domingo, 25 de abril de 2010

NUNCA O BRASILEIRO COMEU TANTO PÃO

Pães nossos de todo dia

Aumento de renda deixa a mesa do café da manhã dos brasileiros mais farta e diversificada. A demanda por esse tipo de alimento avançou 26,19% em cinco anos e hoje cada pessoa consome, em média, 5,3kg por ano


VICTOR MARTINS


Maria Arruda, empresária do Setor Octogonal: “Eu vendo mais do integral, cerca de 20 por semana”


Nunca o brasileiro comeu tanto pão. E agora o tradicional pãozinho francês sofre a concorrência direta do tipo industrial. Com mais dinheiro no bolso, os consumidores deixaram a mesa mais variada e criaram um mercado bilionário, que vem crescendo a cada ano. Entre 2005 e 2009, o faturamento do setor aumentou 45,89% e chegou a R$ 2,9 bilhões. Em igual período, a demanda por esse tipo de alimento avançou 26,19% e, hoje, o brasileiro come, em média, 5,3 quilos de pão por ano. Na esteira desse mercado, vem a reboque produtos como leite, manteiga e café, integrantes do café da manhã e que juntos, em função da forte demanda, encareceram a refeição, nos últimos 12 meses, em 8,11% se realizada na rua e 3,28% se feita em casa.

De acordo com um levantamento da consultoria Nielsen em parceira com a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), enquanto a população do país cresceu cerca de 4,4% nos últimos cinco anos, o volume vendido de pão industrial aumentou 30%, com mais de 1 bilhão de toneladas consumidas apenas em 2009. “Programas sociais, como o Bolsa Família, colocaram mais brasileiros no setor de consumo. A nova classe C também está procurando produtos novos e, o pão de forma e os especiais, como o light, vem se consolidando por conta disso”, afirmou o presidente da Abima, Cláudio Zanão.

Facilidade

A pesquisa revelou ainda que o maior volume de vendas está nas classes C, D e E, parcela da população que trabalha mais horas por dia e que necessita de alimentação prática. “O pai e a mãe dessas famílias trabalham muito e não têm tempo para ficar preparando alimentos mais complicados. Grande parte deles faz sanduíches com pães de forma ou come o famoso misto quente na rua”, explicou Zanão, que ainda destacou o Distrito Federal e São Paulo como as duas regiões do país que mais consomem esse alimento. “Brasília é fantástica. A renda é muito alta e possibilita um maior acesso a esses produtos”, concluiu.

A despeito do aquecimento ocorrido no setor, o pão francês continua imbatível na mesa do brasileiro — representa cerca de 90% do mercado. Já a participação do pão industrial é de 10%, mas a expectativa dos empresários é que este percentual dobre até o final do ano. Maria Sandra Arruda, 39, proprietária de uma pequena casa de pães no Setor Octogonal de Brasília confirma a tendência. “Eu vendo mais do integral, cerca de 20 por semana, para consumidores mais idosos ou pessoas com algum problema de saúde como diabetes e pressão alta, por exemplo”.


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