domingo, 22 de novembro de 2009

PARA FAO ESPECULAÇÃO DAS MULTIS COM ALIMENTOS É A CAUSA DA FOME

A ganância que leva a especulação ao mercado de cereais, fazendo os alimentos se tornarem comodities, foi repudiada pelo Papa Bento XVI em mensagem aos participantes do encontro da FAO



“Devemos manter os recursos nacionais da produção alimentar para garantir o atendimento às necessidades da população. Eliminar a fome da face da Terra requer 44 bilhões de dólares anuais em investimentos em infraestrutura, tecnologia e insumos modernos. Trata-se de uma quantidade pequena se comparada com os 1,3 trilhão de dólares que o mundo gastou em armamentos somente no ano de 2007”, afirmou o Diretor Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o senegalês, Jacques Diouf, aos líderes mundiais reunidos em Roma para a Cúpula Mundial sobre a Segurança Alimentar.



Só o orçamento militar dos Estados Unidos de 2010, aprovado em 28 de outubro passado pelo presidente Barack Obama – em que não estão inclusas muitas despesas relacionadas com a guerra e custos militares — atinge os US$680 bilhões. “O orçamento militar anunciado para 2010 é realmente apenas cerca da metade dos custos anuais dos EUA com despesas militares”, revelou Sara Flounders, do IACenter dos EUA, assinalando que o total dos gastos reais configura um orçamento militar total de US$1,15 trilhão.



Assinalando que mais de 1 bilhão de pessoas sofre fome no mundo, Diouf sublinhou a necessidade de produzir alimentos no lugar onde residem os pobres e famintos e impulsionar os investimentos agrícolas nessas regiões.



“O planeta pode se alimentar bem, desde que se cumpram as decisões tomadas e se mobilizem os recursos necessários de forma efetiva”, acrescentou Diouf solicitando um incremento da ajuda oficial ao desenvolvimento, uma percentagem maior do orçamento dos países em desenvolvimento dedicado à agricultura.



O dirigente da FAO lembrou que “nos últimos cinco anos, diversos países da África, América Latina e Ásia conseguiram reduzir de forma substancial o número de vítimas da fome em seu território”. “Isso significa que sabemos o que há que fazer e como se deve fazer para derrotar a fome”.



O presidente Luiz Inácio da Silva foi homenageado no encontro por sua política e bons resultados na luta contra a fome no Brasil. “De 1980 para cá nossa produção de grãos cresceu 142%, enquanto que a área plantada expandiu-se no mesmo período 24%”, afirmou Lula destacando que ainda há 77 milhões de hectares de terra agricultáveis fora da Amazônia.



Lula defendeu o programa brasileiro de etanol demonstrando que este não prejudica a produção de alimentos: “Vejo que muitos dedos apontados contra a energia limpa dos biocom-bustíveis estão sujos de óleo e carvão”.


Dirigindo-se aos Estados Membros da FAO em todas as línguas oficiais, o Papa Benedicto XVI frisou que “A fome é o sinal mais cruel e tangível da pobreza. A opulência e o esbanjamento não são aceitáveis, quando a tragédia da fome adquire uma proporção cada vez maior”.



Ele condenou a “ganância que faz a especulação levantar sua cabeça até no mercado de cereais, como se alimentos pudessem ser tratados como commodities”.
“Ao mesmo tempo deve se favorecer o aceso aos mercados internacionais para aqueles produtos que procedem das regiões mais pobres, que hoje em dia são frequentemente marginalizadas. Para poder alcançar estes objetivos, é necessário separar as regras do comércio internacional da lógica do lucro visto como um fim em si mesmo”, concluiu.
HP



Nenhum comentário: