. A decisão economizou para a BP de US$ 7 a US$ 10 milhões. O custo estimado originalmente para a perfuração do poço era de cerca de US$ 96 milhões.

“ESTÁ FEITO”

A BP deixou de usar 21 ‘centralizadores’ como é recomendado para garantir o correto posicionamento da tubulação e a sua correta cimentação. Ai invés disso, a petroleira usou apenas seis ‘centralizadores’. Em e-mail de 16 de abril, um funcionário da BP envolvido na decisão explicou: “Tomaria 10 horas para instalá-los. Eu não gosto disso”. Mais tarde no mesmo dia outro funcionário reconheceu os riscos de proceder com número insuficiente de centralizadores mas comentou: “Quem se importa, está feito, fim de conversa, provavelmente vai ficar bem”.

Os deputados apuraram ainda que a British decidiu cancelar um procedimento que toma de 9 a 12 horas, conhecido como “bastão de fixação por cimento” que testaria a integridade do cimento. Uma equipe de supervisores da Schlumberger, prestadora de serviços para petroleiras, estava a bordo da plataforma mas a BP a mandou embora na manhã do dia 20 de abril. Pouco menos de 12 horas depois a plataforma explodiu.

Ainda no capítulo da incompetência, a petroleira britânica falhou em fazer circular completamente o composto de vedação, procedimento que toma 12 horas e que poderia ter ajudado a detectar os bolsões de gás que posteriormente fecharam o poço e explodiram a plataforma.

Diante da incapacidade da British em apresentar medidas eficazes para estancar o vazamento, a Guarda Costeira dos Estados Unidos deu à BP um prazo de 48 horas para que apresente um plano adicional de contenção do vazamento.

Nesta segunda-feira, Obama deu início a mais uma viagem – a quarta - de dois dias pelos estados de Mississippi, Alabama e Flórida. “Nós estamos trabalhando para responsabilizar a BP pelos danos, e estamos tomando firmes precauções para garantir que um vazamento como esse nunca mais volte a ocorrer”, disse Obama em um comunicado. Já estancar o vazamento atual ...

SEZARIO SILVA

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