sexta-feira, 2 de outubro de 2009

SERRA, O GOLPE E O SUB DO SUB AMERICANO NA OEA



Nunca o Brasil angariou tanto prestígio internacional quanto agora, com os acontecimentos de Honduras. Chega até a ser meio chato lembrar, mas quando foi que nós vimos uma manifestação de nossos irmãos argentinos carregando um cartaz com os dizeres “Gracias, Brasil”? A ONU, a OEA e todos os países do mundo estão com o Brasil. Até o Obama e a Hillary. E órgãos de imprensa insuspeitos de parcialidade a nosso respeito, Clarín ou Le Monde, trataram o assunto como um grande triunfo da diplomacia brasileira.


Pois, apesar disso tudo, bastou um funcionário norte-americano de quarto ou quinto escalão, um obscuro Lewis Anselem, já demitido pelo governo Obama, e com folha-corrida de agente da CIA na América Central (ver página 7), dizer que Zelaya foi “irresponsável” por voltar ao país do qual é presidente e culpar o Brasil pela violência dos golpistas, para que o Serra, o Ali Kamel, o Bob Civita e alguns outros ficassem assanhados.


Imediatamente, Serra, até então de bico calado, declarou que Zelaya e o Brasil estavam fazendo uma “tremenda trapalhada”.


O Ali Kamel botou lá no “Globo”: “Da OEA a Serra, todos criticam o Brasil” (o funcionário americano virou “a OEA” - e o “todos” eram o funcionário e o Serra).


Um velho de programa que faz ponto na “Folha de S. Paulo”, conhecido por sua indômita coragem, saiu berrando que Zelaya era um “covarde” e que o Brasil devia chamar o capitão Nascimento (sic) para expulsá-lo da embaixada – ou seja, entregá-lo aos golpistas, provavelmente depois de torturá-lo com o saco plástico (esse pessoal, como veremos, tem fixação por sacos).



Uma senhora da vida, quer dizer, da “Veja”, foi escalada pelo Bob Civita para dizer que o ridículo Micheleti ia retirar o “status” de embaixada da representação brasileira, como se isso fosse possível.


Paramos aqui, porque temos mais o que fazer do que ficar registrando um rol de basbaquices.



Essa malta vivia pregando que o governo Lula era muito leniente com a Bolívia, no caso do gás, e com o Paraguai, no caso de Itaipu. Que tínhamos de ser “duros” com os paraguaios e bolivianos. Por pouco não disseram que a gente devia invadir a Bolívia e o Paraguai para depor o Evo e o Lugo. Eram valentes paca, quando se tratava da Bolívia e do Paraguai...


Pois bastou um sub-do-sub-do-sub americano falar uma besteira, para que virassem um batalhão de papagaios, combatendo para ver quem puxava mais o saco do animal.


O Serra realmente deve achar que a volta de Zelaya foi uma “tremenda trapalhada”. Em 1964, presidente da UNE, logo depois do golpe de Estado, fugiu do Brasil numa correria sem dignidade (aquela correria em que o calcanhar bate nas nádegas), abandonando o mandato, deixando a UNE acéfala – os estudantes, o povo e o Brasil que se danassem. Refugiou-se na embaixada... da Bolívia. Enquanto outros dirigentes da UNE enfrentavam a ditadura, Serra nem esperou que houvesse algum processo contra ele.


Zelaya, ao invés de se refugiar numa embaixada para fugir do país, está na embaixada brasileira para voltar ao país e empreender a luta contra os golpistas. Serra deve achar que esse negócio de resistir e lutar é uma “tremenda trapalhada”. Ele, que só voltou ao Brasil quando os que ficaram aqui já haviam reduzido a ditadura a um defunto, não faz “trapalhadas”. Tudo o que não é covardia, é “trapalhada”.


O Serra, o Ali Kamel, o velho de programa da “Folha” e a madame da “Veja” não podem avistar o saco de um americano. Ficam logo afogueados para puxar o dito cujo. É da natureza deles. Mas, pelo menos, deviam puxar o saco de um americano com poder, por exemplo, o Obama, já que a Hillary não tem anatomia própria para essas coisas. No entanto, eles não conseguem deixar de puxar o saco nem de um insignificante meganha da CIA prestes a ser aposentado. Também, o cara é americano...


CARLOS LOPES



Nenhum comentário: