quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O FIM DA FOME REQUER COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DE FATO

O fim da fome no mundo requer cooperação internacional de fato
Presidente Lula discursa na sessão de abertura da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da FAO em Roma, Itália. Foto: Ricardo Stuckert/PR



O mundo não terá êxito no combate à fome se os padrões de cooperação internacional não forem alterados e os países desenvolvidos não cumprirem os compromissos assumidos e aumentarem os níveis de assistência ao desenvolvimento de países mais pobres, afirmou o presidente Lula nesta segunda-feira, em Roma (Itália) na sessão de abertura da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, promovida pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).



O sistema multilateral de comércio precisa livrar-se dos vergonhosos subsídios agrícolas dos países ricos. Eles sabotam a incipiente agricultura dos países mais pobres, cancelam suas esperanças de fazer dela uma ponte para o desenvolvimento.



Lula enfatizou que modelos impostos de fora que inviabilizam políticas públicas de estímulo à agricultura dos países em desenvolvimento não fazem mais sentido. É preciso respeitar as experiências acumuladas nos próprios países beneficiários.


O presidente citou o sucesso da experiência brasileira e de outros países no enfrentamento da fome, que exige vontade e determinação política.


No Brasil, afirmou Lula, programas como o Bolsa Família, principal instrumento do Fome Zero, conseguiram criar uma forte rede de proteção social articulada com políticas de estímulo à agricultura familiar. Com isso, afirmou, o Brasil conseguiu tirar 20 milhões e 400 mil pessoas da pobreza e reduzir em 62% a desnutrição infantil no Brasil.



Mas o Estado brasileiro não está sozinho nesse esforço. Conta com o engajamento indispensável dos movimentos populares e de diversos setores da sociedade civil, por meio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, diretamente vinculado à Presidência da República. Com isso, logramos alcançar o 1º Objetivo de Desenvolvimento do Milênio bem antes do prazo estabelecido. Agora trabalhamos para a total erradicação da fome no Brasil.


O presidente Lula lembrou aos presentes que conhece de perto a fome, a pobreza e a exclusão social, “uma experiência de vida, mais do que uma percepção intelectual”, e por isso está convicto de que o caminho está correto e deve ser exemplo para o mundo.
Citou ainda a crise econômica mundial, em que foram gastos centenas de bilhões de dólares para salvar bancos falidos, lembrando que com menos da metade desses recursos seria possível erradicar a fome em todo o mundo. O combate à fome, no entanto, afirmou o presidente Lula, “continua praticamente à margem da ação coletiva dos governos”:


É como se a fome fosse invisível. Muitos parecem ter perdido a capacidade de se indignar com um sofrimento tão longe de sua realidade e experiência de vida. Mas os que ignoram ou negam esse direito acabam por perder sua própria humanidade.
O Brasil quer, afirmou o presidente Lula, que a ONU e a FAO tenham papel decisivo na construção de um mundo sem fome, e por isso o Brasil tem trabalhado para reformar o Comitê de Segurança Alimentar, que deve se transformar em um foro representativo de todos na construção de uma parceria global para a agricultura e a segurança alimentar.



Mais que um lamento, esta é uma convocação. Já afirmei, e faço questão de reiterar, que a fome é a mais terrível arma de destruição em massa existente no nosso Planeta. Na verdade, ela não mata soldados, ela não mata exércitos. Ela mata, sobretudo, crianças inocentes que morrem antes de completar um ano de idade. Vencê-la está, realisticamente, ao alcance de nossas mãos. Só assim abriremos caminho para um mundo justo, livre e democrático com que todos nós sonhamos.

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