domingo, 6 de setembro de 2009

RESPOSTAS AOS FALSIFACADORES (2)

A campanha contra a URSS no pós-guerra praticamente iniciou-se com as falsificações sobre o Pacto de Não-Agressão germano-soviético de 1939.
Procurava-se acusar o país que foi a força decisiva para a derrota do nazismo de ter colaborado com ele – e, por consequência, ser o responsável pela eclosão da II Guerra. O motivo da campanha era evidente: manchar o imenso prestígio da URSS em todo o mundo, obtido pelo sangue vertido heroicamente em Moscou, Stalingrado, Leningrado, Odessa, Kerch, Minsk, Kursk, Kharkov, Orel, Smolensk, Tula, Kíev, Sebastopol, Berlim e inúmeras outras batalhas contra Hitler.
A “Nota sobre os falsificadores da história”, emitida pelo Ministério das Relações Exteriores da URSS em 1948, descreve minuciosamente o processo anterior à Guerra, em que os governos da Inglaterra e da França, incentivando Hitler a agredir a URSS, permitiram que a Alemanha nazista, armada até os dentes com a cooperação desses governos, violasse acordos e tratados, ocupando a Áustria e a Tchecoslováquia, e preparando abertamente o ataque à Polônia.
Essa tentativa de isolar a URSS, e empurrar os nazistas contra ela, custaria logo muito caro a esses governos – e, infelizmente, mais caro ainda aos povos de seus países.
C.L.
O desenvolvimento posterior dos acontecimentos mostra ainda mais claramente que os círculos governantes da Inglaterra e da França se dedicavam a alentar a Alemanha e a empurrá-la para o caminho das conquistas ao outorgar concessões e favores aos estados fascistas que, em 1936, se haviam agrupado em um bloco militar e político conhecido pelo nome de eixo Berlim-Roma.
Ao rechaçar a política de segurança coletiva, Inglaterra e França adotaram a atitude de uma pretendida não-intervenção, a respeito da qual Stalin dizia:
...a política de não-intervenção pode ser caracterizada como: cada país se defenda dos agressores como queira e como possa, isto não nos afeta, vamos comerciar tanto com os agressores quanto com as vítimas. Mas, na realidade, a política de não-intervenção equivale a deixar o agressor fazer, desencadear a guerra e, portanto, a transformá-la em uma guerra mundial. (Informe ao XVIII Congresso do Partido Comunista (bolchevique) da URSS).
O amplo e perigoso jogo político iniciado pelos defensores da política de não-intervenção pode acabar em um grande fiasco. (Ibidem).
Desde 1937, estava perfeitamente claro que se ia em direção a uma grande guerra maquinada por Hitler, que se beneficiava do fato de que a Grã Bretanha e a França lhe deixavam fazê-la.
A POLÍTICA ANGLO-FRANCESA
Os documentos do Ministério de Assuntos Exteriores alemão apreendidos pelas tropas soviéticas, revelam a verdadeira natureza da política exterior da Grã Bretanha e da França durante esse período. Tal e como demonstram esses documentos, o fundo da política anglo-francesa não consistia em agrupar as forças dos estados pacíficos para uma luta comum contra a agressão, mas em isolar a URSS e dirigir a agressão hitlerista para o Leste, contra a União Soviética, utilizando Hitler como instrumento de seus objetivos.
Ao fazer isso, os governos da Inglaterra e da França conheciam a orientação fundamental da política exterior hitlerista, que o próprio Hitler havia definido da seguinte forma:
Nós, nacional-socialistas, damos ponto final, sabendo plenamente o que estamos fazendo, à orientação de nossa política exterior de antes da guerra [I Guerra Mundial]. Começamos no mesmo lugar em que paramos há seis séculos. Abandonamos o perpétuo desejo de expansão para o Sul e o Oeste da Europa, e voltamos nosso olhar para as terras do Leste. Rompemos, enfim, com a política colonial e comercial de antes da guerra e passamos à política territorial do futuro. Mas, hoje, quando falamos de novas terras na Europa, não podemos senão sonhar, em primeiro lugar, com a Rússia e com os estados limítrofes subordinados a ela. Parece como se o próprio destino nos mostrasse o caminho (Hitler, “Mein Kampf”, Munique, 1936, pág.742).
TRÁFICO DE TERRITÓRIOS ALHEIOS
Os documentos dos arquivos do Ministério de Assuntos Exteriores alemão mostram o verdadeiro sentido da diplomacia das potências ocidentais no período anterior à guerra: mostram como se jogou com os destinos dos povos, com que impudicícia se traficava com territórios alheios, como se recortava o mapa mundial em segredo, como se alentava a agressão hitlerista e que esforços faziam para orientar essa agressão contra a União Soviética.
Por exemplo, o documento alemão que contém o texto de uma entrevista, celebrada a 19 de novembro de 1937 em Obersalzberg, entre Hitler, Halifax [ministro dos Negócios Estrangeiros da Inglaterra] e o ministro alemão dos Assuntos Exteriores, von Neurath.
Halifax declarou que:
Ele e os demais membros do governo inglês estavam convencidos de que Hitler havia obtido grandes resultados não só na Alemanha, mas que, além disso, ao destruir o comunismo em seu país, lhe havia cortado o caminho para a Europa Ocidental e que, por esta razão, se podia considerar a Alemanha, com toda razão, como o bastião do Ocidente contra o bolchevismo. (Texto da entrevista entre o Führer e Lord Halifax, Obersalzberg,
19/11/1937, Arquivo do Ministério de Assuntos Exteriores alemão).
EXTENSÃO DO EIXO
Halifax dizia:
Uma vez preparado o terreno, graças à aproximação germano-britânica, as quatro grandes potências da Europa Ocidental [Grã Bretanha, França, Alemanha e Itália] deverão preparar conjuntamente a base sobre a qual se possa estabelecer na Europa uma paz duradoura. (Ibidem).
Assim, desde 1937, em nome do governo inglês, Halifax propunha a Hitler a adesão da Inglaterra e, ao mesmo tempo, da França, ao eixo Berlim-Roma.
Apesar disso, Hitler respondeu declarando que um acordo como esse lhe parecia muito fácil de realizar sempre e quando se atuasse com boa vontade e respeito mútuo, mas que as coisas se complicariam se não se considerasse a Alemanha como um Estado que já não levava o estigma moral ou material do Tratado de Versalhes.
Halifax respondeu:
Nós, ingleses, somos realistas e, talvez mais que quaisquer outros, estamos convencidos de que os erros da imposição de Versalhes devem ser corrigidos. Também em outras épocas, a Inglaterra exerceu sempre sua influência neste sentido realista. Halifax destacou o papel jogado pela Inglaterra quando da evacuação prematura da Renânia [região alemã na fronteira da França, desmilitarizada em 1919 pelo Tratado de Versalhes e ocupada militarmente por Hitler, violando o Tratado, em 1936, sem reação da Inglaterra e França].
A continuação do texto demonstra que o governo inglês havia adotado uma atitude favorável aos planos hitleristas de ocupar Dantzig [cidade polonesa], Áustria e Tchecoslováquia.
Halifax declarou:
De todas as demais questões, pode-se dizer que dizem respeito a mudanças da ordem europeia, que se levarão a cabo, com toda probabilidade, mais tarde ou mais cedo. Em relação a essas questões figuram Dantzig, Áustria e Tchecoslováquia. A Inglaterra só está interessada em uma coisa: que essas mudanças aconteçam por meio de uma evolução pacífica e que se possam evitar os métodos suscetíveis de ocasionar novas desordens que nem o Führer nem outros países desejariam. (Ibidem).
Convém frisar, sobre isso, a declaração do ministro inglês Simon no Parlamento, a 21 de fevereiro de 1938, de que a Grã Bretanha jamais havia dado garantia especial alguma sobre a independência da Áustria.
Tratava-se de uma mentira manifesta, posto que tais garantias estavam nos Tratados de Versalhes e de Saint-Germain.
Na mesma época, o primeiro-ministro Chamberlain declarou que a Áustria não podia contar com nenhum tipo de defesa por parte da Liga das Nações.
Não devemos tentar, disse Chamberlain, cair nós mesmos no erro e, menos ainda, enganar as nações pequenas e débeis, fazendo-as crer que a Liga das Nações vai defendê-las contra a agressão e que se poderá atuar em consequência, pois todos nós sabemos que nada disso se pode levar a cabo. (The Times, 23/02/1938, pág. 8).
AMIZADE COM A ALEMANHA
Os arquivos alemães contêm também o texto de uma entrevista entre Hitler e o embaixador britânico na Alemanha, Henderson, em presença de Ribbentrop, a 3 de março de 1938.
Falando em nome do governo inglês, Henderson destacou que:
Não se trata de uma transação comercial, mas de uma tentativa de estabelecer as bases de uma verdadeira e cordial amizade com a Alemanha, começando por melhorar a situação e acabando por criar um novo espírito de compreensão amistosa. (Texto da entrevista, 3/03/1938, Berlim, Arquivos do Ministério de Assuntos Exteriores alemão).
Ao não colocar objeções às exigências de Hitler de agrupar a Europa sem a Rússia, Henderson recordou que Halifax, que já era nessa época ministro dos Negócios Estrangeiros, havia aceito já as mudanças territoriais que a Alemanha se dispunha a fazer na Europa, e que:
Deu provas de uma grande coragem quando, apesar de tudo, arrancou a máscara de frases internacionais como a segurança coletiva, etc. Por isso, acrescentava Henderson, a Inglaterra se declarava disposta a descartar todas as dificuldades e indaga à Alemanha se, por sua vez, está disposta a fazer outro tanto (Ibidem).
Quando Ribbentrop interveio na conversação para frisar a Henderson que o ministro da Inglaterra em Viena havia efetuado a von Papen [embaixador alemão na Áustria em 1938] uma declaração em tom dramático sobre os acontecimentos da Áustria, Henderson se apressou a dessolidarizar-se da declaração de seu colega, dizendo que ele mesmo, Neville Henderson, havia se pronunciado com frequência sobre o Anschluss [a anexação da Áustria pela Alemanha].
A CRISE DO ANSCHLUSS
Depois dessa entente, a 12 de março de 1938, Hitler se apoderou da Áustria sem enfrentar nenhuma resistência por parte da Inglaterra e da França. Nesse momento, a União Soviética foi a única a lançar um grito de alarme e um novo chamamento à organização da defesa coletiva da independência dos países ameaçados de agressão. Em 17 de março de 1938, o governo soviético dirigiu uma nota às potências imperialistas, na qual se declarava disposta a empreender, na Liga das Nações, junto às demais potências, ou à margem dela, o exame de medidas práticas destinadas a frear o desenvolvimento da agressão e a suprimir o perigo mais agudo, o de uma nova carnificina mundial (Izvestia, 16/03/1938).
A resposta do governo inglês à nota soviética punha a descoberto que tal governo não queria opor-se aos planos de agressão hitlerista.
Ali se disse que, na opinião do governo de Sua Majestade, realizar uma conferência para adotar ações conjuntas contra a agressão não exerceria, necessariamente, uma influência favorável para as perspectivas da paz europeia (nota do Ministério de Negócios Estrangeiros britânico, 21/03/1938).
A ocupação da Tchecoslováquia por parte de Alemanha foi o elo seguinte na cadeia da agressão alemã e da preparação da guerra na Europa. E esse importante passo para o desencadeamento da guerra na Europa, Hitler unicamente pode fazer com o apoio direto da Inglaterra e da França.
A 10 de julho de 1938, o embaixador da Alemanha em Londres comunicava a Berlim que o governo inglês: considerava a busca de um compromisso com a Alemanha um dos pontos essenciais de seu programa e manifestava à Alemanha a máxima compreensão (Informe Político de 10/07/1938, Arquivos do Ministério de Assuntos Exteriores alemão).
Dircksen [o embaixador alemão] escrevia que o governo inglês: havia se aproximado bastante da compreensão dos pontos mais essenciais das reivindicações fundamentais da Alemanha: a eliminação da União Soviética do acordo sobre o destino da Europa e, nesse mesmo espírito, o isolamento da Liga das Nações e a oportunidade de negociações e tratados bilaterais.
Dircksen mandava dizer igualmente a Berlim que: o governo inglês estava disposto a fazer grandes sacrifícios para satisfazer as demais reivindicações, totalmente justas, da Alemanha.
TRAIÇÃO EM MUNIQUE
A 19 de setembro de 1938, isto é, quatro dias depois da entrevista Hitler-Chamberlain, os representantes dos governos britânico e francês exigiam do governo tchecoslovaco a transferência para a Alemanha dos territórios da Tchecoslováquia povoados principalmente por alemães dos Sudetos. Para justificar essa exigência, declaravam que, sem isso, seria impossível manter a paz e assegurar os interesses vitais da Tchecoslováquia. Os protetores anglo-franceses da agressão hitlerista tentavam encobrir sua traição com a promessa de uma garantia internacional das novas fronteiras do Estado tchecoslovaco como contribuição à obra de apaziguamento da Europa (Correspondance Czecheslovakia, setembro, 1938, cid 5847, pág.8922).
A 20 de setembro, o governo tchecoslovaco respondia às propostas anglo-francesas. Declarava que a adoção de tais propostas equivaleria a uma completa e voluntária mutilação do Estado, de todos os pontos de vista. Chamava a atenção dos governos inglês e francês sobre o fato de que a paralisia da Tchecoslováquia traria profundas mudanças políticas em toda a Europa Central e no Sudeste.
O equilíbrio de forças na Europa Central, e na Europa em geral - declarava o governo tchecoslovaco - seria destruído, o que acarretaria graves consequências para todos os demais Estados, muito particularmente para a França.
O governo tchecoslovaco fazia um último apelo aos governos da Inglaterra e da França; pedia-lhes que reconsiderassem seu ponto de vista, frisando, além do mais, que isso não somente era do interesse da Tchecoslováquia, mas também do interesse de seus amigos, da causa da paz e de um normal desenvolvimento na Europa.
No dia seguinte, o governo inglês enviava sua resposta ao governo tchecoslovaco. Em sua nota, propunha-lhe que retirasse sua resposta às propostas iniciais anglo-francesas e que sopesasse com urgência e seriamente os prós e os contras antes de criar uma situação cuja responsabilidade o governo inglês não poderia assumir. Em conclusão, o governo inglês frisava não acreditar que o projeto tchecoslovaco de arbitragem fosse aceitável nesse preciso momento. A nota sublinhava que o governo inglês não pensava que o governo alemão considerasse a situação como suscetível de poder-se resolver pela via da arbitragem, tal e como propunha o governo tchecoslovaco.
Finalmente, a nota inglesa lançava uma advertência ao governo tchecoslovaco e declarava em tom ameaçador que, se o governo tchecoslovaco rechaçasse o conselho da Inglaterra, seria lícito a este recorrer a todo tipo de ações que considerasse adequadas à situação.
A CONFERÊNCIA DE MUNIQUE
A Conferência de Munique, celebrada nos dias 29 e 30 de setembro de 1938 entre Hitler, Chamberlain, Mussolini e Daladier, foi o remate da vergonhosa transação, inteiramente concertada de antemão entre os principais participantes do complot contra a paz. A sorte da Tchecoslováquia se decidiu sem que ela participasse em nada das decisões tomadas.
Os representantes da Tchecoslováquia unicamente foram convidados a Munique para esperar submissamente as decisões da entente entre os imperialistas.
Nessa época, Stalin denunciou o verdadeiro sentido da Entente de Munique ao dizer que deram à Alemanha regiões da Tchecoslováquia em pagamento do compromisso de desencadear a guerra contra a União Soviética. A essência da política dos círculos governantes anglo-franceses durante esse período tornou-se manifesta nas seguintes palavras de Stalin, no XVIII Congresso do Partido Comunista (bolchevique) da União Soviética, celebrado em março de 1939:
A política de não-intervenção equivale a tolerar a agressão, a desencadear a guerra e, em consequência, a transformá-la em Guerra Mundial.
Na política de não-intervenção subjaz a aspiração, o desejo de não impedir que os agressores levem a cabo sua tenebrosa obra; de não impedir, por exemplo, que o Japão se emaranhe na guerra com a China e, melhor ainda, com a União Soviética; de não impedir, sobretudo, que a Alemanha se atole nos assuntos europeus, se enrede na guerra contra a União Soviética; de permitir a todas as partes beligerantes afundar-se até o pescoço na lama da guerra, estimulá-las a isso hipocritamente, deixar que se debilitem e se esgotem mutuamente e, depois, quando já estejam suficientemente debilitadas, aparecer em cena com forças frescas e intervir, naturalmente ‘no interesse da paz’ e ‘impor suas condições aos beligerantes debilitados’.
A UNIÃO SOVIÉTICA
De todas as grandes potências, a União Soviética foi a única que tomou parte ativa em todas as etapas na defesa da independência e dos direitos nacionais da Tchecoslováquia. Em suas tentativas para justificar-se aos olhos da opinião pública, os governos da Inglaterra e da França pretenderam fazer crer, de maneira hipócrita, que não sabiam se a União Soviética cumpriria os compromissos com a Tchecoslováquia, que decorriam do Tratado de Assistência Mútua.
Afirmavam algo que sabiam que era falso, pois o governo soviético declarou publicamente que estava disposto a intervir ao lado da Tchecoslováquia contra a Alemanha, de acordo com as cláusulas desse Tratado, que estipulava a intervenção simultânea da França em defesa da Tchecoslováquia. Mas a França se negou a cumprir com seu dever.
Na véspera da transação de Munique, o governo soviético declarou novamente que advogava pela convocação de uma conferência internacional para aportar uma ajuda prática à Tchecoslováquia e manter a paz.
Quando a ocupação da Tchecoslováquia era um fato consumado, e os governos dos países imperialistas declaravam, um atrás do outro, que reconheciam o fato consumado, o governo soviético, em sua nota de 18 de março, condenou a ocupação da Tchecoslováquia como um ato arbitrário de violência e agressão. Nessa mesma nota, o governo soviético frisava que os atos da Alemanha haviam criado e reforçado a ameaça para a paz mundial, que haviam turvado a estabilidade política na Europa Central, multiplicando os elementos do estado de alarme já existente na Europa e dado um novo golpe no sentimento de segurança dos povos (Izvestia, 20/03/1939).
Porém, não se limitaram somente a entregar a Tchecoslováquia a Hitler. A 30 de setembro de 1938, Chamberlain e Hitler assinaram uma declaração anglo-alemã em que se dizia:
...chegamos unanimemente à convicção de que a questão das relações germano-inglesas tem uma importância de primeira ordem para ambos os países e para a Europa. Consideramos o acordo assinado ontem a tarde, da mesma forma que o acordo naval germano-inglês, como o símbolo do desejo de nossos povos de não declarar-se nunca mais a guerra. Igualmente, estamos firmemente decididos a examinar as demais questões importantes para nossos dois países, via consultas, e a esforçarmo-nos para descartar qualquer diferença no futuro, com a finalidade de contribuir também para assegurar a paz na Europa (Archiv für Aussenpolitik und Landerkunde, setembro 1938, pág.483).
Tratava-se, por parte da Inglaterra e da Alemanha, de uma declaração de não-agressão entre esses países.
O ACORDO BONNET-RIBBENTROP
A 5 de dezembro de 1938 se assinou uma declaração franco-alemã entre Bonnet e Ribbentrop, análoga à declaração anglo-alemã.
Nela se dizia que os governos alemão e francês haviam chegado à convicção de que as relações pacíficas e de boa vizinhança entre a Alemanha e a França constituíam uma das premissas essenciais da consolidação das relações europeias e da salvaguarda da paz mundial, e que ambos os governos se esforçariam todo o possível para assegurar a manutenção de relações dessa natureza entre seus países. A declaração constatava que entre a França e a Alemanha já não existia nenhuma questão em litígio de ordem territorial e que a fronteira entre seus países era definitiva. Em conclusão, a declaração dizia que os dois governos haviam adotado a firme resolução, sem prejuízo de suas relações particulares com terceiras potências, de manter um contato mútuo sobre todas aquelas questões relativas a seus dois países e para consultar-se mutuamente nos casos em que essas questões pudessem conduzir a complicações internacionais em sua evolução posterior.
No fundo, a conclusão desses acordos significava que a Inglaterra e a França haviam assinado pactos de não-agressão com Hitler.
Podemos ver com toda a clareza como se perfila nesses acordos com a Alemanha hitlerista o desejo dos governos inglês e francês de descartar a ameaça da agressão hitlerista contra eles, com a ideia de que o acordo de Munique e outras conversações análogas já haviam aberto as portas à agressão hitlerista para o Leste, para a região da União Soviética.

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