sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sarney repele “inverdades da mídia” e chama à pacificação

Sarney repele “inverdades da mídia” e chama à pacificação
“Resistir é a única alternativa que me deram”, afirmou no discurso

O presidente do Senado, José Sarney, ocupou a tribuna na quarta-feira e rebateu o que chamou de “campanha para desestabilizar-me” orquestrada pela oposição e por parte da mídia. O senador peemedebista respondeu uma por uma as acusações e denunciou os métodos usados pelos seus detratores. Leia abaixo os principais trechos do discurso.

“Até hoje não usei esta tribuna para rebater as inverdades contra mim disseminadas aqui mesmo e na mídia nacional. Avaliei que as críticas que me fizeram eram só rescaldos da eleição, mas eram mais profundas, faziam parte de um projeto político e de uma campanha para desestabilizar-me. Disse, quando assumi a Presidência desta Casa, que tenho as minhas amizades pessoais; sempre zelei por elas e cumpro o meu dever de amigo para com elas. Tenho minha posição política, que adotei com coragem e com convicção, de apoio ao presidente Lula, que está fazendo um governo excepcional, com o apoio estimulante e forte do povo brasileiro. Meu dever é para com o Senado. Por temperamento, sempre fui um homem de diálogo, de convívio pacífico, de respeito aos outros, às suas ideias e às suas posições. Mas isso, ao longo de minha vida, nunca me fez abandonar a firmeza, quando ela tem sido necessária”.

“Nas vezes em que tive de tomar decisões impostas por minha consciência, eu assim procedi. Na semana depois do golpe militar, em um clima de grande temor, de grande apreensão dentro do Congresso, em que o caráter dos homens é posto à prova, quatro dias depois, fui à tribuna da Câmara para defender o mandato dos deputados cassados. “José Sarney lidera a campanha contra a cassação de Deputados”, quatro dias depois de 31 de março. No AI-5, fui o único governador que não o apoiou”.

...“Assim, agora, das acusações que me foram feitas nas diversas representações apresentadas ao Conselho de Ética, nenhuma se refere a qualquer coisa relacionada com dinheiro, prática de atos ilícitos ou desvio de dinheiro público. Todas são respaldadas, sem nenhuma exceção, por recortes de jornal. Há diversas decisões da Justiça que não autorizam a abertura de processo por recortes de jornais”.

...“Na coerência do meu passado, não tendo cometido nenhum ato que desabone minha vida, não tenho senão que resistir. Foi a única alternativa que me deram. Todos aqui somos iguais. Nenhum senador é maior do que outro e por isso não pode exigir de mim que cumpra sua vontade política de renunciar. Permaneço pelo Senado, para que ele saiba que me fez presidente para cumprir o meu mandato. Repito: do que me acusam? Quero ser objetivo e vou entrar em pontos tópicos que constam das denúncias, sem fugir a nenhum deles a ser tratado”.

ATOS SECRETOS

“...Entram na Intranet do Senado cerca de quatro mil publicações por ano. Nos nove anos em que ela existe, não se sabe por qual motivo, 511 atos não foram incluídos na rede, uma média anual de 56 atos, ou seja, 0,84% das publicações administrativas. Dos 663 atos assinados considerados secretos, foi verificado que 152 tinham sido publicados no Diário do Senado Federal, não na intranet, no Diário do Senado, ficando em 511. Destes, 358 são de movimentação de pessoal, rotina da Casa, e 36 foram da Mesa, aprovados pelo plenário do Senado Federal. Afirmaram, contudo, que fui o responsável por todos esses atos. E a opinião pública passou a receber assim essas informações erradas, deformadas e incompletas. Os meus são 33 e, para a Nação inteira, foi dito que eu era responsável por todos os atos secretos. Nenhum de nós, presidentes, sabia da não publicação desses atos. Eles não eram assinados pelo presidente e, sim, às vezes, pelo 1º secretário, pelo diretor-geral, por outros diretores e por outros chefes da Casa na movimentação de pessoal”. “Determinei a abertura de inquérito logo que foram denunciados, com a assistência do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União. Este inquérito foi remetido à Polícia Federal; está na Polícia Federal”.

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