domingo, 18 de outubro de 2009

CASA BRANCA DECIDE ENFRENTAR AS MENTIRAS DA REDE DE TV FOX

Quando o presidente fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita”, afirma Anita Dunn, diretora de comunicação da Casa Branca. Ele já sabe que “estará como num debate com o partido da oposição. É um braço dos republicanos”



ACasa Branca anunciou que passou a tratar a rede de TV Fox como um apêndice partidário dos republicanos e não como uma organização jornalística. “A rede Fox está em guerra contra Barack Obama e a Casa Branca, [e] não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha seria o modo que dá legitimidade ao trabalho jornalístico”, afirmou Anita Dunn, diretora de comunicação, em declaração ao “New York Times”.



Em entrevista à CNN, Dunn afirmou que Obama considera agora a rede Fox como opositor e não propriamente um órgão jornalístico. “Quando o presidente fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita” – ela explicou. – “O presidente já sabe que estará como num debate com o partido da oposição”. Ela acrescentou que a Fox “opera, praticamente, ou como o setor de pesquisas ou como o setor de comunicação do Partido Republicano”.


MONOPÓLIO DE MÍDIA


Como se sabe, meia dúzia de famílias controlam os principais meios de comunicação, com estreita ligação com bancos e outros monopólios, e a mídia tem sido o instrumento chave de dominação. As denúncias da diretora de comunicações de Obama poderiam, perfeitamente, serem expostas, por exemplo, pelo presidente Chávez na Venezuela, ou por Lula aqui no Brasil. Quanto aos EUA, nos últimos meses, os episódios de desinformação, manipulação e mais do que isso, propagação de mentiras descaradas, se avolumaram, até o ponto de o governo Obama rever relações e decidir, como dito à revista “Time”, “partir para cima deles”. Agora, o blog da Casa Branca expõe, como fez recentemente, as “mentiras da Fox”.



Embora o governo Obama esteja concentrando o fogo na Fox, não foi só essa rede que falseou, mentiu e buscou incitar o ódio nos EUA. Como registrou matéria da revista “Time”, o alerta soou na Casa Branca em setembro, quando o “New York Times”, no conhecido episódio do discurso de Obama às crianças em idade escolar, “publicou em primeira página a indignação dos pais” – sendo que o discurso ainda não tinha sido proferido e seu conteúdo benigno tornado público. Na expressão do secretário de imprensa Robert Gibbs, foi nesse momento que foi preciso dizer “espera um minuto, isso está virando um circo”.


O vice-diretor de comunicação, Dan Pfeiffer, denunciou como os comentários mais canalhas a respeito da reforma de saúde eram apresentados na mídia dos EUA “encobertos como ‘controvérsias’”. “Quando se debate se se trata ou não de assassinar velhinhas e criancinhas doentes” – ele afirmou – “não se aplicam as regras normais do jornalismo: é preciso ser a favor de não assassinar ninguém. É preciso ter lado e a opinião do ‘outro lado’ absolutamente não interessa”.


FALSIFICAÇÕES


Outra mentira nojenta divulgada pela mídia era que a reforma da saúde levaria à criação de “clinicas de sexo” nas escolas. Em suma, a mídia agia abertamente, para nocautear Obama e impedir qualquer mudança, por menor que fosse. Se os episódios mais escandalosos surgiram a partir da reforma de saúde, há, no entanto, muito mais em jogo, como a regulação ou não sobre os bancos, recursos para empregos e infra-estrutura ou para o bailout, desemprego gigantesco e duas guerras.


Sob o comando de Anita Dunn, como registrou a “Time”, “emergiu a nova estratégia da Casa Branca”: ao invés de “dar munição aos críticos” através de bem-intencionada exposição de fatos que depois os jornais desvirtuariam como supostas ‘prova’ contra o Obama, o governo partiu para o contra-ataque aos futriqueiros e politiqueiros e suas distorções e falsidades. “Temos de ser mais agressivos que apenas sentar e ficar nos defendendo, porque eles vão dizer qualquer coisa. Eles vão pegar qualquer coisa pequena e distorcê-la”, assinalou a diretora de comunicação de Obama.


Na volta das férias, o presidente saudou a iniciativa, e convocou os auxiliares para “partir para cima deles”. Nada de muita conversa. “A melhor analogia é provavelmente o base-ball”, resumiu Gibbs. “O único modo de arrancar os caras de uma base, é mandar uma bola rápida. Aí, eles se mexem.”


ANTONIO PIMENTA

Nenhum comentário: