domingo, 9 de maio de 2010

SERRA/FHC PROJETA SOBRE O GOVERNO LULA/DILMA A DERROCADA DA GESTÃO FHC/SERRA

Em sua passagem pela combativa cidade de Santa Maria (como se sabe, ele não faz campanha, estava apenas passando distraidamente pelo interior do Rio Grande do Sul),

Serra criticou o governo Lula por causa da taxa de juros; da carga tributária; do déficit nas contas externas; e do investimento em infraestrutura, que seria baixo enquanto percentagem do PIB.

É conhecida a capacidade serrista de falar qualquer coisa que ele acha que lhe beneficia, seja lá qual for a realidade. Mas, devemos convir que, nesse quesito, ele sempre se supera.

A média da taxa básica de juros durante o governo em que ele foi o principal ministro assoma a enormes 27%. Desde que o Copom foi instituído, em junho de 1996 (taxa de juros: 23,28%), os juros básicos passaram para 25,27% em outubro do mesmo ano; em janeiro de 1997, estavam em 26,14%; em outubro de 1997, em 45,67%; em outubro de 1998, em 42,12%; em março de 1999, em 45%. Depois disso, desceram – mas terminaram o governo Fernando Henrique em 25% (cf. Banco Central, “Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic”).

Serra não pode se queixar de que mencionamos apenas os pontos culminantes, porque também citamos a média (27%). Mas, apenas para que ele não se queixe, damos aqui a menor taxa de todo o governo Fernando Henrique: 15,25%, em janeiro de 2001. Perto disso, os 9,5% atuais do Meirelles – aliás, um correligionário de Serra – parecem até modestos. E não adianta dizer que estas taxas são apenas nominais: as taxas reais no governo Lula são menores do que no governo Fernando Henrique.

Nós temos criticado os juros do sr. Meirelles, e temos todas as razões para achá-las excessivas. Mas Serra não tem o mínimo direito de fazê-lo, como herdeiro de um governo em que os juros chegaram a 45%, coisa que o Meirelles nem se atreve a sonhar, quando mais não seja, por medo de ir parar no meio da rua.

Serra também não pode reclamar da carga tributária do governo Lula. Durante o governo em que era ministro, a carga tributária - que era de 25,2% do PIB até 1993, subindo, devido à gestão tucana na Fazenda, para 29,8% em 1994 – atingiu 34,7% do PIB, o maior aumento da carga tributária de toda a História do país. Como ministro do Planejamento (aliás, também como ministro da Saúde), ele foi diretamente responsável por esse aumento.

Talvez mais risível ainda seja Serra falar no déficit das contas externas, depois do seu governo ter estourado as contas externas e levado o Brasil duas vezes ao FMI – do qual não saiu, até que o presidente Lula o resgatasse dessa UTI do neoliberalismo.

O governo Fernando Henrique acumulou um déficit em transações correntes de US$ 186 bilhões e 164 milhões, afundando a balança comercial do país, que, em oito anos, foi deficitária em seis desses anos, um desastre inédito no país, tradicionalmente exportador.

Que Serra venha agora falar do problema atual das contas externas – inteiramente devido às sequelas que permaneceram do seu governo – fala mais sobre a sua personalidade do que sobre a sua proficiência em economia, a qual, na mesma entrevista, emprestou um sentido esquisito, ao relacionar economia com “tesão”. Se a gente não conhecesse o ex-governador paulista, até pensaríamos que se trata de algum tarado...

Quanto aos investimentos em infraestrutura, o governo Fernando Henrique, do qual Serra foi planejador-mor, rebaixou-os a 1,1% do PIB (cf. Pêgo Filho, Cândido Júnior e F. Pereira, “Investimento e Financiamento da Infra-Estrutura no Brasil: 1990/2002”, IPEA, 1999).

O governo Lula, antes do PAC, havia aumentado os investimentos em infraestrutura para 2,27% do PIB (cf. Claudio Frischtak, “O investimento em infraestrutura no Brasil: histórico recente e perspectivas”, 4º Seminário ANBID, 2007).

Depois disso, o PAC estipulou investimentos em infraestrutura de R$ 504 bilhões até o final deste ano para tentar chegar a 5% do PIB – e as coisas estão indo bem.

Sobre que mesmo que Serra estava falando?
C.L.

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