quarta-feira, 28 de abril de 2010

LULA: "SE NECESSÁRIO FAREMOS BELO MONTE SÓ COM ESTATAIS"

Para o presidente, os que são contra a usina integram a “indústria do apagão”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu na segunda-feira (26), em seu programa semanal de rádio “Café com Presidente” às críticas do candidato tucano, José Serra, à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Para o presidente, os “contra” são os mesmos que vivem “torcendo por um outro apagão no país”.

Ele informou que a usina será a terceira maior hidrelétrica do mundo. “Sempre vão ter aqueles que não querem que a gente faça, porque esperam que haja uma desgraça no país para eles poderem encontrar um culpado”, denunciou Lula. “Foram cinco anos de estudo para obter a licença prévia. Agora, finalmente a obra vai sair”, garantiu o presidente.

Lula explicou que a tentativa da oposição de impedir a realização desta obra está associado ao que ele chamou de uma “indústria do apagão”. “Nós temos aí uma indústria do apagão, pessoas que não querem que a gente construa a energia necessária porque torcem para que tenha um novo apagão. Isso para poder justificar o apagão de 2001”, salientou. “O apagão de 2001 foi incompetência e nós não vamos ter atos de incompetência”, frisou.

José Serra já tinha falado na semana passada, em debate com empresários em Minas Gerais, que as decisões do governo sobre a obra estavam andando muito rápido. No programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes, na segunda-feira, ele voltou a defender a interrupção da hidrelétrica. “Tem que discutir mais.

Tem que fazer mais audiências públicas, não pode substituir a persuasão pela autoridade”, alegou o candidato tucano. Lembrado por Luiz Datena, apresentador do programa, de que a Usina de Belo Monte é um projeto que tem 30 anos e que não pode demorar mais, Serra, que integrava o governo FHC durante o apagão, em 2001, mudou de assunto e passou a fazer outras críticas.

 Agora o problema, segundo ele, passou a ser “a presença do Estado no projeto”.

Serra reclamou da presença das subsidiárias da Eletrobrás no projeto de Belo Monte. “Falou-se em capital privado e a gente está vendo agora que é o governo”, disse Serra.

“Vejo com restrição este procedimento”, acrescentou. Para o tucano, que só não conseguiu privatizar a Cesp (empresa energética paulista) porque o governo federal impediu a renovação das concessões das barragens, quem tem que ficar com Belo Monte são os grupos privados; de preferência estrangeiros, como foi o caso da Eletropaulo, que, privatizada pelo PSDB, foi arrematada pela norte-americana AES.

As queixas tucanas sobre a presença de estatais em Belo Monte surgiram porque o presidente Lula não cedeu às chantagens dos conglomerados privados que ameaçaram sair e inviabilizar o projeto porque queriam aumentar o preço do megawatt/hora. Ele declarou na quinta-feira (22) que, se precisar, constrói a usina “só com estatais”. E pode mesmo fazer isso, afinal, quem vai financiar 80% da obra é o BNDES. “No leilão entrou quem quis e sai quem quer depois”, disse o presidente. “Não tem nenhum cadeado fechando a porta. Tem várias portas. A única coisa que eu digo é o seguinte: nós, enquanto Estado brasileiro, enquanto empresa pública, faremos sozinho o que for necessário fazer”, ressaltou.

A determinação de Lula foi decisiva para garantir o leilão e viabilizar o início das obras em setembro. As empresas que fizeram pressões tiveram que recuar. “Nós tínhamos fixado um preço por megawatt/hora, mínimo, de R$ 83,00. As empresas que ganharam ofereceram praticamente R$ 78,00 o megawatt/hora.

É importante a gente fazer uma comparação para o povo saber o que nós estamos falando: a usina Belo Monte, ela vai custar R$ 78,00 o megawatt/hora; uma usina eólica custa R$ 150,00 o megawatt/hora; e uma usina a gás, mais ou menos R$ 200,00 o megawatt/hora”. “Portanto, a energia hídrica ainda é a mais barata”, concluiu.

O presidente rebateu também a manipulação de certa mídia a respeito do próprio leilão. “Tivemos que derrotar tantas quantas liminares entraram na Justiça. Agora, o argumento dos contra é dizer que o preço foi barato. Eu achei fantástico.

Nós fazemos leilão para quê? Para que a melhor oferta ganhe, e a melhor oferta é o preço de energia para o consumidor ganhar. De repente, a menor oferta ganha e as pessoas começam a dizer ‘mas foi oferecido por empresas pequenas, as grandes caíram fora’. Caíram fora porque quiseram. Disputa é disputa”, afirmou.

Sobre os que insistiram na construção de usinas termelétricas, que, além de mais caras, são muito mais poluentes, o presidente disse que “são pessoas insanas”. “Nós temos um potencial hídrico de praticamente 260 mil megawatts.

Se o Brasil deixar de produzir isso para começar a utilizar termelétrica a óleo diesel será um movimento insano contra toda a luta que nós estamos fazendo no mundo pela questão climática”, completou.
HP


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