domingo, 28 de fevereiro de 2010

OS RICOS SAQUEARAM A ECONOMIA DOS EUA.

Da deslocalização de empregos ao salvamento de banqueiros
Os ricos saquearam a economia
                                     por Paul Craig Roberts [*]
A agência Bloomberg acusou os assessores mais próximos do secretário do Tesouro Timothy Geithner de terem recebido milhões de dólares por ano, trabalhando para o Goldman Sachs, para o Citygroup e para outras empresas da Wall Street. A Bloomberg acrescenta ainda que nenhum destes assessores tinha sido aprovado pelo Senado. Porém, são eles que supervisionam a transferência de centenas de milhares de milhões de dólares de fundos dos contribuintes para os seus antigos patrões.

Esta dádiva de milhares de milhões de dólares dos contribuintes deu aos bancos uma abundância de capital a baixo custo que fez disparar os seus lucros, enquanto os contribuintes que forneceram o capital ficaram desempregados e sem casa.

O JP Morgan Chase anunciou que no terceiro trimestre deste ano lucrou 3,6 mil milhões de dólares.

O Goldman Sachs ganhou tanto dinheiro durante este ano de crise económica que já está a pensar nos chorudos bónus. O jornal londrino Evening Standard informou que os “5 500 funcionários em Londres podem esperar uma média recorde de pagamentos de cerca de 500 mil libras cada (800 mil dólares). Os principais administradores receberão bónus no valor de vários milhões de libras cada, sendo 10 milhões de libras o valor mais alto a pagar (16 milhões de dólares).

Na eventualidade de os bankters (banqueiros+gangsters) não conseguirem pensar numa forma de aproveitar esta abundância, o Financial Times disponibiliza uma nova revista intitulada – “Como gastá-la”.

Os comerciantes de Nova Iorque rezam para que lhes chegue algum desse dinheiro, agora que enfrentam uma queda de 15,3% na ocupação dos hotéis da Quinta Avenida. O perito em estatística John Williams (shadowstats.com) afirma que a venda a retalho ajustada à inflação caiu para o nível de há dez anos: “Os últimos 10 anos de crescimento real do comércio a retalho foram praticamente anulados nesta depressão que ainda vigora”.

Entretanto, o número de utentes dos abrigos da cidade de Nova Iorque atingiu um recorde de 39 mil, sendo que 16 mil são crianças.

A administração da cidade de Nova Iorque ficou tão afectada que está a pagar 90 dólares por noite no aluguer de apartamentos novos para os sem-abrigo. Em desespero, as autoridades estão a oferecer bilhetes de avião só de ida aos sem-abrigo que queiram abandonar a cidade enquanto cobram uma renda aos residentes destes abrigos que têm emprego. Uma mãe solteira que ganhe 800 dólares por mês paga 336 dólares de renda.

O desemprego prolongado tornou-se um sério problema em todo o país, fazendo duplicar a taxa de desemprego oficial de 10 para 20%. Actualmente, o subsídio de desemprego prolongado está a acabar para centenas de milhares de norte-americanos. A elevada taxa de desemprego fez de 2009 um ano excepcional para o ingresso no exército.

While the US speeds plans for the ultimate bunker buster bomb and President Obama prepares to send another 45,000 troops into Afghanistan, 44,789 Americans die every year from lack of medical treatment. National Guardsmen say they would rather face the Taliban than the US economy.

Um número recorde de norte-americanos, mais de um em cada nove, sobrevive graças ao programa governamental de ajuda alimentar “Food Stamps”. Os incumprimentos relacionados com as hipotecas estão a aumentar à medida que os preços do mercado imobiliário caem. Na opinião de Jay Brinkmann, da Mortgage Bankers Association, a perda de emprego alastrou o problema dos empréstimos bancários de alto risco aos empréstimos de taxa fixa. Na feira popular do condado de Wise na Virgínia, duas mil pessoas fizeram fila para obter cuidados de saúde gratuitos.

Numa altura em que os EUA aceleram os planos de construção da bomba destruidora de casamatas (bunker buster bomb) e em que o Presidente Obama se prepara para enviar mais 45 mil soldados para o Afeganistão, 44 789 norte-americanos morrem todos os anos por falta de cuidados médicos. Os elementos da Guarda Nacional dizem que preferem enfrentar os Talibã do que a economia dos EUA.

Não é de admirar. Face aos piores níveis de desemprego desde a Grande Depressão, as companhias norte-americanas continuam a exportar empregos e a substituir os seus funcionários nos EUA por emigrantes mal pagos que têm vistos para trabalhar.

A exportação de empregos, o salvamento de banksters ricos e os défices devidos à guerra estão a destruir o valor do dólar. O dólar norte-americano tem vindo rapidamente a perder valor desde a última Primavera. A divisa da superpotência hegemónica diminuiu 14% em relação ao pula do Botswana, 22% em relação ao real e 11% em relação ao rublo. Assim que o dólar perca o seu estatuto de divisa de reserva, os EUA serão incapazes de liquidar as suas importações ou financiar os défices do seu orçamento governamental.

A deslocalização da produção fez com que os norte-americanos se tornassem excessivamente dependentes das importações e a perda de poder de compra do dólar irá comprometer ainda mais os rendimentos dos EUA. Uma vez que o Federal Reserve se vê forçado a monetizar a questão das dívidas do Tesouro, a inflação interna irá irromper. À excepção dos banksters e dos directores gerais das companhias deslocalizadas para o estrangeiro, não existe uma fonte de procura do consumidor que estimule a economia dos EUA.

O sistema político é insensível para com o povo norte-americano. O sistema é exclusivo de alguns grupos de interesse poderosos que controlam as contribuições para campanhas [eleitorais]. Os grupos de interesse têm exercido o seu poder no sentido de monopolizar a economia para benefício próprio. O povo norte-americano está condenado.

A FALSA GUERRA DA AMÉRICA(EUA) NO AFEGANISTÃO

Um dos mais notáveis aspectos na agenda presidencial de Obama é quão pouco foi questionado nos media o motivo porque o Pentágono dos EUA está comprometido na ocupação militar do Afeganistão. Há dois motivos básicos, nenhum dos quais pode ser admitido abertamente em público.
 
Por trás do enganoso debate oficial sobre quantas tropas são necessárias para "vencer" a guerra no Afeganistão, se mais 30 mil são suficientes ou se pelo menos 200 mil são necessárias, o objectivo real da presença militar estado-unidense naquele país da Ásia Central é obscurecido.
Mesmo durante a campanha presidencial de 2008 o candidato Obama argumentou que era no Afeganistão e não no Iraque que os EUA deviam travar guerra. A sua razão? Porque ele afirmava que era onde a organização Al Qaeda estava escondida e que era a ameaça "real" à segurança nacional dos EUA. Mas as razões por trás do envolvimento estado-unidense no Afeganistão são muito diferentes.
 
Os militares dos EUA estão no Afeganistão por duas razões. Primeiro para restaurar e controlar o maior abastecedor de ópio do mundo para os mercados da heroína e para utilizar as drogas como uma arma geopolítica contra oponentes, especialmente a Rússia. Aquele controle do mercado da droga afegão é essencial para a liquidez máfia financeira da Wall Street, corrupta e em bancarrota.
Geopolítica do ópio afegão

 
De acordo até mesmo com um relatório oficial da ONU, a produção de ópio no Afeganistão ascendeu dramaticamente desde a queda do Taliban em 2001. Os dados da UNODC [United Nations Office on Drugs and Crime] mostram mais cultivo de papoula de ópio em cada um das últimas quatro estações de plantio (2004-2007) do que em qualquer ano durante o domínio Taliban. Agora é utilizada mais terra para o ópio no Afeganistão do que para o cultivo de coca na América Latina. Em 2007, 93% do opiáceos no mercado mundial tinham origem no Afeganistão. Isto não é acidente.
Foi documentado que Washington escolheu a dedo o controverso Hamid Karzai, um senhor da guerra pashtun da tribo Popalzai, há muito ao serviço da CIA, trouxe-o de volta do exílio nos EUA e criou uma mitologia hollywoodiana em torno da "corajosa liderança do seu povo". Segundo fontes afegãs, Karzai é o "Padrinho" do Ópio no Afeganistão de hoje. Aparentemente não é por acaso que ele foi e hoje ainda é o homem preferido de Washington em Cabul. Mas mesmo com compra maciça de votos, fraudes e intimidações, os dias de Karzai como presidente podem estar a acabar.

 
A segunda razão para os militares dos EUA permanecerem no Afeganistão muito depois de o mundo ter até esquecido quem é o misterioso Osama bin Laden e a sua alegada organização terrorista Al Qaeda, ou mesmo se eles existem, é como pretexto para os EUA construírem uma força de ataque com uma série de bases permanentes por todo o Afeganistão. O objectivo destas bases não é erradicar quaisquer células da Al Qaeda que possam ter sobrevivido nas cavernas de Tora Bora, ou erradicar um mítico "Taliban" o qual nesta altura, segundo relatos de testemunhas oculares, é constituído esmagadoramente de afegãos locais comuns a combaterem mais uma vez para livrar a sua terra de exércitos de ocupação, como o fizeram na década de 1980 contra os russos.

 
O objectivo das bases dos EUA no Afeganistão é visar e ser capaz de atacar os dois países que hoje representam a única ameaça combinada no mundo de hoje a um império global americano, à Dominação de Espectro Amplo (Full Spectrum Dominance) como a chama o Pentágono.
O "Mandato do Céu" perdido
O problema para as elites do poder em torno da Wall Street e em Washington é o facto de que agora estão na mais profunda crise financeira da sua história. Esta crise é clara para o mundo todo e o mundo está a actuar em busca da auto-sobrevivência. As elites dos EUA perderam o que na história imperial chinesa é conhecido como o "Mandato do Céu". Tal mandato é dado ao governante ou à elite dirigente desde que governem o seu povo com justiça e de modo razoável. Quando governam tiranicamente e como déspotas, oprimindo e abusando do seu povo, eles perdem aquele Mandato do Céu.

 
Se as poderosas elites privadas e ricas que têm controlado o essencial da política financeira e externa dos EUA durante a maior parte do século passado ou mais tinham um "mandato do céu", elas claramente perderam-no. Os desenvolvimentos internos rumo à criação de um estado policial abusivo com privação de direitos constitucionais dos seus cidadãos, exercício arbitrário do poder por responsáveis não eleitos tais como os secretários do Tesouro Henry Paulson e agora Tim Geithner, a roubarem somas de milhões de milhões de dólares dos contribuintes sem o seu consentimento a fim de salvar da bancarrota os maiores bancos da Wall Street, bancos considerados "Demasiado grandes para falirem", demonstram ao mundo que eles perderam o mandato.
Nesta situação, as elites do poder estado-unidense estão cada vez mais desesperadas por manter o controle de um império global parasita, chamado enganosamente pela máquina dos seus media, como "globalização". Para manter o domínio é essencial que eles sejam capazes de romper qualquer cooperação que venha a emergir entre as duas maiores potências da Eurásia no âmbito económico, energético ou militar, a qual poderia apresentar um desafio aos EUA como super-potência única — a China em combinação com a Rússia.

 
Cada potência euro-asiática traz à mesa contribuições essenciais. A China tem a economia mais robusta do mundo, uma enforme força de trabalho jovem e dinâmica, uma classe média educada. A Rússia, cuja economia não está recuperada do fim destrutivo da era soviética e do saqueio primitivo durante a era Yeltsin, ainda possui activos essenciais para a combinação. A força de ataque nuclear russa e o seu poder militar representam a única ameaça no mundo de hoje à dominação militar dos EUA, ainda que em grande medida sej um resíduo da Guerra Fria. As elites militares russas nunca abandonaram aquele potencial.
A Rússia também possui o maior tesouro do mundo em gás natural e vastas reservas de petróleo de que a China necessita urgentemente. As duas potências estão a convergir cada vez mais através de uma nova organização que criaram em 2001, conhecida como a Organização de Cooperação de (SCO). Esta inclui também os maiores estados da Ásia Central: Casaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão.
O objectivo da alegada guerra estado-unidense contra o Taliban e a Al Qaeda é na realidade colocar a sua força militar de ataque directamente no meio do espaço geográfico desta emergente SCO na Ásia Central. O Irão é um desvio de atenção. O objectivo ou alvo principal é a Rússia e a China.
Oficialmente, é claro, Washington afirma que construiu a sua presença militar no interior do Afeganistão a partir de 2002 a fim de proteger uma "frágil" democracia afegã. É um argumento curioso dada a realidade da presença militar estado-unidense ali.

Mais nove bases

Em Dezembro de 2004, durante uma vista a Cabul, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld finalizou planos para construir nove bases no Afeganistão nas províncias de Helmand, Herat, Nimrouz, Balkh, Khost e Paktia. As novas somam-se às três principais bases militares dos EUA já instaladas na sequência da sua ocupação do Afeganistão no Inverno de 2001-2002, ostensivamente para isolar e eliminar a ameaça de terror de Osama bin Laden.
O Pentágono construiu as suas primeiras três bases no Aeródromo de Bagram a Norte de Cabul, o principal centro logístico dos EUA; no Aeródromo de Kandahar, no Sul do Afeganistão; e no Aeródromo de Shindand na província ocidental de Herat. Shindand, a maior base dos EUA no Afeganistão, foi construído a meros 100 quilómetros da fronteira do Irão e a uma distância de ataque à Rússia e também à China.
Historicamente o Afeganistão tem sido a área central para o Grande Jogo russo-britânico, a luta pelo controle da Ásia Central durante os séculos XIX e princípio do XX. A estratégia britânica então era impedir a todo o custo que a Rússia controlasse o Afeganistão e portanto ameaçasse a jóia da coroa imperial britânica, a Índia.
O Afeganistão encarado de modo semelhante pelos planeadores do Pentágono, como altamente estratégico. É uma plataforma a partir da qual o poder militar estado-unidense pode ria ameaçar directamente a Rússia e a China, bem como o Irão e outras terras ricas em petróleo do Médio Oriente. Pouco mudou geopoliticamente ao longo de mais de um século de guerras.
O Afeganistão é uma localização extremamente vital, abarcando a Ásia do Sul, a Ásia Central e o Médio Oriente. O país também está situado ao longo de um proposto traçado de oleoduto dos campos petrolíferos do Mar Cáspio para o Oceano Índico, onde a companhia de petróleo americana Unocal, juntamente com a Enron e a Halliburton de Cheney, tem estado em negociações para obter o direito exclusivo de trazer gás natural do Turquemenistão através do Afeganistão e do Paquistão para a enorme central termoeléctrica a gás natural da Enron em Dabhol, próximo de Mumbai. Karzai, antes de se tornar o presidente fantoche dos EUA, foi um lobbista da Unocal.

A ameaça da Al Qaeda não existe

A venda quanto a toda simulação quanto à finalidade real no Afeganistão torna-se clara com um olhar mais atento à alegada ameaça "Al Qaeda" no Afeganistão. Segundo o escritor Erik Margolis, antes dos ataques do 11 de Setembro de 2001, a inteligência dos EUA estava a dar ajuda e apoio tanto ao Taliban como à Al Qaeda. Margolis afirma que "A CIA estava a planear utilizar a Al Qaeda de Osama bin Laden para incitar uighurs muçulmanos contra a governação chinesa, e os Taliban contra aliados da Rússia na Ásia Central.
Os EUA evidentemente encontraram outros meios de levantar uighurs muçulmanos contra Pequim em Julho último através do seu apoio ao Congresso Mundial Uighur. Mas a "ameaça" Al Qaeda permanece a base da justificação de Obama para a sua escalada guerreira no Afeganistão.
Agora, contudo, o Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Obama, o antigo general dos Fuzileiros Navais James Jones, fez uma declaração, a qual foi convenientemente enterrada pelos media amigos dos EUA, acerca da importância estimada do perigo actual da Al Qaeda no Afeganistão. Jones disse ao Congresso que "A presença da al Qaeda está muito diminuída. A estimativa máxima é de menos de 100 operacionais no países, sem bases, sem capacidade para lançar ataques sobre nós ou nossos aliados".
Isto significa que a Al Qaeda, para todos os propósitos práticos, não existe no Afeganistão. Oh...
Mesmo no vizinho Paquistão, os remanescentes da Al Qaeda mal podem ser encontrados. O Wall Street Journal relata: "Caçados por drones [aviões sem piloto] dos EUA, aflitos por problemas de dinheiro e descobrindo ser mais difícil atrair jovens árabes para as negras montanhas do Paquistão, a al Qaeda está a ver o seu papel reduzir-se ali e no Afeganistão, segundo relatórios de inteligência e responsáveis do Paquistão e dos EUA. Para jovens árabes que são os recrutas primários da al Qaeda, "não é romântico estar no frio, com fome e escondido", disse um responsável superior dos EUA na Ásia do Sul.
Se levarmos a declaração à sua consequência lógica devemos concluir então que a razão para soldados alemães estarem a morrer juntamente com outros jovens da NATO nas montanhas do Afeganistão nada tem a ver com "vencer uma guerra contra o terrorismo". Convenientemente a maior parte dos media prefere esquecer o facto de que a Al Qaeda, na medida em que alguma vez existiu, foi uma criação da CIA na década de 1980, a qual recrutou e treinou radicais muçulmanos como parte de uma estratégia desenvolvida pelo chefe da CIA de Reagan, Bill Casey, e outros a fim de criar "um novo Vietname" para a União Soviética a qual levaria a uma humilhante derrota do Exército Vermelho [NR 1] e ao colapso final da União Soviética.
Agora o general Jones do Conselho de Segurança Nacional dos EUA admite que no essencial não há mais qualquer Al Qaeda no Afeganistão. Talvez seja tempo para um debate mais honesto dos nossos líderes políticos acerca do verdadeiro propósito de enviar mais jovens para a morte a fim de proteger as colheitas de ópio do Afeganistão.
21/Outubro/2009
[NR 1] A afirmação do autor não corresponde aos factos: o Exército Vermelho não foi derrotado no Afeganistão. Retirou-se do país porque assim lhe foi ordenado pelo governo de Moscovo, então presidido pelo sr. Gorbarchev.
por F. William Engdahl [*]
[*] Autor de Full Spectrum Dominance: Totalitarian Democracy in the New World Order . Pode ser contactado através do seu sítio www.engdahl.oilgeopolitics.net .

OBAMA, UM ANO DE SILÊNCIO E FALHA: ISRAEL CONTINUA MATANDO PALESTINOS

"Barack Obama, um ano de silêncio e falha!", De Sameh A. Habeeb

Quinta-feira dezembro 31, 2009 02:34 Londres, 31 de dezembro (Pal Telegraph) - Tem sido um ano desde o início de uma guerra unilateral de Israel sobre o povo de Gaza, incluindo as suas mulheres e crianças. A administração anterior E.U. manifestaram a sua concordância e satisfação com cada única política israelense em relação aos palestinos.
Políticas de Israel como da expansão e construção de novos assentamentos na Cisjordânia, o cerco a Gaza, e, por último mas não menos importante, a morte de 1.450 civis em Gaza, ao lado de milhares de feridos, foram aceites e aprovadas. Infelizmente, não houve nenhuma mudança na política E.U. desde que Obama chegou ao poder há quase um ano. A única mudança é o agravamento das condições das crianças sitiada de Gaza.

O chamado "herói mundo", Barak Obama, anunciou sua intenção de participar activamente no conflito árabe-israelense, afirmando ser diferente de seus antecessores. Apesar da promessa de buscar uma abordagem diferente para o conflito, Obama continua a posição de seus antecessores, mostrando-cego e apoio incondicional para o Estado de Israel e suas políticas para com os palestinos. Deveríamos ter realmente esperava algo diferente?

Um ano atrás, milhares de pessoas em Gaza, incluindo crianças, mulheres e homens idosos que aguardavam a sua morte, uma tacitamente projetado pelo governo dos Estados Unidos da América. Algumas das crianças em Gaza foram queimados até a morte pelas bombas de fósforo, enquanto outros foram mortos "por Israel", através da fabricação norte-americana de equipamentos como a F16 e Apache. Um fato muitas vezes ignorado pelos políticos E.U. ea mídia é que o uso intencional de armamento militar E.U. vendida a uma entidade estrangeira é uma violação do direito E.U..

Olhando para trás, para o período anterior à tomada de posse de Obama deveria ter sido um indicador do tipo de política de Obama levaria a cabo. No início da Guerra de Gaza, Obama estava completamente silenciosa. Ele alegou que qualquer posição tomada antes de assumir o cargo diminuiria o papel da prerrogativa de Bush da política externa. No entanto, ele expressou sua condenação dos atentados na Índia antes de assumir o gabinete da presidência.

Silêncio de morte de Obama implícita sua cega e apoio incondicional ao governo de Israel e suas políticas de cerco mortal, matando e morrendo de fome o povo de Gaza.

Obama era um ídolo para milhões de pessoas no mundo inteiro. Ser negro concorrendo à presidência americana, com excelente capacidade de falar em público, sendo sincero, e com uma personalidade carismática deu esperança a muitos. Com seu apoio crescente devido a estas qualidades, ele fez muitas promessas. As promessas de mudança em todos os sectores do ambiente aos cuidados de saúde à política externa e em questões específicas, tais como o aborto, aquecimento global, Afeganistão, Iraque e Palestina. Promessas e características pessoais não são qualidades suficientes para por si só um bom líder. Na ausência de acção, essas qualidades são mera retórica. Excelente retórica pode ser reivindicada como o único êxito, até agora, na administração de Obama. Ele poderia ser um bom exemplo de um líder que sempre jogam com as emoções e os sentimentos de seus seguidores!

A partir da entrega dos discursos aos estados em os E.U. antes das eleições para o Cairo, "o nosso herói de" palavras foram bem recebidos. Na verdade, ele falou de um estado palestino ea situação dos refugiados palestinos. Suas palavras no discurso Cairo foi uma salvação para muitos, com algum acerto de contas que este homem era como o Messias. Apesar das promessas feitas e retórica pronunciada, Obama tem conseguido nada sólido em qualquer das áreas acima mencionadas em seu primeiro ano.

Guantánamo não foi fechado, no entanto, houve algumas medidas simbólicas tomadas a este respeito. As tropas americanas ainda estão no Iraque e mais estão sendo enviadas para montanhas do Afeganistão. Na área do Médio Oriente, o "Glorioso" O presidente abriu seu mandato, chamando para Israel a abandonar a construção de colonatos e, despachando Gorge Mitchell ao Oriente Médio para relançar o processo de paz e de implementar a chamada para um fim à liquidação.

Todos esses esforços foram em vão, para Israel deu um ombro frio para a administração de Obama e se recusou a cooperar. Sua resposta a resposta de Israel foi meramente retórica adicionais. Sua política era apenas palavras falta de ação. Obama tem, até agora, provou ser um fracasso. Aqueles que pensavam que as coisas seriam diferentes foram cegados pelas palavras de um orador, mestre e falta de conhecimento da política americana.

Presidentes não têm o poder ou autoridade para fazer mudanças significativas, especialmente no que diz respeito à política em relação a Israel e palestinos. American administrações passadas e presentes, assim como políticos E.U. estão comprometidos com a elite política dentro os E.U. e dinheiro dos grupos de interesse E.U.. Assim, a política será feita em consulta e aprovação daqueles que fornecem o dinheiro para campanhas políticas.

Não haverá mudança de política em relação a Israel e palestinos. Obama, assim como seus antecessores, vai se curvar aos ditames da AIPAC-americano-israelita do Comitê de Ação Política. Um pondera se esta posição deve-se ao olho de Obama sobre a próxima eleição presidencial, como a história demonstra que os presidentes E.U. não pode sobreviver a um segundo mandato sem o apoio do lobby bem entrincheirados israelense. Douglas Little in American Orientalism fornece uma excelente visão da política externa E.U. em relação a Israel e ao Oriente Médio.

Falha de Obama só irá aumentar ao longo do tempo. Os soldados no Afeganistão será duplicado, bem como a perda de vidas de norte-americanos devido a esta política carless. A fabricação norte-americana do Iraque nunca vai existir. Os palestinos continuarão a ser negados os seus direitos inalienáveis concedidos pelo direito internacional e um Estado palestino não será realizada em um futuro próximo.

Habitantes de Gaza continuará sofrendo sob o cerco internacionalmente reconhecido, com os seus filhos continuam a ser mortos e sedentos. Tudo isso é devido à política externa americana, que está preocupada com a auto económicos e materiais de interesse em vez de preocupações humanitárias. Na verdade, nem Barack Obama nem o governo americano vai resolver problemas como elas permanecem preconceito e apoiantes da algozes contra as vítimas.

Por Sameh A. Habeeb

CAPITALISMO NORTE-AMERICANO: CAMINHO DE SENTIDO ÚNICO PARA A CLEPTOCRACIA

"Se há uma guerra de classes nos EUA, o meu lado está a ganhar".

Warren Buffet, investidor multimilionário, 2004
As palavras de Buffett agitaram os media norte-americanos, que fazem geralmente tudo o que podem para esconder a luta de classes ou ridicularizá-la, como se fosse imoral e estranha aos EUA. Contudo, para aqueles que observam de perto os EUA, os comentários de Buffett são reveladores não pela sua franqueza, mas pelo eufemismo. Como uma análise apressada das tendências recentes revela, a luta de classes nos EUA adquiriu um carácter preocupantemente unilateral. Índices comparativos de desigualdade colocam os EUA no topo dos países industrializados ou próximos, uma situação que traz custos e perigos reais para a sociedade norte-americana. [1] Para além disso, a desigualdade está agora profundamente estabelecida e as suas características aproximam-se da cleptocracia [N. T.: literalmente, governo de ladrões] nos EUA, com umas poucas elites privilegiadas apoderando-se de enormes quantidades de riqueza pública. Pior ainda, os dois sectores da economia mais envolvidos neste processo cleptocrático são o financeiro e o militar, precisamente os dois sectores mais capazes de provocar alvoroço num mundo mais global, como esta década mostrou tão claramente. Por mais claramente que possamos identificar os perigos, não é tão claro que possamos fazer alguma coisa para os afastar, e os observadores internacionais não devem partir do princípio de que a chegada da administração de Barack Obama é garantia de segurança face a novos assomos de aventureirismo financeiro ou militar.

Uma hegemonia de classe que se intensifica

A relutância do sistema norte-americano em admitir a existência ou legitimidade da luta de classes tem as suas raízes num período de opulência da classe média, no pós-Segunda Guerra Mundial. Por uma variedade de razões, nesse período as classes mais baixas deixaram gradualmente de se mobilizar e nunca voltaram a revitalizar-se enquanto força política. [2] O que esta visão do sistema deixa de lado, claro, é que a camada mais rica da sociedade fez grandes progressos na sua mobilização para alterar as regras de governo e os locais de trabalho a seu favor. Esta história está bem documentada, e envolve tudo desde métodos ilegais para neutralizar sindicatos até à baixa dos impostos sobre as grandes fortunas. É claro que há uma guerra de classe nos EUA.

Muito para além de trabalhar para alterar a distribuição da riqueza como numa clássica luta de classes, os interesses das grandes fortunas conseguiram nas últimas décadas alterar o sistema político nos EUA de modo a solidificar as suas vantagens com uma firmeza sem precedentes. A chave foi a cooptação quase indiscriminada dos políticos mais relevantes (incluindo o Partido Democrata e não apenas o abertamente pró-corporativo Partido Republicano) ao serviço das grandes corporações, poderosos interesses especiais e o sobredimensionado Exército. É certo que figuras proeminentes da Esquerda têm desde há muito acusado o Partido Democrata de se render às corporações (Ralph Nader fez disso uma carreira desde os anos 1990 e a tradição é muito mais antiga). Mas por um certo número de razões (em particular a rápida subida dos custos das campanhas eleitorais, a tentação dos empregos rendosos com patrocinadores corporativos ou lobbies empresariais no final dos mandatos) funcionários eleitos e nomeados em ambos os partidos agora abdicam da sua autonomia muito antes de ocupar os seus lugares em Washington. Parece haver cada vez maiores cartazes a dizer "vende-se" sobre as cabeças de funcionários nacionais em anos recentes: gastos com lobbies em Washington mais que duplicaram entre 1999 e 2007 e saltaram mais 15-20% em 2008. [3] Os grupos de pressão estão a desenvolver-se como nunca, precisamente porque os seus remuneradores corporativos estão a usá-los para exercer um controlo cada vez maior sobre o funcionamento de Washington. [4]

As grandes corporações e os poucos privilegiados que as lideram tiraram lucros enormes dos esforços dispendidos para dominar Washington. A fatia das receitas dos impostos federais oriunda das corporações desceu de 26,5% em 1950 para 10,2% em 2000 (a quebra foi compensada com impostos sobre os trabalhadores). [5] Enquanto parte do PIB, os impostos corporativos caíram de 6% nos anos 1950 para apenas 1,8% em 2001. [6] Além disso, Washington cortou o valor dos impostos sobre as maiores fortunas em cerca de 50% ou mais desde o fim dos anos 1970. [7] O 1% mais rico da população apropria-se agora de perto de 70% dos retornos de capital (dividendos, juros, rendas e lucros), comparados com os 37% de há dez anos atrás, e 58% de há cinco anos atrás. É a mais elevada proporção já registada nos EUA. [8]

Como se o movimento ascendente de dinheiro não fosse suficientemente preocupante, a distribuição desequilibrada deste movimento para o sector financeiro é ainda mais alarmante. De 1998 a 2008, Wall Street e as companhias de seguros despejaram 1,7 mil milhões de dólares em contribuições de campanha política e gastaram pelo menos mais 3,4 mil milhões de dólares com Washington através de grupos de pressão. [9] Wall Street obteve o que pretendia. Conseguiu o relaxamento de importantes regulações sobre as suas operações, e a parte de lucros corporativos dos EUA do sector subiu em conformidade: chegou aos 40% nesta década, em relação a uns 21-30% nos anos 1990 e apenas 8-20% nos anos 1980. [10]

Expropriando os expropriados: a elite põe o país a saque

Tendo estabelecido uma hegemonia incontestável por volta dos anos 1990, as elites corporativas dos EUA decidiram atribuir-se a si mesmas pródigas quantias de dinheiro dos contribuintes. O processo teve início de um modo prosaico, com o esquema dos subsídios governamentais atribuídos à finança. Na viragem para o século XXI, a assistência do Governo Federal às corporações totalizou 75 mil milhões de dólares por ano em subsídios directos, mais 60 mil milhões em cortes nos impostos. Os custos indirectos que as corporações trazem à sociedade, sob a forma de poluição, desperdícios, corrupção, lobbies, acidentes, eram então muitas vezes mais altos. [11]

A extracção de riqueza através do sector da defesa foi muito mais sinistra que a questão dos subsídios para a finança. Os maiores contratantes da Defesa fizeram das pressões sobre o Congresso uma ciência (que rendeu 149 milhões de dólares em 2008) e atingiram um aumento de 70% em orçamentos para bases do Pentágono (sem contar o custo dos conflitos) durante esta década. [12] Para além disso, fatias desmesuradas destes orçamentos vão parar aos bolsos de pessoas não identificadas. Como lamentou o próprio secretário da Defesa Donald Rumsfeld em 2001, o Departamento da Defesa não sabia para onde tinham ido 2,3 milhões de milhões (trillions) de dólares do seu financiamento. [13] Perdas enormes continuam a ter lugar, a julgar pelo anúncio do Departamento de Defesa em 2006 de que não poderá apresentar declarações de auditoria financeira antes de 2016. [14] E o roubo estende-se ainda mais amplamente. Ao longo da última década o Congresso desenvolveu um sistema para canalizar dezenas de milhares de milhões por ano a patrocinadores privilegiados através de emendas não controladas a projectos de lei sobre dotação, acrescentadas à última da hora — e portanto não controladas e não verificadas —; o chamado "earmarking" [N. T.: alocação], cerca de metade do qual pertence hoje ao sector da defesa). [15]

O zénite da cleptocracia (pelo menos nesta altura) chegou com a recente crise financeira. No ano passado, o Departamento do Tesouro dos EUA e a Reserva Federal pegaram em milhões de milhões de dólares dos contribuintes, à maneira de Wall Street, muitas vezes sem requerer padrões de responsabilidade para o uso dos fundos, e geralmente sem compensar justamente os contribuintes. [16] Calcular a dimensão das ofertas aos grandes bancos demonstrou ser muito difícil, mas ninguém duvida de que o total é prodigioso, e continua a subir. [17] A assistência directa à população mais geral, em contraste, tem sido insignificante. [18]

A maldição do gigante

Como o economista-chefe do FMI Simon Johnson delineou, a trajectória geral da cleptocracia norte-americana reflecte a de muitas economias de mercado emergentes nos períodos pós-colonial e pós Guerra-fria, atingindo um surto de empréstimos descuidados, um crash económico traumático e uma determinação do governo em evitar prejudicar interesses oligárquicos que muito colocam em perigo a estabilidade económica (os maiores bancos sobreviventes em Wall Street e o Pentágono, no caso dos EUA). [19] Fossem os EUA uma potência menor e o FMI e outros potenciais credores imporiam a eliminação selectiva de alguns cleptocratas antes de fornecer assistência financeira. Mas os EUA não são uma potência menor. São a maior economia do mundo e usufruem da moeda de reserva mundial e podem portanto simplesmente cunhar moeda para pagar a sua dívida externa. O sistema parece impermeável à reforma vinda do exterior, e apenas revela leves indícios de reforma interna. Nestas circunstâncias, não deverá ser uma surpresa para ninguém assistir a mais crises financeiras e aventureirismo militar com origem nos EUA.
por David Kerans [*]
Notas
1. Uma perspectiva segura encontra-se em: Paul Krugman, The conscience of a Liberal, Norton, 2009, em especial o capítulo 12, "Confrontando a desigualdade".

2. As razões mais frequentemente apresentadas são a ascensão de uma máquina de propaganda mediática dominada por enormes corporações e a deslocação da manufactura para países de baixo custo na Ásia.

3. Dados do Center for Responsive Politics ( http://www.opensecrets.org/lobby/index.php ).

4. As propostas, periodicamente discutidas, para limitar as quantias despendidas em campanhas políticas limitariam mas não retirariam as pressões dos lobbies sobre os legisladores. A tentação dos empregos de salários chorudos após o termo dos mandatos ainda garante obediência por parte de muitos congressistas.

5. Kevin Phillips, Wealth and Democracy, Broadway Books, 2002, p.149.

6. Justin Fox, "More Cream for the Fat Cats", Fortune Investors Guide, 25/Dezembro/2006.

7. Figures in Krugman, op. cit., p. 257.

8. Michael Hudson, "Obama's Awful Financial Recovery Plan", www.counterpunch.org , 12/Fevereiro/2009.

9. Robert Weissman e Harvey Rosenfield, "Sold Out: How Wall Street and Washington Betrayed America," ( http://www.wallstreetwatch.org/soldoutreport.htm ).

10. Simon Johnson, "The Quiet Coup", The Atlantic, Maio 2009, p. 49.

11. Cerca de 2,6 milhões de milhões por ano, de acordo com uma estimativa agressiva (Phillips, op. cit., p.149).

12. Frida Berrigan, "Why the Pentagon Can't Put America Back to Work", TomDispatch.com, 12 de Março, 2009 (que cita investigação do Center for Responsive Politics).

13. Veja-se por ex. "The War on Waste", CBS Evening News, 29 de Janeiro de 2002 ( http://www.cbsnews.com/stories/2002/01/29/eveningnews/main325985.shtml ). Em principio a corrup

A DESFAÇATES DO GOVERNO DOS EUA

UM em cada quatro presos no mundo está num cárcere dos Estados Unidos. Na composição da população penal constata-se a predominância racista: um em cada 15 adultos negros permanece preso; um em cada nove, entre 20 e 34 anos, e um em cada 36, hispânicos. Dois terços dos condenados à prisão perpétua são negros ou latinos e no estado de Nova Iorque, apenas 16,3% desses réus são da raça branca.
 A cada ano morrem 7 mil pessoas em cárceres estadunidenses, muitas são assassinadas ou suicidam-se.

PORQUE OS OSCARES SÃO UMA TRAPAÇA

Na sua última coluna para o New Statesman, John Pilger interroga-se porque é que directores e escritores permitem que a fórmula da propaganda de Holywood domine os filmes, com uma acesa disputa pelos Óscares a obscurecer um milhão de iraquianos mortos, e Clint Eastwood a esconder a verdade da luta contra o apartheid enquanto George Clooney se diverte com os mesmos velhos estereótipos.

Porque é que há tantos filmes tão maus? As nomeações para os Óscares deste ano são um desfile de propaganda, de estereótipos e de total desonestidade. O tema dominante é tão velho como Hollywood: o direito divino da América a invadir outras sociedades, roubar a sua história e ocupar a nossa memória. Quando é que directores e escritores se vão comportar como artistas em vez de prostitutos em relação à visão de um mundo dedicado ao controlo e à destruição?

Cresci com o mito dos filmes do Oeste Selvagem, que era bastante inofensivo a não ser que se fosse um americano nativo. A fórmula mantém-se inalterada. Distorções auto-apreciativas apresentam a nobreza dos agressores coloniais americanos como uma capa para massacres, desde as Filipinas ao Iraque. Só entendi perfeitamente o poder do engano quando fui enviado para o Vietname como repórter de guerra. Os vietnamitas eram "chinas" e "índios" cujo assassínio industrial tinha sido pré-comandado nos filmes de John Wayne e era remetido a Hollywood para o tornar mais romântico ou para o redimir.

Estou a usar a palavra assassínio com alguma cautela, porque o que Hollywood faz de forma brilhante é suprimir a verdade acerca dos ataques da América. Não há guerras, mas apenas a exportação de uma "cultura" homicida, viciada em pistolas. E quando se desgasta a noção de psicopatas enquanto heróis, o banho de sangue torna-se numa "tragédia americana" com uma banda sonora de pura ansiedade.

A Guerra ao Terror (The Hurt Locker) de Kathryn Bigelow insere-se nesta tradição. Favorito a múltiplos Óscares, o filme dela é "melhor do que qualquer documentário que já vi sobre a guerra no Iraque. É tão real que até mete medo". (Paul Chambers CNN). Peter Bradshaw no Guardian considera que ele tem uma "clareza despretensiosa" e trata "do prolongado e doloroso jogo de guerra no Iraque" que "diz mais sobre a agonia e a injustiça e a tragédia da guerra do que todos os mais sérios filmes de boas intenções".

Que absurdo. Este filme proporciona uma excitação indirecta através de mais uma escalada psicopata do padrão de violência num país de outro povo onde as mortes de um milhão de pessoas estão condenadas ao esquecimento cinematográfico. A publicidade exagerada em torno de Bigelow é que ela pode ser a primeira mulher directora a ganhar um Óscar. Que insulto que é uma mulher ser premiada por um filme de guerra, uma coisa tipicamente masculina.

Os elogios repetem os que foram feitos ao Caçador (The Deer Hunter) (1978) que os críticos aclamaram como "o filme que podia purificar a culpa de uma nação!" O Caçador enaltecia aqueles que haviam provocado as mortes de mais de três milhões de vietnamitas enquanto reduzia aqueles que tinham resistido a figuras de bárbaros comunas. Em 2001, o filme Cercados (Black Hawk Down) de Ridley Scott proporcionou uma catarse semelhante, embora menos subtil, para outro nobre fracasso americano na Somália, pintando ao de leve os heróis que massacraram mais de 10 mil somalis.

Em contraste, o destino de um filme de guerra americano admirável, Redacted [não exibido em Portugal – N.T.], é esclarecedor. Feito em 2007 por Brian de Palma, o filme baseia-se na história verdadeira do sequestro de uma adolescente iraquiana e do assassínio da sua família por soldados americanos. Não há heroísmo, não há purificação. Os assassinos são assassinos e a cumplicidade de Hollywood e dos meios de comunicação no épico crime no Iraque é descrita perspicazmente por De Palma. O filme acaba com uma série de fotografias de civis iraquianos assassinados. Quando o obrigaram a escurecer as caras deles "por razões de ordem legal", De Palma disse, "Acho que é uma coisa terrível porque agora nem sequer podemos dar a dignidade dos rostos a este povo sofredor. A grande ironia quanto a Redacted é que ele acabou por ser emendado (redacted) ". Depois de uma exibição limitada nos EUA, este óptimo filme acabou por desaparecer.

Considera-se que a humanidade não americana (ou não ocidental) não faz bilheteira, quer esteja morta quer viva. Eles são os "outros" que, na melhor das hipóteses, podem ser salvos por "nós". Em Avatar, a enorme e violenta fábrica de dinheiro, em 3-D, de James Cameron, os nobres selvagens conhecidos por Na'vi precisam de um bom soldado americano, o sargento Jake Sully, para os salvar. Isso confirma que eles são "bons". Claro.

O meu Óscar para o pior das actuais nomeações vai para Invictus, o insulto untuoso de Clint Eastewood à luta contra o apartheid na África do Sul. Feito a partir de uma hagiografia de Nelson Mandela escrita por um jornalista britânico, John Carlin, o filme podia ter servido como propaganda do apartheid. Ao promover a cultura racista, dos brutamontes do râguebi, como uma panaceia da "nação arco-íris", Eastwood quase não dá a entender que muitos sul-africanos negros ficaram profundamente envergonhados e magoados pela adesão de Mandela ao odiado Veado, símbolo do seu sofrimento. Obscurece a violência branca – mas não a violência negra, que está sempre presente como uma ameaça. Quanto aos racistas bóeres, têm corações de ouro, porque "não sabíamos de nada". O tema subliminar é demasiado familiar: o colonialismo merece perdão e adaptação, nunca justiça.

A princípio julguei que Invictus não podia ser levado a sério, depois olhei à minha volta no cinema para os jovens e para outras pessoas que não têm a experiência do apartheid, e compreendi os estragos que uma máscara inteligente faz na nossa memória e nas suas lições morais. Imaginem Eastwood a fazer uma coisa equivalente sobre os escravos felizes no Sul americano profundo. Não se atrevia.

O filme mais nomeado para um Óscar e promovido pelos críticos é Nas Nuvens (Up in the Air), que põe George Clooney a viajar pela América a despedir pessoas e a juntar pontos de passageiro frequente. Antes de a banalidade se dissolver no sentimentalismo, aparecem todos os estereótipos, em especial os das mulheres. Há uma prostituta, uma santa e uma vigarista. Mas é "um filme para a nossa época", diz o director Jason Reitman, que se gaba de ter gente realmente despedida. "Entrevistámo-los sobre o que era perder o emprego nesta economia", disse ele, "depois despedimo-los em frente da câmara e pedimos-lhes que reagissem da mesma forma que tinham reagido quando perderam o emprego. Foi uma experiência incrível observar estes amadores com 100 por cento de realismo".

Uau, que vencedor!

por John Pilger

LULA DIZ QUE VISITA O PAÍS QUE QUISER

SALVADOR - Às vésperas da chegada da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afastou nesta sexta-feira qualquer possibilidade de desgaste com a Casa Branca por conta de suas relações comerciais e de sua visita de Estado ao Irã em maio.

Em um recado voltado ao provável pedido dos Estados Unidos para que o Brasil aprove sanções contra o país islâmico por uso de armas nucleares com propósitos suspeitos, Lula resumiu: "não vejo nenhum problema em eu visitar o Irã e não terei que prestar contas a ninguém, a não ser ao povo brasileiro".

O Brasil é um dos dez membros rotativos do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem se manifestado contra a imposição de sanções a Teerã. "Todo mundo sabe que o Brasil é o único país do mundo que tem na sua Constituição a proibição da utilização de armas nucleares. Isso é constitucional no Brasil, não é vontade do presidente. Isso é proibido pela Constituição.

Eu disse publicamente que eu quero para o Irã o que eu quero para o Brasil. O Brasil está fazendo enriquecimento de urânio. O Brasil quer utilizar seu enriquecimento na indústria farmacêutica, para produzir energia e o mesmo nós desejamos para o Irã. Além disso, o Irã estará rompendo com o tratado que é feito por todos nós nas Nações Unidas e eu não poderia concordar. Isso já foi dito 300 vezes aqui e vou continuar dizendo", disse o presidente brasileiro.

Emissário dos EUA, o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, William Burns está em Brasília para tentar convencer o Brasil a aprovar no Conselho de Segurança um pedido para que o Irã seja penalizado por não dar detalhes esclarecedores sobre seu programa nuclear.

"O Irã é um país de 80 milhões de habitantes, é um país que tem uma base industrial importante, é um país que o Brasil tem a exportação de mais de US$ 1 bilhão e estou indo para o Irã como vou em qualquer país do mundo. Não tem nada. Os EUA nunca pediram para mim para não viajar para qualquer país. Não tem que prestar contas para mim. A relação americana é uma relação soberana. Eles visitam quem querem e eu visito quem quero dentro do respeito soberano de cada país. Cada país exercita a democracia à sua maneira", disse Lula.
Laryssa Borges, Portal Terra

IMPÉRIO FALIDO QUER CENSURAR A INTERNET. ONDA CRESCENTE DE CENSURA NA INTERNET

Os êxitos recentes nos combates contra o controle da Internet serão suficientes para impedir a tirania?

O foco das atenções voltou-se para a censura da Internet esta semana, quando artigos foram publicados simultaneamente no Time Magazine e no The New York Times, defendendo a obrigatoriedade de licença para operar sítios na Internet. Esses artigos foram devidamente criticados por Paul Joseph Watson como uma tentativa coxa de apoiar o monopólio da mídia hoje em desintegração em face de uma blogosfera que está rapidamente a substituí-lo.

Os artigos seguiram-se a apelos de Craig Mundie – chefe de pesquisas e estratégias da Microsoft – por um sistema de licenças para a Internet. Introduzindo a idéia ele disse "Precisamos de um tipo de Organização Mundial da Saúde para a Internet". Evidentemente sem saber da investigação em curso sobre o papel da OMS na fabricação do boato de pandemia da gripe H1N1 para encher os bolsos da grande indústria farmacêutica, Mundie acrescentou que uma autoridade internacional sobre a Internet poderia exercer o mesmo tipo de autoridade que a OMS tem para lidar com uma pandemia. " Quando existe uma pandemia, ela organiza os casos de quarentena. Não nos é permitido organizar a quarentena sistemática de máquinas que estão comprometidas ". Tais apelos são preocupantes porque representam simplesmente o exemplo mais recente de personalidades influentes a proporem com insistência controles tirânicos sobre a liberdade de expressão na Internet.

A presidência Obama tem assistido um crescente alarde sobre ameaças à cibersegurança, com o influente think tank do CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais) tendo redigido livros brancos a proporem a cibersegurança como questão-chave para a 44ª presidência. Como informamos em Julho passado , o CSIS argumenta por "um mínimo de padrões para a segurança do ciberespaço" porque "a ação voluntária não é suficiente".

ROCKFELLER: "A INTERNET NÃO DEVIA TER SIDO INVENTADA"

Pouco depois de Obama assumir a presidência, no ano passado, o senador Jay Rockefeller apresentou uma proposta de lei senatorial (S. 773) que daria ao presidente o poder de " declarar um estado de emergência cibernético " e encerrar a Internet. A lei também exigiria dos administradores de rede do setor privado que obtivessem uma licença junto ao governo federal depois de se inscreverem em um programa de certificação do governo. Durante as audiências do Comitê, Rockefeller chegou ao ponto de afirmar que teria sido melhor que a Internet nunca tivesse sido inventada .

Em Novembro do ano passado foi noticiado que um acordo estava sendo negociado pelos líderes das economias mais poderosas do mundo (aproveitando as reuniões de Davos sobre a economia mundial) no sentido de forçar os provedores a cortar as assinaturas de quem fosse apanhado mais de duas vezes copiando conteúdos protegidos por direitos autorais. Reportagens recentes indicam que essa proposta não foi discutida na reunião de líderes das economias mais poderosas mês passado, mas já foi aprovada na França com o nome de lei das três faltas.

No início desse ano, foi revelado que o czar das informações de Obama, Cass Sunstein, reclamou que a blogosfera espalha sentimentos anti-governamentais e defendeu que o governo atual empregue pessoas para se infiltrarem em comunidades na Internet e publicarem informações favoráveis ao governo num esforço para desestabilizar essas comunidades. É notável como essa proposta pode vir de um homem do alto escalão do governo, e é somente um aspecto da estratégia do Pentágono para combater a net como se ela fosse uma arma dos inimigos do sistema.

Todas essas propostas e numerosas outras histórias que temos noticiado no passado (p.ex. aqui e aqui ) representam apenas as últimas tentativas de sufocar a liberdade de expressão na Internet. Apesar de grupos como a Fundação Fronteira Eletrônica ( Eletronic Frontier Foundation ) terem lutado contra essa onda por muito tempo, o poder explosivo da comunidade on-line em descarrilar a agenda carbônica-eugênica e desvendar o Federal Reserve tem despertado muitos para o potencial desse meio nascente... e esse é seu valor. O valor da Internet é diretamente ligado à liberdade de expressão, um princípio que é negado pelo monopólio da mídia que prosperou por décadas em uma era virtualmente de livre competição, antes do advento da Internet. Como um comentário no Time Magazine disparou sobre o licenciamento para Internet, "NÃO existe movimento popular em nenhum lugar reivindicando a intervenção do governo na Internet. A Internet não está com problemas. Ela funciona tão bem, que é um problema para os tiranos".

Assim como acontece com tudo relacionado com a Internet, os esforços de colaboração de cidadãos preocupados em se opor à censura da Internet está sendo pago com desenvolvimentos positivos. A nascente consciência do poder e importância da Internet está sensibilizando as pessoas de que as liberdades on-line são de fato direitos fundamentais que não podem ser negados. Mesmo a China foi forçada a recuar de um regime de licenciamento da Internet (exatamente o mesmo que foi proposto em Davos) devido à pressão pública. Uma lei draconiana da Austrália que teria exigido em todos os comentários políticos o nome completo e o endereço dos comentadores provavelmente será revogada pelo Procurador Geral .

Se esses êxitos individuais na luta para impedir a tirania on-line vão ou não finalmente descarrilar a agenda do establishment ainda veremos. Dependerá em grande medida de o clamor público contra a perda das liberdades on-line se transformar em um genuíno movimento popular de base.

James Corbett


MUJAHIDEEN NO AFEGANISTÃO LARGO O AÇO NOS EUA.INVASORES SÃO ABATIDOS NO AFEGANISTÃO

As operações em Marjah são uma lição exemplar para os invasores
Rabi' al-awwal, 23/Fevereiro/2010

Em nome de Alá, o Misericordioso, o Compassivo

Nas últimas duas semanas, um exército de 15 mil soldados da NATO, forças britânicas e americanas, tem estado a executar operações militares numa pequena área, Marjah, a qual está localizada no distrito Nad Ali. Jactos bombardeiros do inimigo, incluindo aviões sem piloto (drones) e 60 helicópteros armados estão a tomar parte nas operações. Além disso, o inimigo trouxe para o campo de batalha os seus enormes e mais avançados tanques denominados Abraham e Shifton, os quais pesam aproximadamente 65 toneladas. Mas apesar dos preparativos, jactâncias e proezas de propaganda, o inimigo não foi capaz de fazer qualquer avanço contra um pequeno grupo de Mujahideen, os quais não são mais do que 1000 homens armados e as suas armas não se comparam àquelas do inimigo. Mas ainda assim os sacrificados e comprometidos Mujahideen bloquearam heroicamente com êxito o caminho dos invasores.

Atiradores de elite (snipers) qualificados provocaram pavor e choque nas fileiras do inimigo. Os Mujahideen explodiram mais de 53 tanques; derrubaram dois aviões sem piloto e um helicóptero além de matar dezenas de soldados. Uma afegã de honra fez história ao alvejar soldados a queima-roupa no bazar. Ela reviveu a memória da Malalai [1] do passado e provou pelo seu acto heróico que nesta terra ainda há muitas irmãs em armas de Malalai. Se contarmos as tripulações nos tanques que foram destruídos, podemos facilmente concluir que as perdas do inimigo são de mais de uma centena de soldados.

Há apenas duas semanas atrás, aproximadamente, McChrystal, principal comandante das forças americanas no Afeganistão, jactava-se e afirmava que em breve tomaria Marjah aos Mujahideen. Mas hoje ele admite que estão a enfrentar resistência firme, a qual antes não imaginava. Ele disse pensar que se anunciasse Marjah antes do início das operações os Taliban fugiriam ou deporiam as suas armas mas agora nós [a NATO] estamos a enfrentar resistência dura ao contrário das nossas expectativas.

Analogamente, o inimigo por duas vezes tentou lançar de para-quedas soldados por trás da linha do combate mas logo os Mujahideen cercaram-nos e depois de lhes infligir perdas o inimigo apressadamente deixou a área. O Major General Nick Carter, comandante da NATO das forças em Helmand, diz que em três meses seremos capazes de dizer se as operações tiveram êxito ou não.

Estas são as palavras expressas pelo inimigo e elas são as realidades do terreno, as quais são uma boa lição para os generais moribundos do Pentágono e para os novos governantes das administrações da Casa Branca. Há milhares de cidades no Afeganistão como Marjah, além de cerca de 385 distritos no país.

Ao ver que não foram capazes de tomar uma pequena área como Marjah em duas semanas, então ironicamente [pode-se perguntar] quantas décadas e quanta força maciça precisariam para tomar todo o Afeganistão. Ainda é uma matéria de ponderação que os Mujahideen aprendem novas tácticas com a passagem do tempo e que o seu conhecimento no campo da política, da cultura e da experiência militar aumentam a cada dia que passa.

Será melhor para os governantes da Casa Branca por um fim à actual aventura sem êxito no Afeganistão. Todos os invasores, a começar por Alexandre, o Grande até a época da antiga União Soviética [2] tentaram esta aventura nesta terra de Mujahid mas todos eles fracassaram. Ao percorrer a mesma rota de fracasso e fiasco, Obama apenas prolonga os dias e as noites do seu fracasso e desgraça. Analogamente, Obama deveria cessar de recorrer a outros estratagemas e truques porque a resistência dos Mujahideen agora evolui para uma fase madura. Esta candeia não poderia ser extinta apenas assoprando-a de longe. A caravana dos mártires e combatentes sagrados certamente alcançará o seu destino mais cedo ou mais tarde. Se Alá quiser.

Emirado Islâmico do Afeganistão