segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A MENTALIDADE ATRASADA DO ARNALDO JABOUR

O TUCANO ARNALDO JABOR, EM PALESTRA NO 4º CONGRESSO DO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS, ONDE ESTAVA A NATA DE ESPECULADORES FINANCEIROS, VEJAM O QUE PENSA O FUNCIONÁRIO DA REDE GLOBO. http://oglobo.globo.com/economia/derivativos/mat/2009/08/29/atraso-nos-protegeu-contra-crise-diz-jabor-767382798.asp



“O MUNDO ESTA A REBOQUE DAS MUTAÇÕES ECONOMICAS, HÁ UM PROCESSO MUTANTE DAS FINANÇAS INTERNACIONAIS QUE É DIFICIL DE SEGURAR E ENTENDER”.

O TUCANO QUE SEMPRE DEFENDEU O MERCADO COMO DEUS MAIOR, FOI BAJULAR OS ESPECULADORES.

NÃO ASSSUME O SEU LACAISMO E DEFENDE DE FORMA ENVERGONHADA O INDEFENSÁVEL. QUE DIREITINHA SEM VERGONHA.

A POLITICA ECONOMICA PRATICADA NO MUNDO É DE FAVORECIMENTO CAPITAL ESPECULATIVO, QUE LEVOU O MUNDO A “CRISE”. NA VERDADE ESTE CAPITAL ESPECULATIVO, MONOPOLISTA, SEM QUALQUER LIGAÇÃO COM A PRODUÇÃO FOI O RESPONSÁVEL POR ESTA SITUAÇÃO DE FALÊNCIAS, DE DESEMPREGO, PRINCIPALMENTE NOS PAÍSES DA EUROPA E NOS EUA.

O MERCADO NO CAPITALISMO DEIXOU DE EXISTIR A MUITO TEMPO, E NA FASE ATUAL DESTE, O QUE PREVALECE É A DOMINAÇÃO DO FINANCEIRO, SOBRE O CAPITAL ESTRITAMENTE LIGADO A PRODUÇÃO.

O MUNDO NÃO ESTA A REBOQUE DAS MUTAÇÕES ECONOMICAS, HÁ UMA CRISE DO CAPITALISMO NA SUA FASE IMPERIALISTA. DA TRANSFERÊNCIA DE RIQUEZAS DOS POVOS, PARA O ENRIQUECIMENTO DE POUCOS, À CUSTA DA MISÉRIA DE BILHÕES DE SERES HUMANOS. O QUE SE FAZ NECESSÁRIO É A SUPERAÇÃO DESTE SISTEMA. NÃO ENTENDER ISSO, MAS CREIO QUE ELE ENTENDE, MAS ELE ESTAVA ALI PARA AGRADAR OS QUE LHE PAGAM.

DIZ MAIS O TUCANO JABOR:

“ O BRASIL SE ORGANIZOU E CONSEGUIU SE PROTEGER DA CRISE, MAS FOI O ATRASO DO PAÍS QUE FUNCIONOU COMO BLINDAGEM”. RSRSRSRSRS. ESTE ARNALDO JABOR, NÃO PODE ESTA FALANDO SÉRIO OU ENTÃO É MUITO PUXA-SACO. E DIZ MAIS, “O ATRASO NOS PROTEGEU (RSRSRSRS). “A DEPENDÊNCIA DO ESTADO QUE AINDA TEMOS HOJE, O CONTROLE A CENTRALIZAÇÃO QUE HÁ NO GOVERNO E NA CABEÇA DAS PESSOAS ACABARAM NOS PROTEGENDO DA CRISE”. TORCEU E MUITO QUE O BRASIL ENTRASSE NA CRISE, AINDA IRONIZOU O PRESIDENTE LULA, COMO É DE SEU COSTUME RECALCADO, QUANDO ESTE , O PRESIDENTE, DISSE QUE AQUI SERIA UMA MAROLINHA. O FUNCIONÁRIO DA REDE GLOBO EXPÕE SEU PENSAMENTO DE TUCANO ABERTAMENTE. O QUE ELE DIZ MOSTRA SEU PENSAMENTO, OU DE LACAIO, PUXA SACO, OU PENSA QUE NÓS SOMOS IDIOTAS.

CONTINUA O TUCANO JABOR:

“AS REGRAS QUE O GOVERNO ESTA CRIANDO PARA CONTROLAR O PRÉ-SAL MOSTRAM BEM ESSA NECESSIDADE”. A NECESSIDADE DELE JABOUR E DOS SEUS PATÕES É ENTREGAR A PRODUÇÃO DE PETROLEO NÃO A PETROBRAS, ESTA TERIA QUE SER “VENDIDA”, MUDAR DE NOME, OU MELHOR, ENTREGAR AO “MERCADO”, O “MERCADO” DAS MULTINACIONAIS, DAS SETE IRMÃS, SHEL, TEXACO E ETC... E FICAR NO CONTROLE NÃO DO POVO BRASILEIRO, MAS DOS MODERNINHOS DAS MULTIS

TEM MAIS DO TUCANO JABOUR:

“O PRESIDENTE LULA, VOLTOU A CRIAR NO PAÍS UMA CONFUSÃO IDEOLÓGICA DE QUE O ESTADO DEVE PREVALECER SOBRE A SOCIEDADE, SOBRE OS EMPRESÁRIOS”.

QUE CONFUSÃO SE REFERE O SERVIÇAL DA REDE GLOBO?

DEVE SER PORQUE O PRESIDENTE LULA, PARALIZOU A POLITICA NEO-ENTREGUISTA QUE ELES DEFENDEM, E PRATICARAM. É OBVIO JABOR, QUE O ESTADO TEM QUE SER FORTALECIDO. QUANTO MAIS ESTADO MELHOR, MAIS SOMOS SOBERANOS, MAIS O PAÍS CRESCE MAIS SE GERA EMPREGO. MAIS A ECONOMIA DESENVOLVE-SE. SE ISTO É CONFUSÃO IDEOLÓGICA, NÃO É NA NOSSA CABEÇA E SIM NA SUA E NOS SEUS PARCEIROS.

O QUE DESMITIFICOU FOI A CANTILENA DE QUE O ESTADO DEVERIA SAIR DA ECONOMIA E ETC. O ESTADO SÓ SERVIA PARA PAGAR OS JUROS ASTRONÔMICOS DAS DÍVIDAS INTERNAS E EXTERNAS, NA SUA CONCEPÇÃO IDEOLÓGICA, CONFUSA.

QUANTO MENOS SERVIDORES PÚBLICOS, MENOS SAUDE, EDUCAÇÃO, CASAS POPULARES, MENOS TRANSPORTES, FORÇAS ARMADAS SUCATEADAS, MAIS DINHEIRO SOBRA PARA ESTES A QUEM VOCE FAZ PALESTRA. ESTA CANTILENA BARATA DE MAIS “MERCADO”, MENOS ESTADO SAIU DE MODA. O JABOR VIUVA TUCANA, AINDA FICA COM ESSE DISCURSINO DE FINAL DE FEIRA, DE CHEPA.

VOCES TUCANOS E A MIDIA COLONIZADA PREFEREM É TERCERIZAR, O SERVIÇO PÚBLICO, INCLUSIVE AS FORÇAS ARMADAS. OU QUE O BRASIL FIQUE COMO OS TUCANOS E A MIDIA COLONIZADA-LACAIA , AGACHADOS AOS INTERESSES DESTES ESPECULADORES, GEORGE SOROS E CIA.

“ O PAC NÃO É CONCRETO” DIZ O TUCANO-JABOR. É SÓ IR ÀS COMUNIDADES DO COMPLEXO DO ALEMÃO, ROCINHA E ETC, E AS CENTENAS DE OBRAS, QUE SE REALIZAM PAÍS AFORA E VERÁ MUITO CONCRETO, RSRSRSRS.

CONTINUA A SUA VERBORRÉIA, COMO PODE OS PARTICIPANTES DESTE CONGRESSO ATURAR ISSO: “HÁ UMA GUERRA ENTRE O ATRASO (O BRASIL E O POVO) E A MODERNIZAÇÃO (GEORGE SOROS, CITIBANK, ROCKEFELLER, HSBC, TELEFONICA E ETC). “MAS O PROGRESSO TECNOLÓGICO (SIC), FAZ AUMENTAR A SABEDORIA, E A DIGITALIZAÇÃO DO MUNDO, SÃO”. FATORES EXTERNOS QUE ENTRARÃO NO BRASIL E CONTINUARÃO COM A MODERNIZAÇÃO FALA O JABOR TUCANO

ESSE “INTELECTUAL” DA REDE GLOBO CONFUNDE O ATRASO COM MODERNIDADE. ATRASO É SE VIVESSEMOS DEBAIXO DESTES ESPECULADORES, SE SUBMETENDO AOS SEUS INTERESSES. ESTES SEUS PATRÕES NÃO QUEREM O DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO DO BRASIL E DE SEU POVO.

MODERNIDADE É O PAC É AFIRMAÇÃO DA NOSSA SOBERANIA, EM TODOS OS NÍVEIS, É A GERAÇÃO DE EMPREGOS É O QUE FAZ O PRESIDENTE LULA. A MODERNIZAÇÃO DE QUE VOCE PREGA NÓS DISPENSAMOS, PODE FICAR COM ELA PARA VOCE.

O COLLOR, NÃO MOSTROU OS DEFEITOS DO BRASIL, COMO VOCE AFIRMA. NÓS O RETIRAMOS DO PODER PORQUE ELE REPRESENTAVA ESTES INTERESSES, QUE VOCE DEFENDE. O DEFEITO ERA DELE QUE NÃO FEZ O QUE O BRASIL PRECISAVA, TENTOU JOGAR-NOS NO ATRASO. MAS FEZ ALGUNS ESTRAGOS, ASSIM COMO O GOVERNO LACAIO DE FHC. QUEBRANDO MILHARES DE INDÚSTRIAS, “PRIVATIZANDO” O PATRIMONIO DO POVO, COM DINHEIRO DO BNDES, FAVORECENDO AS MULTIS QUE EMPURRARAM PARA DENTRO DO PAÍS SUAS SUCATAS, QUE NÃO TEM NADA DE MODERNO DE TECNOLOGIA.

O BRASIL ESTA INTEGRADO AO MUNDO COM O PRESIDENTE LULA DE FORMA SOBERANA. E NÃO DA MANEIRA QUE OS TUCANOS-LACAIOS QUERIAM, SUBMISSO AOS INTERESSES DA ELITE-ESPECULATIVA-BÉLICA-FASCISTAS DOS EUA

“ SE A MARCHA TECNOLÓGICA CONTINUAR NO MUNDO, (SIC) QUEBRADO E EM CRISE,) O PATRIMONIALISMOS NO BRASIL SERA QUEBRADO.”

QUANTO AO QUE VOCE CHAMA DE “PATRIMONIALISMO”, NÃO SERÁ QUEBRADO COMO É A VONTADE DE VOCES TUCANOS E A MIDIA COLONIZADA. ATÉ QUE TENTARAM, MAS NÓS OS RETIRAMOS DO PODER A QUASE SETE ANOS, COM O PRESIDENTE LULA. E EM 2010 DAREMOS CONTINUIDADE E LEVARÃO OUTRA SURRA. AHAHAHAHAH!!

O QUE FOI E ESTA CONSTRUIDO NO BRASIL É SANGUE E SUOR DO POVO BRASILEIRO

É NOSSO PATRIMONIO, SIM! DO BRASIL!

E NENHUM LADRÃO VAI METER A MÃO NA PETROBRÁS, BANCO DO BRASI, CORREIOS, CAIXA ECONOMICA, ELETROBRÁS E ETC. AINDA VAMOS RETORMAR DE VOLTA A VALE DO RIO DOCE.

QUANDO VOCE DIZ QUE NÃO TEMOS “PASSADO E PRESENTE”. ENGANO SEU. VOCE NEGAR O SEU PASSADO E SEU PRESENTE E FICAR A SERVIÇO DOS ESPECULADORES, “INVESTIDORES”, QUE FICAM A ROUBAR PELO MUNDO AS NAÇÕES, PROBLEMA SEU.

MAS ESTA NAÇÃO, BRASIL FOI CONSTRUIDA DESDE OS GUARARAPES, ZUMBI, TIRADENTES, JOSÉ BONIFÁCIO, PEDRO I, DUQUE DE CAXIAS, DEODORO, GETULIO VARGAS E TANTOS OUTROS ATÉ O PRESENTE PELO PRESIDENTE LULA, PELOS BRASILEIROS DE BOA ÍNDOLE. E O FUTURO PERTENCERÁ AO POVO BRASILEIRO. E TEM RAZÃO O FUTURO NÃO SERÁ O SEU “MODERNISMO”, ESTE VAI PARA O LIXO DA HISTÓRIA E ALGUNS IRÃO PARAR NO XILINDRÓ, NO PRESENTE.

AOS KALABARES E SILVÉRIO DOS REIS, LACERDISTAS, TIVERAM O DESTINO QUE TIVERAM, PORQUE TRAIRAM O BRASIL.

CUIDADO! QUEM MUITO SE AGACHA ACABA MOSTRANDO OS FUNDILHOS.

AYLTON MATTOS


sábado, 29 de agosto de 2009

Ziuganov: “acordo Molotov-Ribbentrop permitiu à URSS VENCER O FASCISMO

Ziuganov: “acordo Molotov-Ribbentrop permitiu

à URSS vencer o fascismo”
Há 70 anos, no dia 23 de agosto, foi firmado o Pacto de Não Agressão germano -soviético, “graças ao qual a União Soviética conseguiu vencer o fascismo”, afirmou o presidente do Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa e líder da bancada comunista na Duma (Congresso Nacional), Guen-nadi Ziuganov.

“José Stalin tomou a genial e única decisão possível naquelas condições históricas, quanto à assinatura do acordo de não agressão entre a URSS e Alemanha, que agora denominam pacto Molotov-Ribbentrop”, disse Ziuganov, em entrevista às revistas “Rossia” e “Politi-cheski klass”, de Moscou.

“Depois que a URSS não conseguiu chegar a um acordo com as ‘democracias’ ocidentais para frear a Alemanha fascista, essa medida sem precedentes foi adotada. Documentos publicados recentemente confirmam, mais uma vez, que era a única decisão correta para nosso país em umas condições em que os países do Ocidente incentivavam a maquinaria militar hitle-rista para avançar em direção à URSS, e eram necessários ao nosso país, como o ar, mais uns anos de respiro em paz para poder resolver as inadiáveis tarefas de fortalecimento da capacidade defensiva”, ressaltou o dirigente do PCFR.

“A sabedoria do político é uma questão fundamental. Quero sublinhar outra vez, que a decisão de fechar o pacto é uma das geniais decisões tomadas então e, o que não é casual, que hoje em dia lembrem dela todos os inimigos da Rússia e de nosso povo”, disse, advertindo que, “se o fascismo tivesse conseguido o que queria teria cercado toda a Europa de arames farpados, exterminando povos inteiros”.

Têm tentado recentemente reabilitar a campanha de falsificações sobre o Pacto de Não Agressão, iniciada praticamente em 1939, acusando o país que foi a força chave para a derrota do fascismo de ter colaborado com Hitler, sendo também responsável pelo início da II Guerra.

“Ao alcançar o acordo, Stalin ganhou a batalha pelo espaço e o tempo, transformando-se numa das garantias de nossa futura grande vitória em 1945”, assinalou Ziuganov, denunciando que o objetivo da campanha era e é manchar o prestígio e o papel de proa da URSS em todo o mundo obtido pelo heróico comportamento do povo soviético em Leningrado, Moscou, Stalingrado, Odessa, Minsk, Kursk, Brest, Kharkov, Smolensk, Tula, Kiev, Sebastopol e muitas outras batalhas contra Hitler e em defesa da Humanidade.

“Os serviços de contra-inteligência exterior soviéticos, conseguiram - em mais de uma ocasião - provas documentais, de que os Estados Unidos e uma série de países da OTAN se fixaram - e vêm desde há muitos anos colocando em prática - uma tarefa: conseguir por todos os meios que a União Soviética seja vista como Estado agressor, ou pelo menos, cúmplice ativo de Hitler na realização de suas aspirações e planos expansionistas na Europa e no mundo”, relatou Ziuganov.

“Isso explicaria a reanimação de momento da campanha anti-russa em relação com o 70º aniversário do Pacto Molotov-Ribbentrop, em particular a recente e tristemente célebre resolução da assembléia parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE): ‘Reunificação da Europa dividida: violação dos direitos humanos e as liberdades civis na região da OSCE no século XXI’. Instando a declarar o dia 23 de agosto, ou seja o dia da assinatura há 70 anos do pacto Molotov-Ribbentrop, dia em memória das vítimas do stalinismo e do nazismo, a OSCE na prática declara a Alemanha e a URSS responsáveis no mesmo grau pelo começo da Segunda Guerra Mundial”, frisou o dirigente comunista.

O PCFR encabeçando a maioria dos partidos do país, o governo russo, e cerca de 70 partidos comunistas e progressistas de todo o mundo condenaram essa resolução da OSCE.

Em 1948, o Ministério de Relações Exteriores da URSS, em resposta à campanha promovida pelos setores imperialistas nos EUA a respeito do Pacto de Não Agressão assinado com a Alemanha em 1939, emitiu o documento “Nota sobre os falsificadores da História”, rico em informações que não podem ser desmentidas. A mídia imperialista, não podendo responder a ele, resolveu escondê-lo.

Ibope, Globo, Folha e a metodologia do golpismo

Desde as eleições presidenciais de 1989, os “magos” de institutos de pesquisa são tratados pela grande imprensa como grãos-senhores da opinião pública, cientistas políticos dotados do preceito positivista da infalibilidade. Era de se esperar que os especialistas adulados soubessem que cair no canto da sereia midiática pode conduzir suas naus à boca do Adamastor ou espalhar-se no invisível Cabo das Tormentas.

A entrevista concedida pelo presidente do Ibope Carlos Augusto Montenegro à revista Veja (edição 2127, de 26/8/2009) bate de frente com o rochedo da verdade, lançando uma nuvem de suspeita sobre os rigores científicos de futuras pesquisas, seus modelos matemáticos e estatísticos.

Ao afirmar que “sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia”, Montenegro incorreu em erro primário. Ou o narcisismo excedeu os limites toleráveis, ou a má-fé já não se preocupa em vestir disfarces.

Um “pesquiseiro” pode ter uma expectativa a priori sobre os resultados (ou ninguém testaria hipóteses) e expô-la ao cliente – confidencialmente. Até deve, se achar que não é recomendável gastar tempo, dinheiro e esforço com pesquisa redundante. Mas não é disso que tratamos. É de coisa bem distinta. É do que diz o presidente de uma instituição com conhecidos vínculos com corporações midiáticas a uma revista que não esconde o protofascismo de sua linha editorial.

Dados, só com sondagem realizada

Ao emitir juízo de valor sobre a ministra Dilma que, apesar das evidências, ainda não confirmou sua pré-candidatura, o analista incorreu em duplo erro: ético e metodológico. Quando diz que Dilma não dispõe de carisma, simpatia ou jogo de cintura, Montenegro parece ter se esquecido que sua empresa vai ser solicitada a fazer pesquisa de opinião sobre o objeto dos comentários. Suas afirmações podem criar uma pré-percepção de predisposição. O que, convenhamos, é um desastre para a credibilidade do grupo que preside.

Em outro trecho, quando perguntado pelo jornalista Alexandre Oltramari sobre as possibilidades das candidaturas aventadas até o momento, o economista, habituado a realizar pesquisas em diversos setores, vaticina: “Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006.”

Lorota. Em 1994, pesquisa sobre intenção de voto do Datafolha dava 41% para Lula contra 19% para FHC. O tucano ganhou o pleito no primeiro turno. Em 1998 e 2006 tivemos reeleições e os favoritos eram os candidatos a elas, respectivamente FHC forte (cf. “estelionato cambial”) e Lula, se não diretamente enfraquecido, pelo menos alvejado pelo “mensalão”. Coisa bem diferente de agora.

Montenegro deveria saber que só tem que apresentar dados em cima de um parecer quantitativo que foi extraído de sondagem efetivamente realizada. Do contrário, como faz nessa entrevista, parece querer induzir futura pesquisa ou dar uma opinião pessoal, já dizendo, mesmo antes de fazê-la, qual vai ser o resultado. Conspiracionismos à parte, algo soou estranho nas “amarelinhas” da revista dos Civita.

Uma notinha indispensável

Nossa grande imprensa progride. Já havia abandonado a verdade factual para fazer campanha. Agora, faz pouco da verdade textual também.

A Folha de S.Paulo (“Apoio de petistas a Sarney é insustentável, diz Marina”, 23/08, página A4) falseia (deliberadamente?) as palavras da senadora Marina Silva.Diz o texto de Marta Salomon: “[Marina Silva] lançou mão de personagens da Bíblia para comparar a candidatura Dilma Rousseff e uma candidatura pelo PV à luta entre o gigante Golias e Davi.” Diz a senadora: “(...) não imagino que a candidatura do PT é Golias e nem tenho a pretensão de ser o Davi (...).” Portanto, e ao contrário do afirmado no texto redacional, a senadora “lança mão de personagens da Bíblia” para expor como descabida tal comparação.

O Globo já foi obrigado, no sábado [22/8], a se retratar pela manchete falsa da véspera, denunciada pela senadora no plenário do Senado, com transmissão ao vivo pela emissora da Casa. A Folha, que tem por política não se retratar de falsidades, vai esperar também ser – merecidamente – denunciada de público?

A profissão de fé jornalística nunca esteve tão em alta.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador da Hora do Povo e do Observatório da Imprensa

“Suplicy já mostrou tomates e quis exibir cadáver aqui”, lembrou Sarney

“Suplicy já mostrou tomates e quis exibir cadáver aqui”, lembrou Sarney


O presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), considerou que a cena promovida pelo senador Eduardo Suplicy (PT/SP) no plenário, na última terça-feira (25), ao mostrar um cartão vermelho pedindo sua renúncia, não passou de uma exibição voltada meramente para os holofotes da mídia.
“O Suplicy tem mostrado aqui coisas assim. Ele mostrou ao Delfim Neto tomates, uma vez quis mostrar o cadáver de uma moça que tinha sido assassinada, de maneira que ele gosta de utilizar esses métodos”, afirmou Sarney.
Ao lembrar que não é a primeira vez que Suplicy recorreu a esse tipo de expediente, Sarney disse que não se surpreendeu com o gesto do senador. “Ele mostrou o cartão vermelho, eu prefiro o cartão verde, eu prefiro o cartão branco, sou um homem de paz. Cartão vermelho dá uma expressão de agressão que ele tinha presente, mas aquilo tudo era uma coisa midiática”,

Aepet: leilão no pré-sal não tem justificativa



A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) defendeu o retorno da lei 2.004 na definição das novas regras para a política nacional do petróleo, assinalando que durante seus 44 anos de existência “ela permitiu a auto-suficiência do Brasil (95% da produção atual são de poços descobertos antes da lei 9.478) e deu condições para a Petrobrás investir e descobrir o pré-sal”.


Em nota, a Aepet pediu a substituição da lei 9.478, aprovada no governo tucano de Fernando Henrique, em 1997. Segundo a entidade, a legislação atual é altamente favorável às multinacionais e foi elaborada sob a alegação de atrair investimento externo, que correria riscos elevados para exploração de novas áreas, “condição totalmente diferente das condições do pré-sal”.


“A Petrobrás pesquisou por trinta anos essa nova modalidade de reservatório, uma província inédita e, quando a tecnologia permitiu, perfurou o primeiro poço e achou o que ela esperava. Em seguida perfurou mais 10 poços nos diferentes blocos por ela adquiridos e achou óleo em todos, confirmando suas expectativas. Logo, não existem mais riscos para essa província, ficando inaplicável a lei 9478”, frisa a nota.


A entidade defendeu ainda o fim dos leilões e a contração da estatal para desenvolver o pré-sal, enfatizando que a legislação atual burlou a Constituição Federal que assegura a propriedade da União sobre “as jazidas de petróleo e o produto de sua lavra”. Segundo a Aepet, a Petrobrás tem todas as condições de obter os recursos financeiros para atuar no pré-sal, já que “a garantia mais sólida para esse fim é ter a concessão de petróleo”.
* FERNANDO SIQUEIRA - PRESIDENTE AEPET


O LEGADO HUMANISTA DE TED KENNEDY

Faleceu aos 77 anos, de câncer no cérebro, o senador democrata Edward Kennedy, o mais respeitado parlamentar dos EUA pelo papel que desempenhou nas últimas décadas pelos direitos dos negros; pelas causas dos trabalhadores; em favor dos pobres, das crianças e dos imigrantes; por um sistema universal de saúde; e contra a guerra do Vietnã e contra a invasão do Iraque. Ele será sepultado no sábado no Cemitério Nacional de Arlington, ao lado dos irmãos John, o presidente, e Robert, ministro e senador, assassinados na década de 60.

“Ted” Kennedy – como era carinhosamente chamado -, também teve um papel chave na indicação de Barack Obama como candidato democrata a presidente, ao declarar seu apoio, praticamente definindo a disputa no partido. Em 2002, no que considerou depois “o melhor voto que ele havia dado no Senado”, ele votou contra a invasão do Iraque. Atitude que assumiu quase que sozinho. Em 2003, pouco depois da ocupação do Iraque, ele proferiu um discurso em que denunciou que a invasão do Iraque já vinha sendo tramada desde os primeiros dias do governo Bush e bem antes do 11 de Setembro, e que não havia nenhuma relação de Sadam com a Al Qaeda, nem armas de destruição em massa.

Filho de uma família milionária, foi capaz de se identificar com os desprotegidos, os pobres, os negros. Tornou-se conhecido como o “Leão do Senado” – e, ao mesmo tempo, sabia como atrair os mais inesperados apoios, para avançar a luta a que se propunha. Como no caso do MK-Ultra, o projeto de lavagem cerebral da CIA, que investigou e denunciou, com o apoio do ultra-conservador senador Barry Goldwater.

Sobre os irmãos John e Bob, dizia que “pensava neles todos os dias”. “Eles firmaram padrões elevados. Às vezes você consegue, às vezes, não”. O episódio de Chappaquiddick, em que seu carro mergulhou num rio, ele conseguiu escapar, mas morreu afogada uma mulher a quem dera carona, após uma festa, inviabilizou sua candidatura a presidente no início da década de 70. Em 1980, na eleição que depois Jimmy Carter perdeu para Ronald Reagan, Edward Kennedy disputou a indicação do partido à presidência e perdeu. Concentrou, então, todas as suas energias ao Senado, onde esteve por 47 anos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O DESAFIO DOS KENNEDY


Gabriel Molina

EDWARD Kennedy arrastou até seu último alento o desafio da família: sanear a suja política dos Estados Unidos.

Numa reflexão de abril último, Fidel reconhecia essa família, especialmente o assassinado presidente John F. Kennedy (JKF), como representante "de uma nova geração de norte-americanos que enfrentava a velha e suja política de homens da laia de Nixon e tinha-o derrotado com muito talento político".

Agora se dedica atenção à última importante batalha de Edward: levar o Medicare (seguro médico) aos quase 50 milhões de norte-americanos que não o têm. Contudo, não se deve esquecer a decisiva participação dos Kennedy, chefiados ultimamente por ele, na vitória eleitoral de Barack Obama. Sem esse triunfo nem se sequer se podia pensar em debater o Medicare. Sem esse apoio moral, político e financeiro, provavelmente, continuaria no poder a suja saga dos Bush e dos Nixon.

Para o líder cubano não era fácil a madura análise de um clã que executou uma frustrada invasão contra Cuba, um eventual ataque nuclear e várias tentativas de magnicídio. Prevaleceu em sua análise a contenção, o autocontrole demontrado por JFK, apesar das poderosas pressões da CIA e do Pentágono.

Prevaleceu também o reconhecimento à retificação que mostraram John e Robert desde o desfecho da ameaça nuclear. Foi tanta essa vontade, que contribuiu em boa medida a inspirar a conspiração para assassinar o presidente, como reconheceu o relatório da Comissão do Congresso que investigou o atentado de 22 de novembro de 1963. Ninguém pôde negar que os conspiradores deram passos importantes para acabar com a Revolução cubana, fabricando cumplicidades com Lee Harvey Oswald, o suposto atirador solitário.

Prevaleceu o respeito aos objetivos dessa família, empenhada em mudar a suja política nacional e internacional, simbolizada nos últimos 70 anos por três gerações dos Bush. A luta de Robert Kennedy para acompanhar as ideias de seu irmão, também no tocante a Cuba, conduziram também à menos conhecida conspiração para assassiná-lo igualmente em junho de 1968, quando investido pela candidatura dos democratas que ganhou, sua popularidade ameaçava de levá-lo à presidência dos Estados Unidos.

A sinceridade dessas análises se evidenciou no respeito com que os irmãos sobreviventes e seus descendentes trataram desde então Fidel Castro e a Revolução cubana. John John Kennedy, o filho do finado presidente, foi um dos membros do clã que vieram a Havana para conhecê-lo. O suspeitoso acidente de aviação em que morreu o jovem de 38 anos, que se encarregou de manter viva a tradição dos Kennedy, ocorreu várias semanas antes da longa entrevista para sua revista, que tinham previsto para dezembro de 1999 desde o primeiro encontro. Ele relatou em várias páginas do semanário Paris Match as gratas impressões que teve de Fidel.

Todos os autores concordam que Edward, o caçula dos irmãos Kennedy, levava também consigo a mística da família. Comprovei isso, pessoalmente, no porão do prédio do Capitólio em Washington, quando foi divisado pela numerosa concorrência. Todos corriam para falar com ele ou ao menos vê-lo de perto.

"Durante cinco décadas (1962-2009), praticamente, toda peça legislativa importante para promover os direitos civis, a saúde e o bem-estar econômico do povo estadunidense, levou seu nome e frutificou por seu esforço", disse Obama.

O The New York Times lembrou na quarta-feira, 26 de agosto, como Ted Kennedy se apresentou na campanha eleitoral, em agosto do ano passado, já ferido de morte por um tumor cancerígeno na cabeça. Edward abalou os deputados à Convenção Nacional Democrata em Denver, ao declarar com voz cheia: " Vim nesta noite para ficar ao lado de vocês e para mudar a América, para restaurar o futuro, para nos elevar até nossos melhores ideais elegendo Barack Obama como presidente dos Estados Unidos".

A contribuição moral, política e financeira dos Kennedy foi decisiva, inclusive, para ganhar de Hillary Clinton. A partir desse momento mudou o panorama eleitoral.

"Um importante capítulo de nossa história acabou. Nosso país perdeu um grande líder, que levantou a tocha de seus irmãos falecidos e se converteu no mais grande senador dos Estados Unidos de nossos tempos", acrescentou o jornal.

Mas a mídia dos EUA não deixava de vinculá-lo também com semelhantes aventuras amorosas que as de seus irmãos. O The New York Times também explica como as aspirações à Casa Branca que todos os observadores lhe prognosticavam em substituição de seus irmãos assassinados, se frustraram em 1969 pelo trágico incidente no qual morreu a jovem de 28 anos Mary Jo Kopechne, colaboradora de seu irmão Robert. Ela se afogou quando o acompanhava ao sair de uma festa. O carro que dirigia caiu na água em Chappaquiddick (pequena ilha do elegante balneário de Martha’s Vineyard, em Massachussetts), ao derrapar, quando tentava passar a ponte. Edward Kennedy conseguiu se salvar, mas tardou dez horas em informar do acidente, o qual o fez vulnerável às contingências de uma campanha para ocupar a presidência.

Os Kennedy apontaram para Obama desde o ano passado como o homem que poderia continuar os sonhos de mudança de John. Os acontecimentos destes anos fizeram com que surgissem temores não infundados de que a história se repita. É uma possibilidade difícil, mas inegável e que já refletiu alguns sintomas e semelhanças. A ofensiva anunciada pela atuação da CIA em suas campanhas contra o terrorismo, quer sejam em Guantánamo quer na Colômbia, ilustram alguns desses sintomas. Não estamos em 1963 nem em 1968, quando foram assassinados os Kennedy. Porém... a própria imprensa dos Estados Unidos está chamando atenção para isso, como apontou Fidel há uns dias.

O DESAFIO DOS KENNEDY

O desafio dos Kennedy
• Edward, o caçula de JFK e Robert, morreu

Gabriel Molina

EDWARD Kennedy arrastou até seu último alento o desafio da família: sanear a suja política dos Estados Unidos.

Numa reflexão de abril último, Fidel reconhecia essa família, especialmente o assassinado presidente John F. Kennedy (JKF), como representante "de uma nova geração de norte-americanos que enfrentava a velha e suja política de homens da laia de Nixon e tinha-o derrotado com muito talento político".

Agora se dedica atenção à última importante batalha de Edward: levar o Medicare (seguro médico) aos quase 50 milhões de norte-americanos que não o têm. Contudo, não se deve esquecer a decisiva participação dos Kennedy, chefiados ultimamente por ele, na vitória eleitoral de Barack Obama. Sem esse triunfo nem se sequer se podia pensar em debater o Medicare. Sem esse apoio moral, político e financeiro, provavelmente, continuaria no poder a suja saga dos Bush e dos Nixon.

Para o líder cubano não era fácil a madura análise de um clã que executou uma frustrada invasão contra Cuba, um eventual ataque nuclear e várias tentativas de magnicídio. Prevaleceu em sua análise a contenção, o autocontrole demontrado por JFK, apesar das poderosas pressões da CIA e do Pentágono.

Prevaleceu também o reconhecimento à retificação que mostraram John e Robert desde o desfecho da ameaça nuclear. Foi tanta essa vontade, que contribuiu em boa medida a inspirar a conspiração para assassinar o presidente, como reconheceu o relatório da Comissão do Congresso que investigou o atentado de 22 de novembro de 1963. Ninguém pôde negar que os conspiradores deram passos importantes para acabar com a Revolução cubana, fabricando cumplicidades com Lee Harvey Oswald, o suposto atirador solitário.

Prevaleceu o respeito aos objetivos dessa família, empenhada em mudar a suja política nacional e internacional, simbolizada nos últimos 70 anos por três gerações dos Bush. A luta de Robert Kennedy para acompanhar as ideias de seu irmão, também no tocante a Cuba, conduziram também à menos conhecida conspiração para assassiná-lo igualmente em junho de 1968, quando investido pela candidatura dos democratas que ganhou, sua popularidade ameaçava de levá-lo à presidência dos Estados Unidos.

A sinceridade dessas análises se evidenciou no respeito com que os irmãos sobreviventes e seus descendentes trataram desde então Fidel Castro e a Revolução cubana. John John Kennedy, o filho do finado presidente, foi um dos membros do clã que vieram a Havana para conhecê-lo. O suspeitoso acidente de aviação em que morreu o jovem de 38 anos, que se encarregou de manter viva a tradição dos Kennedy, ocorreu várias semanas antes da longa entrevista para sua revista, que tinham previsto para dezembro de 1999 desde o primeiro encontro. Ele relatou em várias páginas do semanário Paris Match as gratas impressões que teve de Fidel.

Todos os autores concordam que Edward, o caçula dos irmãos Kennedy, levava também consigo a mística da família. Comprovei isso, pessoalmente, no porão do prédio do Capitólio em Washington, quando foi divisado pela numerosa concorrência. Todos corriam para falar com ele ou ao menos vê-lo de perto.

"Durante cinco décadas (1962-2009), praticamente, toda peça legislativa importante para promover os direitos civis, a saúde e o bem-estar econômico do povo estadunidense, levou seu nome e frutificou por seu esforço", disse Obama.

O The New York Times lembrou na quarta-feira, 26 de agosto, como Ted Kennedy se apresentou na campanha eleitoral, em agosto do ano passado, já ferido de morte por um tumor cancerígeno na cabeça. Edward abalou os deputados à Convenção Nacional Democrata em Denver, ao declarar com voz cheia: " Vim nesta noite para ficar ao lado de vocês e para mudar a América, para restaurar o futuro, para nos elevar até nossos melhores ideais elegendo Barack Obama como presidente dos Estados Unidos".

A contribuição moral, política e financeira dos Kennedy foi decisiva, inclusive, para ganhar de Hillary Clinton. A partir desse momento mudou o panorama eleitoral.

"Um importante capítulo de nossa história acabou. Nosso país perdeu um grande líder, que levantou a tocha de seus irmãos falecidos e se converteu no mais grande senador dos Estados Unidos de nossos tempos", acrescentou o jornal.

Mas a mídia dos EUA não deixava de vinculá-lo também com semelhantes aventuras amorosas que as de seus irmãos. O The New York Times também explica como as aspirações à Casa Branca que todos os observadores lhe prognosticavam em substituição de seus irmãos assassinados, se frustraram em 1969 pelo trágico incidente no qual morreu a jovem de 28 anos Mary Jo Kopechne, colaboradora de seu irmão Robert. Ela se afogou quando o acompanhava ao sair de uma festa. O carro que dirigia caiu na água em Chappaquiddick (pequena ilha do elegante balneário de Martha’s Vineyard, em Massachussetts), ao derrapar, quando tentava passar a ponte. Edward Kennedy conseguiu se salvar, mas tardou dez horas em informar do acidente, o qual o fez vulnerável às contingências de uma campanha para ocupar a presidência.

Os Kennedy apontaram para Obama desde o ano passado como o homem que poderia continuar os sonhos de mudança de John. Os acontecimentos destes anos fizeram com que surgissem temores não infundados de que a história se repita. É uma possibilidade difícil, mas inegável e que já refletiu alguns sintomas e semelhanças. A ofensiva anunciada pela atuação da CIA em suas campanhas contra o terrorismo, quer sejam em Guantánamo quer na Colômbia, ilustram alguns desses sintomas. Não estamos em 1963 nem em 1968, quando foram assassinados os Kennedy. Porém... a própria imprensa dos Estados Unidos está chamando atenção para isso, como apontou Fidel há uns dias.
O desafio dos Kennedy
• Edward, o caçula de JFK e Robert, morreu

Gabriel Molina

EDWARD Kennedy arrastou até seu último alento o desafio da família: sanear a suja política dos Estados Unidos.

Numa reflexão de abril último, Fidel reconhecia essa família, especialmente o assassinado presidente John F. Kennedy (JKF), como representante "de uma nova geração de norte-americanos que enfrentava a velha e suja política de homens da laia de Nixon e tinha-o derrotado com muito talento político".

Agora se dedica atenção à última importante batalha de Edward: levar o Medicare (seguro médico) aos quase 50 milhões de norte-americanos que não o têm. Contudo, não se deve esquecer a decisiva participação dos Kennedy, chefiados ultimamente por ele, na vitória eleitoral de Barack Obama. Sem esse triunfo nem se sequer se podia pensar em debater o Medicare. Sem esse apoio moral, político e financeiro, provavelmente, continuaria no poder a suja saga dos Bush e dos Nixon.

Para o líder cubano não era fácil a madura análise de um clã que executou uma frustrada invasão contra Cuba, um eventual ataque nuclear e várias tentativas de magnicídio. Prevaleceu em sua análise a contenção, o autocontrole demontrado por JFK, apesar das poderosas pressões da CIA e do Pentágono.

Prevaleceu também o reconhecimento à retificação que mostraram John e Robert desde o desfecho da ameaça nuclear. Foi tanta essa vontade, que contribuiu em boa medida a inspirar a conspiração para assassinar o presidente, como reconheceu o relatório da Comissão do Congresso que investigou o atentado de 22 de novembro de 1963. Ninguém pôde negar que os conspiradores deram passos importantes para acabar com a Revolução cubana, fabricando cumplicidades com Lee Harvey Oswald, o suposto atirador solitário.

Prevaleceu o respeito aos objetivos dessa família, empenhada em mudar a suja política nacional e internacional, simbolizada nos últimos 70 anos por três gerações dos Bush. A luta de Robert Kennedy para acompanhar as ideias de seu irmão, também no tocante a Cuba, conduziram também à menos conhecida conspiração para assassiná-lo igualmente em junho de 1968, quando investido pela candidatura dos democratas que ganhou, sua popularidade ameaçava de levá-lo à presidência dos Estados Unidos.

A sinceridade dessas análises se evidenciou no respeito com que os irmãos sobreviventes e seus descendentes trataram desde então Fidel Castro e a Revolução cubana. John John Kennedy, o filho do finado presidente, foi um dos membros do clã que vieram a Havana para conhecê-lo. O suspeitoso acidente de aviação em que morreu o jovem de 38 anos, que se encarregou de manter viva a tradição dos Kennedy, ocorreu várias semanas antes da longa entrevista para sua revista, que tinham previsto para dezembro de 1999 desde o primeiro encontro. Ele relatou em várias páginas do semanário Paris Match as gratas impressões que teve de Fidel.

Todos os autores concordam que Edward, o caçula dos irmãos Kennedy, levava também consigo a mística da família. Comprovei isso, pessoalmente, no porão do prédio do Capitólio em Washington, quando foi divisado pela numerosa concorrência. Todos corriam para falar com ele ou ao menos vê-lo de perto.

"Durante cinco décadas (1962-2009), praticamente, toda peça legislativa importante para promover os direitos civis, a saúde e o bem-estar econômico do povo estadunidense, levou seu nome e frutificou por seu esforço", disse Obama.

O The New York Times lembrou na quarta-feira, 26 de agosto, como Ted Kennedy se apresentou na campanha eleitoral, em agosto do ano passado, já ferido de morte por um tumor cancerígeno na cabeça. Edward abalou os deputados à Convenção Nacional Democrata em Denver, ao declarar com voz cheia: " Vim nesta noite para ficar ao lado de vocês e para mudar a América, para restaurar o futuro, para nos elevar até nossos melhores ideais elegendo Barack Obama como presidente dos Estados Unidos".

A contribuição moral, política e financeira dos Kennedy foi decisiva, inclusive, para ganhar de Hillary Clinton. A partir desse momento mudou o panorama eleitoral.

"Um importante capítulo de nossa história acabou. Nosso país perdeu um grande líder, que levantou a tocha de seus irmãos falecidos e se converteu no mais grande senador dos Estados Unidos de nossos tempos", acrescentou o jornal.

Mas a mídia dos EUA não deixava de vinculá-lo também com semelhantes aventuras amorosas que as de seus irmãos. O The New York Times também explica como as aspirações à Casa Branca que todos os observadores lhe prognosticavam em substituição de seus irmãos assassinados, se frustraram em 1969 pelo trágico incidente no qual morreu a jovem de 28 anos Mary Jo Kopechne, colaboradora de seu irmão Robert. Ela se afogou quando o acompanhava ao sair de uma festa. O carro que dirigia caiu na água em Chappaquiddick (pequena ilha do elegante balneário de Martha’s Vineyard, em Massachussetts), ao derrapar, quando tentava passar a ponte. Edward Kennedy conseguiu se salvar, mas tardou dez horas em informar do acidente, o qual o fez vulnerável às contingências de uma campanha para ocupar a presidência.

Os Kennedy apontaram para Obama desde o ano passado como o homem que poderia continuar os sonhos de mudança de John. Os acontecimentos destes anos fizeram com que surgissem temores não infundados de que a história se repita. É uma possibilidade difícil, mas inegável e que já refletiu alguns sintomas e semelhanças. A ofensiva anunciada pela atuação da CIA em suas campanhas contra o terrorismo, quer sejam em Guantánamo quer na Colômbia, ilustram alguns desses sintomas. Não estamos em 1963 nem em 1968, quando foram assassinados os Kennedy. Porém... a própria imprensa dos Estados Unidos está chamando atenção para isso, como apontou Fidel há uns dias.

Multinacionais na América Latina: inavasão do IDE

Multinacionais na América
Latina: a invasão do IDE

A explosão dos Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE), em especial na América Latina, é um dos aspectos mais perniciosos da “globalização” neoliberal. Mais de 205 milhões de pobres e 79 milhões de indigentes é a realidade da região depois de vinte
anos de abertura total às multinacionais e privatizações

CÉDRIC DURAND E ALEXIS SALUDJIAN*

O período neoliberal está marcado por uma expansão espetacular das multina-cionais na América Latina. Consequentemente, essas companhias controlam na atualidade uma parte substancial das economias latino-americanas e contribuem para incrementar a integração desses países nas cadeias produtivas e financeiras mundiais.
A explosão dos Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) é um dos aspectos mais espetaculares da globalização neoliberal. Entre 1980 e 2005, o estoque de IDE no mundo se multiplicou por 18, e, na América Latina, por 24! Em termos de estoques, em 2005, na América Latina eles representavam (frente a 5% em 1990) cerca de 10% do total mundial [dados da UNCTAD]. Além dos paraísos fiscais do Caribe, o essencial da atividade das multinacionais na América Latina se concentra no México, Brasil, e, em menor medida, no Chile, Argentina, Venezuela e Colômbia.

Essencialmente, os investimentos nos países em desenvolvimento provêm dos países ricos. Assim, o estoque de IDE na América Latina em 2002 procedia em 27% dos Estados Unidos e em 40% de países europeus. A amplitude e a rapidez da progressão dos investimentos espanhóis no fim da década de 90 são especialmente impressionantes, até o ponto de recordar uma reconquista.

Comprova-se também um aumento dos fluxos sul-sul de IDE, mas estes se manifestam na América Latina, sobretudo, pelos fluxos intra-regionais dominados pelo Brasil, México e Argentina; os investimentos chineses na região são limitados, ao menos até 2005.

O controle dos recursos naturais é um dos principais motivos da presença das multinacionais na América Latina. Com relação às estratégias de conquista do mercado, antes dominado por setores como a indústria agro-alimentar e a automobilística, a passagem dos anos 90 se manifesta pela explosão dos investimentos em serviços, que representam na atualidade a metade do estoque de IDE. Desenvolvem-se especialmente nas atividades de infraestrutura (distribuição de água, eletricidade, gás e telecomunicações), nas atividades bancárias e financeiras e no comércio. Finalmente, as denominadas “estratégias eficientes” são importantes, com o desenvolvimento das maquiadoras (têxtil, embalagem...) e outros setores de exportação, como [as maquiadoras do setor] automobilístico no México, e um princípio de desenvolvimento das exportações de serviços deslocalizados (centros de chamadas, processamento de dados, indústria logística…).

CONTEXTO
FAVORÁVEL AOS IDE

As políticas derivadas do consenso de Washington desempenharam um papel crucial no auge dos IDE. Em primeiro lugar, as políticas orçamentárias e monetárias restritivas foram percebidas pelos meios de negócios internacionais como uma garantia de estabilidade macroeconômica, e sobretudo como uma limitação ao aumento dos salários. Por outra parte, a liberalização das trocas comerciais permite às multinacionais utilizar plenamente as vantagens relacionadas com sua implantação nos diferentes países, especialmente ao facilitar a conexão internacional das cadeias produtivas. Finalmente, as políticas de privatizações maciças das empresas públicas na segunda metade dos anos 90 ofereceram às multinacionais extraordinárias oportunidades de fazer negócios. A pacificação dos conflitos sociopolíticos é outro elemento apreciado pelos investidores: o fim das ditaduras aportou, ao menos por um tempo, uma legitimação democrática das regras favoráveis ao mercado adotadas pelas novas equipes governamentais formadas essencialmente nos Estados Unidos.

REFORÇO DAS GARANTIAS INTERNACIONAIS

Ao contrário do que ocorria no período anterior, as classes dirigentes consideram os investimentos das multinacionais um mecanismo imprescindível para o desenvolvimento. Um sintoma evidente dessa viragem é que as expropriações, muito frequentes até então, desapareceram totalmente em princípios da década de 80. Induzidos pelas instituições internacionais, os governos dos países da periferia se comprometeram em dezenas de acordos comerciais multilaterais, regionais ou bilaterais que incluíam cláusulas que garantiam os direitos dos investidores. Desenvolveu-se a noção jurídica de “expropriação indireta”; mobilizada especialmente nos acordos de investimento com os Estados Unidos, esta categoria jurídica particularmente perniciosa permite que as companhias estrangeiras “lesadas” por uma modificação das condições da atividade econômica obtenham compensações! (1)

A evolução jurídica supranacional a favor dos IDE se soma com a liberalização interna das leis sobre os investimentos estrangeiros. Os governos levantaram a maioria das restrições quando entraram as multinacionais e adotaram disposições que reforçavam os direitos de propriedade. Assim, desde princípios dos anos 90, o essencial das modificações da regulamentação sobre os IDE se fez a favor dos investidores. Em 2005, aparece um começo de movimento contrário, devido às dinâmicas políticas surgidas na América Latina: enquanto que 80% das modificações relativas à regulação dos IDE efetuadas no mundo nesse ano eram favoráveis às multinacionais, na América Latina, pelo contrário, 2/3 dos novos elementos introduzidos vão no sentido de um maior controle ou uma maior restrição dos IDE.

A CORRIDA DOS INVESTIDORES

Os países e os Estados de países federativos também se lançaram a uma competição entre eles para atrair os investidores estrangeiros: isenções fiscais, construção de infraestruturas ad hoc [isto é, com o objetivo de beneficiar empreendimentos estrangeiros], adaptação da legislação a seu pedido… nada era demasiado para os investidores estrangeiros. A instalação da Renault no Estado brasileiro do Paraná no fim dos anos 90 foi acompanhada de consideráveis vantagens concedidas pelo governo local: construção de infraestruturas adequadas, terrenos equipados entregues gratuitamente, financiamentos a preços reduzidos, diversas isenções fiscais de até 10 anos! (2). Essas vantagens concedidas ao capital produtivo estrangeiro, obviamente tinham um custo: quanto mais se acumulavam, mais se esfumavam os benefícios líquidos que podiam esperar os países receptores. Ainda que nem todos os países tiveram uma atitude tão ingênua: a China, por exemplo, que pode pressionar com a imensidão do seu mercado, conseguiu em numerosos casos impor-se às multinacionais que transferem as tecnologias. Não obstante, na América Latina, por regra geral, existiu uma atitude de atração passiva que foi desastrosa em muitos aspectos.

O IMPACTO DAS MULTINACIONAIS


1. O impacto socioeconômico em nível macro

Acreditando-se em certos economistas e centros de decisões políticas, a América Latina estaria iniciando um novo ciclo estável de crescimento econômico. A recuperação da economia argentina, da ordem de 8% de crescimento anual do PIB desde 2003, seria o melhor exemplo. O Brasil e o México, em menor escala, esperariam respectivamente 3,8 e 3,7% de crescimento desde 2004. Lendo esses resultados, é difícil acreditar que cinco anos antes toda a região tremia em razão da debacle argentina. Sem antecipar o futuro, é certo que a década de 90 e princípios da de 2000 estiveram marcadas por um desenvolvimento econômico relativamente lento e pela persistência de problemas sociais enormes. O desemprego massivo, em primeiro lugar, já que a taxa de desocupação, já elevada em relação às décadas anteriores, passou de 5,8% em 1990 para 11% em 2000, antes de descer timidamente para 8,6% em 2006 (3).

Esse número, sem dúvida, não deixa de ser uma aproximação, já que o trabalho informal em todas as suas formas afeta quase 50% da população ativa latino-americana. Os dados relativos à pobreza completam o quadro. Apesar de experimentarem um ligeiro retrocesso com respeito aos anos precedentes, a pobreza e a indigência ainda afetam 40% da população do subcontinente, ou seja, mais ou menos a mesma proporção de 1980!

Mais de 205 milhões de pobres e 79 milhões de indigentes é a realidade da América Latina depois de vinte anos de abertura total às multinacionais. Além disso, é a região menos igualitária do mundo.
2. As veias (sempre) abertas da América Latina

Além do impacto macroeconômico, alguns casos emblemáticos em nível micro ilustram os problemas específicos que colocam a chegada das multinacionais: exploração da vantagem competitiva dessas companhias à expensas de seus competidores locais, de seus fornecedores, dos salários e dos consumidores; alianças com os setores mais reacionários da sociedade; precarização das relações trabalhistas em razão da privatização de atividades correspondentes aos serviços públicos; contaminação permanente do meio ambiente e desestruturação das comunidades indígenas… o livro negro da atividade das multinacionais já é muito gordo e continua sendo escrito.

A PILHAGEM DA DISTRIBUIÇÃO E OS
BANCOS DO MÉXICO

Pobre México, na primeira linha para receber a expansão das multinacionais dos Estados Unidos! O gigante Wal-Mart cruzou o Rio Grande em princípios dos anos 90. Desafiando resistências populares como as que se dirigiram para impedir a construção de um supermercado nas proximidades de uma escavação arqueológica em Teotihuacan, esta multinacional se converteu na distribuidora número um e marginalizou seus competidores locais. Esta invasão brutal e poderosa no coração da economia mexicana se traduziu em um duplo prejuízo (4): em primeiro lugar, uma diminuição de 20% nos salários do setor entre 1994 e 2000, isto é, uma evolução pior que a de todos os demais setores; e, por outro lado, numa forte subida das importações e um controle crescente sobre os produtores locais que desembocou em um debilitamento do tecido produtivo nacional.

O setor bancário mexicano constitui outro caso “de manual”. Durante os anos 90, a liberalização dos IDE permitiu aos bancos estrangeiros, principalmente espanhóis (BBVA, Bancomer, Santander), britânicos (HSBC) e norte-americanos (Citigroup), açambarcar a maioria dos bancos locais mexicanos: desde 2002, mais de 90% dos ativos bancários estão controlados por companhias estrangeiras, enquanto que não havia nenhum banco estrangeiro em 1994! O resultado é ilustrativo: durante quase dez anos os créditos para a economia têm sido muito escassos, o que influiu negativamente no desenvolvimento da economia; os preços dos serviços bancários cobrados aos consumidores mexicanos são várias vezes superiores aos que aplicam os bancos em seus países de origem; finalmente, embora os bancos consigam lucros recordes, a situação dos empregados se deteriora. Assim, em abril de 2007, o Banamex (ex-banco público absorvido pelo CitiBank), anunciou um plano de restruturação quando acabava de declarar um resultado recorde de quase 2 bilhões de dólares de lucros em 2006; esse plano inclui 4.000 demissões e a “filialização” [esquartejamento de uma empresa em empresas menores] com perdas salariais de até 30% e corte das garantias sociais para 31.000 pessoas (5).

PRECARIZAÇÃO E
IRRESPONSABILIDADE SOCIAL

A Telefónica se converteu em 2006 na primeira empresa mundial de telecomunicações em termos de lucros (6 bilhões e 200 milhões de euros). O caráter espetacular de sua expansão na América Latina é incomparável com o caráter antissocial de suas práticas salariais: dez anos depois de lançar um programa de formação para os jovens previstos como futuros representantes da Telefónica, a empresa mantém suas jovens promessas com contratos precários, horas extras ilegais sistemáticas, salários muito escassos e repressão sindical frente às tentativas de reivindicar direitos (6). Na primeira linha para beneficiar-se das privatizações, a multinacional também está na primeira quanto ao desmantelamento das garantias sociais mínimas que existiam nos antigos serviços públicos.

Outra fonte de estragos sociais é a assimetria fundamental entre as companhias que operam em escala global e os trabalhadores e suas comunidades que estão enraizadas em um território. Esta assimetria reside na faculdade das multinacionais de saírem de uma maneira abrupta do negócio onde se encontram sem fazer caso das populações, dos trabalhadores e às vezes sem respeitar a legislação vigente. O caso do fechamento ilegal da fábrica de pneumáticos Euskadi, em Jalisco, México, pela empresa alemã Continental, é uma ilustração desta lógica. A 16 de dezembro de 2001, a direção da Continental fechou a fábrica sem respeitar nenhum dos convênios internos da empresa nem a legislação trabalhista mexicana. Durante mais de três anos, os assalariados lutaram sem conseguir nada: greves, viagens à Europa para fazer pressão na matriz, apelos à solidariedade internacional dos movimentos sociais. Finalmente, em fevereiro de 2005, os trabalhadores ganharam a causa e puderam relançar a empresa com um controle cooperativo majoritário (7).

DESTRUIÇÃO ECOLÓGICA E DESESTRUTURAÇÃO SOCIAL NOS
PROJETOS MINEIROS

As indústrias mineradoras são um dos setores primordiais de inserção das economias latino-americanas nas redes econômicas controladas pelas multinacionais. Isso não é nada novo: o pilhagem que seguiu à conquista já tinha como objetivo principal a extração e exportação de ouro e prata. Tal pilhagem constituiu um roubo massivo de riquezas e além disso um terrível processo de destruição ecológica e humana que continua na atualidade. Um dos conflitos atuais mais emblemáticos é em relação ao depósito de cobre de Río Blanco, uma das jazidas de cobre mais importantes ainda não exploradas do planeta, no norte do Peru. A empresa britânica Monterrico Metals, cujo diretor geral atual não é outro senão o ex-embaixador da Grã Bretanha no Peru! (8), pretende apropriar-se ilegalmente de terras das comunidades indígenas. Escaldados pela triste sorte das cidades mineiras de Oroya e Yanacocha, esses índios temem a contaminação de suas águas e suas terras, as consequências para a saúde e o efeito destruidor na coesão de suas comunidades: desigualdades, aniquilação de projetos autônomos, corrupção.

APOIO AOS PARAMILITARES COLOMBIANOS

A Colômbia ostenta a sinistra particularidade de ser o país em que se concentram 90% dos assassinatos de sindicalistas no mundo: pelo menos 2.245 foram assassinados pelos paramilitares desde 1991! (9). Muitos deles foram líderes sindicais em empresas de alimentos multinacionais (Coca Cola, Bavaria, Nestlé), automobilísticas (Hyundai), mineradoras (Drummond e AngloGold Ashanti) e grandes sociedades bananeiras (Chiquita, Dole e do Monte) (10). Protegida pelo mutismo da Justiça colombiana, a cumplicidade dessas companhias com os paramilitares de extrema direita está atualmente no centro de vários processos judiciais em curso nos Estados Unidos. Em março de 2007, a Chiquita (a ex-United Fruits) confessou que havia pago 1,7 milhão de dólares por serviços de “segurança” (sic) às milícias de extrema direita (11).

A SUPEREXPLORAÇÃO
DO TRABALHO

O desenvolvimento do México a partir das fábricas de montagem (maquiadoras) se apresentou como uma solução econômica para o país no momento da entrada no Nafta, em 1994. O número de fábricas desse tipo, que empregava uma mão de obra pouco qualificada e amplamente feminina, cresceu rapidamente na fronteira entre o México e os Estados Unidos. O fenômeno permitiu desenvolver as exportações, mas não teve efeito sobre o desenvolvimento do aparato produtivo do país; pelo contrário, contribuiu para aumentar a polarização econômica e social. A ascensão da competição da China e dos países da América central neste tipo de atividade demonstrou o caráter efêmero dessa especialização. E o México já está se vendo obrigado a oferecer ainda mais vantagens aos investidores para tentar atrair as maquiadoras de segunda geração, correspondentes a atividades mais sofisticadas (12). Em última instância, são os trabalhadores quem pagam o preço desta competição entre os territórios, posto que estabelece uma corrida pela baixa das condições de trabalho e salários.
Notas:
(1) Yannaca-Small, C. (2004), «Indirect expropriation and the right to regulate in international investment law», OCDE Working papers on international Investment , abril de 2004, 22 p.; UNCTAD (2005), «Investor-State disputes arising from investment treaties: a review», UNCTAD Series on International Investment Policies for Development , 106 p. (5)
(2) Jelson Oliveira, BRÉSIL - Renault et la réforme agraire, Diffusion d’Informations sur l’Amérique Latine - DIAL , 2558, 16 de mayo de 2002.
(3) CEPAL, Estudio Económico , 2002, 2003, 2005 e 2007.
(4) C. Durand (2006), Institutions et impact des IDE dans les pays en développement: le secteur de la grande distribution au Mexique, Institutions, développement économique et transition , Séptimas jornadas científicas de la red «Analyse Economique et Développement de l’AUF», Paris, França.
(5) Despidos masivos en Banamex, pese a altas ganancias en el país, La Jornada , 30 de abril de 2007.
(6) CIOSL, Perú: Carta de CIOSL a la ministra de Trabajo, 19 de Septiembre de 2006.
(7) Erika Arriaga, Reabre operaciones planta de Euzkadi en Jalisco, La Jornada , México, 26 de febrero de 2005; Carolina Gómez Mena, «Festeja el sindicato de Euzkadi 72 años de existencia», La Jornada , México, 22 de julio de 2007.
(8) Informação publicada no site da companhia:
www.monterrico.co.uk.
(9) Amnistía Internacional, Colombia: Homicidios, detenciones arbitrarias y amenazas de muerte: la realidad del sindicalismo en Colombia, informe AMR 23/001/2007, 3 de Julio de 2007.
(10) Benito Pérez, «Ces syndicalistes assassinés qui hantent les multinationales », Le Courrier , Ginebra, 28 de julio de 2007.
(11) Christina Kearney, Colombians sue banana producer for funding guerrillas, Reuters , 19 de Julio de 2007.
(12) World Investment Report, UNCTAD, 2004 e 2007.

* Cédric Durand é economista e pesquisador do Centre d’Économie de l’Université Paris-Nord (ParisXIII), Centre d’études des modes d’industri- alisation (CEMI) e École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS).
* Alexis Saludjian é economista, pesquisador do Centre d’Économie de l’Université Paris-Nord (ParisXIII), membro do Groupe de Recherche sur l’Etat, l’Internationalisation des Techniques et le Développement (GREITD) e professor adjunto do Instituto de Economia da UFRJ (IE-UFRJ).

OLNEY E MINISTRO LUPI ABREM QUALIFICAÇÃO PARA NOVA FRIBURGO E REGIÃO



O Deputado Olney Botelho (PDT-RJ) esteve reunido nesta segunda-feira, 17/08 com o Ministro do Trabalho Carlos Lupi. O encontro teve a finalidade de formalizar o acordo para a inclusão de Nova Friburgo e mais oito municípios da região no PLANSEQ (Plano Nacional Setorial de Qualificação).

A programa irá qualificar 2 mil trabalhadores para os novos desafios e oportunidades do mercado de trabalho e serão aplicados nos seguintes setores: Bares, Hotéis, Restaurantes, Metal Mecânico, Agricultura, Artesanato, Beleza e Estética, Informática;

O Público Alvo é composto por Jovens e adultos em situação involuntária de desemprego, oriundos de famílias beneficiárias de políticas de inclusão social e trabalhadores beneficiários do programa do seguro-desemprego, trabalhadores cadastrados nos postos de intermediação de mão-de-obra, trabalhadores (as) domésticos (as); trabalhadores (as) em empresas afetadas por processos de modernização tecnológica e outras formas de reestruturação produtiva.

Entusiasmado o Deputado Olney disse que “próximo passo agora será negociar as demandas e áreas de qualificação com os municípios envolvidos”. Segundo o Ministro Carlos Lupi, as próximas etapas serão de caráter técnico e os cursos lançados até setembro deste ano.

Municípios beneficiados pelo programa:

Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo, Teresópolis, Bom Jardim, Sumidouro, Carmo, Cordeiro, Santa Maria Madalena

RETIRADO DO SITE:

www.olney.com.br

PDT NOVA FRIBURGO TERÁ NOVO PRESIDENTE



O PDT de Nova Friburgo realiza no próximo sábado, 29, eleição interna para renovação de seu diretório municipal, para o triênio 2009/2012. Os 45 membros eleitos definirão posteriormente os nomes dos sete integrantes da executiva local. A convenção municipal acontecerá na sede da Sociedade União Beneficente Humanitária dos Operários (Rua Augusto Cardoso 59, Centro), a partir das 13h.
Atual presidente do diretório municipal, o deputado estadual Olney Botelho disse ontem que o partido, em comum acordo, deverá escolher o nome do ex-vereador Joel Duarte, um dos mais antigos militantes pedetistas no município, para presidir o partido no próximo triênio.

“O PDT vive um bom momento e temos que dividir tarefas internamente. O partido tem um deputado estadual (Olney) e dois vereadores (Pierre Moraes e Luciano Faria) e tenho certeza de que Joel Duarte saberá conduzir muito bem o nosso PDT”, disse Olney que, além de membro do diretório municipal, deverá ser eleito como presidente de honra da sigla na convenção do próximo sábado.
Segundo o deputado Olney, que deverá ser candidato à reeleição em 2010, o fato de ser membro da executiva estadual e do diretório nacional do PDT pesou também na decisão de indicar Joel Duarte para sucedê-lo no comando pedetista em Nova Friburgo.

RETIRADO DO SITE:
www.olney.com.br

Os desvãos da dupla moralidade midiática

Os desvãos da dupla moralidade midiática

EMERSON LEAL*

Os professores da PUC do Rio Grande do Sul - Pedrinho Guareschi e Osvaldo Biz - lembram, em seu livro Mídia & Democracia, que “A mídia no Brasil não é o quarto poder. É o primeiro, o que controla e subjuga os demais (...). A mídia, principalmente a eletrônica, constrói a realidade, impõe os valores, monta a pauta de discussão nacional e subjetiva as pessoas”.

O fato de a mídia impressa ser algo que se rege pelos princípios de uma empresa privada, não a isenta de responsabilidade social. Já a mídia eletrônica - rádio e televisão - é um serviço público. Ou seja, é uma concessão temporária, “não pode ter ‘donos’ e tem como tarefa essencial ser educativa, formar para a cidadania, sendo uma nova ágora, onde devem ser discutidos os grandes problemas nacionais”.

Contudo, o que se observa no Brasil é que tanto a mídia impressa como a eletrônica fogem, como o diabo da cruz, de toda e qualquer discussão que tenha como pauta definir os parâmetros de um controle social sobre elas. Mais que isso, demonizam quem tiver a petulância de chamá-las à responsabilidade. Neste contexto, como avançar no aprofundamento de conceitos como a democracia e a cidadania? Difícil!

Para se ter uma idéia do papel nefasto da mídia hegemônica no País, é só analisarmos este triste episódio que escancarou os bastidores do Congresso Nacional. Mas, para entendê-lo há que o fazer com critérios políticos - não moralistas, como insiste aquela mídia justamente para moldar a opinião pública, esconder a realidade e construir a (‘realidade’) que lhe interessa, como diriam os autores de Mídia & Democracia.

Pois bem, todos sabemos que o nosso Parlamento sempre funcionou assim. É só lembrar que, durante o governo FHC, seu grande aliado no Congresso Nacional não foi outro senão ACM - o popular Toninho Malvadeza. O corpo-rativismo - ontem como hoje - sempre funcionou, objetivando manter privilégios. Mas, quando ‘reinava’ o Príncipe da Sorbonne que, comprovadamente comprou a sua reeleição, rasgando a Constituição, a mídia não demonstrou tanto zelo assim na defesa da ética e da moralidade, como faz hoje.

Por quê? Simples! Por que a questão em tela é política, e a mídia defende seus interesses. E seu interesse, hoje, é desalojar o PT do poder, é destruir a candidatura Dilma Roussef e trazer de volta os tucanos para continuar com a tarefa ‘hercúlea’ de desmontar o Estado brasileiro para ficar mais fácil entregá-lo aos interesses externos. Que o diga a CPI da Petrobrás, de responsabilidade de tucanos e ‘democratas’: querem entregar o pré-sal para os EUA; e os factóides que, dia e noite, eles criam no Congresso Nacional com o único objetivo de desgastar o governo Lula. Mas a mídia jura que o que ela quer mesmo é ajudar a moralizar o Congresso Nacional.

O Estadão, por exemplo, que sempre foi o maior porta-voz das oligarquias no Brasil, ostenta manchetes que dizem que o arquivamento das denúncias contra Sarney custará caro ao Parlamento ‘que insiste em sustentar oligarquias em detrimento da opinião popular’. E esculhamba com o presidente Lula por ele se preocupar em “preservar o Sarney”. Ou seja, uma análise baseada puramente na lógica formal e em critérios moralistas justamente para construir a ‘realidade’que lhe interessa.

Se este jornalão quisesse realmente diagnosticar o problema, teria de mostrar para seus leitores como se trava a luta política dentro do Congresso Nacional; como funciona nossa democracia do poder econômico; quem e como é eleito um representante para o Parlamento; como se constrói a governabilidade (que é imposta por essa mesma democracia - frágil e incipiente).

Trocando em miúdos: a imprensa faz todo este escarcéu porque quer passar a presidência do Congresso para as mãos do tucano Marconi Perilo, que responde por inúmeros processos em Goiás por irregularidades em sua administração quando governador.

E a presidência do Congresso, passando para as mãos dos tucanos, o que vai acontecer mesmo, como num passo de mágica, é que a mídia vai parar de falar em moralização do Parlamento. É assim, a luta pelo poder. Que ninguém se iluda.

*Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de São Carlos. E-mail: depl@df.ufscar.br

Data citada por Lina Vieira confirma que reunião com Dilma é invenção

Data citada por Lina Vieira confirma que reunião com Dilma é invenção

Após um depoimento contraditório da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, que não conseguiu sustentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na semana passada, sua versão sobre o suposto encontro com Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, aumentaram as evidências de uma armação com o propósito de desgastar a imagem da ministra da Casa Civil.

No depoimento, Lina Vieira não soube precisar em que data teria ocorrido o referido encontro com a ministra mas, segundo matéria da revista “Época”, em conversas informais com senadores apontou o dia 19 de dezembro de 2008 como data provável. No entanto, informações oficiais revelam que nesse dia Dilma passou a manhã em reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, enquanto Lina estava em Natal, Rio Grande do Norte, a serviço na parte da tarde. A viagem está registrada no Portal da Transparência, onde consta que ela recebeu diária por se ausentar de Brasília.

O blog de Ailton Medeiros revelou também que a ex-secretária da Receita Federal manteve contato com o senador da oposição, José Agripino Maia (Dem/RN), por duas vezes, uma semana antes dela depor na CCJ. A primeira conversa foi por telefone. A segunda no apartamento do próprio senador em Natal.

As ligações de Lina com políticos da oposição são evidentes. Seu marido, Alexandre Firmino de Melo Filho, foi ministro interino da Integração Nacional entre 1999 e 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A Procuradoria move ação contra Melo Filho por desvio na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), órgão que era vinculado à pasta, desde 2001.

Com relação aos registros do serviço de Segurança do Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) divulgou nota oficial, na sexta-feira passada (21), informando que o período médio de armazenamento das imagens das câmaras de vigilância varia em torno de 30 dias, o que inviabilizaria uma comprovação da presença de Lina Vieira nas dependências do palácio em dezembro por meio delas.

No caso de autoridades em visita ao Palácio do Planalto sem agendamento prévio é feita a identificação, os gabinetes das autoridades são consultados e após o credenciamento é autorizado o ingresso, segundo o GSI. “Nos registros existentes, correspondentes aos meses de novembro e dezembro de 2008, não foi encontrado o nome da ex-secretária da Receita Federal, sra Lina Maria Vieira”, diz a nota.

O PRÉ SAL E O PRETROLEO É NOSSO



Quem quer tomar o pré-sal do Brasil e os seus lobbies

FERNANDO SIQUEIRA*

A primeira fonte de pressão sobre o pré-sal são os Estados Unidos, com 29 bilhões de barris de reservas e consumo anual de 10 bilhões. A segunda fonte é o cartel das Sete Irmãs, que já teve controle de 90% das reservas mundiais e hoje tem em torno de 3 a 6% dessas reservas. E nessa condição estão fadadas a desaparecer.

Quem dominou o setor durante 150 anos, com todo tipo de atitude, como subornar, destituir ou assassinar presidentes que nacionalizaram o petróleo, como Jayme Roldós do Equador, que foi assassinado, Enrico Mattei da Itália, que foi assassinado, Mohamad Mossadeg do Irã, que foi deposto. Foram assassinados oito poetas da Nigéria porque eles gritavam ao mundo que a Shell estava destruindo as terras agricultáveis do povo Ogani e agora a Shell está sendo processada, 20 anos depois. A Exxon está sendo processada por causa do derrame no Alasca. Enfim, essas empresas dominaram o setor com mão de ferro e não vão vender barato a sua derrota, sua extinção.

A primeira providência da Exxon foi se fundir para sobreviver. A Exxon e a Móbil se fundiram e criaram a ExxonMobil, a maior empresa de petróleo do mundo e não tem reservas. Mas tem um faturamento brutal, o maior faturamento do mundo.

A Chevron se fundiu com a Texaco e com a Gulf (todas americanas). A British Petroleum da Inglaterra se fundiu com a Amoco dos Estados Unidos. Essas empresas estão se fundindo para não desaparecer. Mas só a fusão não é suficiente. É preciso reservas. Então elas querem o pré-sal, até porque três delas são americanas e uma é anglo-saxônica.

A Total, européia, se fundiu com a Fina. Uma francesa com uma belga. E a Totalfina com outra francesa, a Elf. Essas empresas formam o novo cartel denominado “BIG OIL” e se fundem para sobreviver. Estão atuando fortemente nos três Poderes brasileiros. Nós tivemos esse ano, quatro audiências públicas no Senado. Cada audiência pública com cinco meses de exposição, debate; cada mesa com dois lobistas de peso. No dia 3 de junho, foi feita a primeira na Câmara. Coincidentemente, os lobistas defensores da atual legislação são os mesmos. É o presidente do IBP, João Carlos de Luca, que também é presidente da Repsol, que é uma empresa espanhola comprada pelo Royal Bank of Scotland, que também é dono do Santander, que comprou o Banespa numa condição absolutamente indefensável. Enfim, a Repsol é uma empresa anglo-saxônica, braço das Sete Irmãs.

Comprou a YPF da Argentina e a ENI da Itália. Ela está na Argentina, na Colômbia, na Bolívia, no México, enfim, essas empresas estão fazendo todo o possível para que não mude o marco regulatório brasileiro, para que elas mantenham as vantagens nele contidas. Em contrapartida, “as novas irmãs” são oito estatais que detêm 65% das reservas: Saudi Aramco, Gazprom (Rússia), Inoc (Irã), Petronas (Malásia), PDVSA (Venezuela), Pemex (México), Petrochina e Petrobrás. Além dessas, tem a Nigeriana NNPC e a NIOC do Iraque.

Estão nas mãos das empresas estatais cerca de 80% das reservas, com tendência a aumentar essa posse porque as empresas e os governos se deram conta do alto valor estratégico que o petróleo representa. As chances das irmãs privadas conseguirem novas reservas são muito complicadas. O pré-sal é uma das alternativas que está mais à mão delas, se nós brasileiros não reagirmos, claro.

* Presidente da AEPET.

Texto extraído do livro “O pré-sal é nosso - pelo retorno da Lei 2004”.

Getúlio Vargas, o inovador



É inesgotável a contribuição de Getúlio Vargas em todas as áreas da vida nacional. Quanto mais passa o tempo, agiganta-se a recordação de suas iniciativas pioneiras e das suas realizações concretas em prol do Brasil e da nossa gente

LÉO DE ALMEIDA NEVES *

Decorridos 55 anos do mais trágico acontecimento de nossa história, o suicídio de Getúlio Vargas na manhã de 24 de agosto de 1954, ninguém contesta que ele implantou o Brasil moderno com o Código de Minas, tomou posse como Chefe do Governo Provisório em 3 de novembro de 1930 e já no dia 14.11.1930 criou o Ministério da Educação e Saúde Pública e em 26.11.1930 o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio; fundou a Usina Siderúrgica Nacional de Volta Redonda, a Companhia Vale do Rio Doce, o BNDES e a Petrobras, e propôs a Eletrobrás.

Hoje, em sua homenagem vou recordar feitos de menor destaque, porém de relevante significado para a coletividade. Em 22 de janeiro de 1942, Getúlio assinou o decreto-lei 4.048 instituindo o Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários (SENAI), subordinado à Confederação Nacional da Indústria, com as competências de organizar em todo o país escolas de aprendizagem para capacitar operários, ministrar ensino continuado, aperfeiçoamento e especialização de mão de obra. Ele atendia a um pleito de Euvaldo Lodi, presidente da CNI, e Roberto Simonsen, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), líderes empresariais que aprovavam a política nacionalista de Vargas.

Em 1932, ele introduziu a Carteira do Trabalho, retirando os conflitos de patrões e empregados das delegacias de polícia. No documento constava a ocupação do trabalhador, seu salário e o direito de filiar-se a um sindicato, dados pessoais, representando o reconhecimento de sua cidadania. As sucessivas leis de proteção ao assalariado, salário mínimo, jornada de 8 horas, férias remuneradas, culminando com a Consolidação das Leis do Trabalho em 1º de maio de 1943, contendo mais de 800 artigos, asseguraram a harmonia entre capital e trabalho que até hoje se verifica.

Fato digno de nota foi a decretação da moratória da dívida externa em 1931/32, que resultou no cancelamento de mais de 50% da mesma, uma vez que na auditoria procedida constatou-se que somente 40% dos contratos estavam documentados. A propósito, assinale-se o descumprimento de norma da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 que determina no artigo 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “no prazo de um ano a contar da promulgação da Constituição, o Congresso Nacional promoverá, através de Comissão Mista, exame analítico e parcial dos atos e fatos geradores do endividamento externo brasileiro”. Que diferença com a ação empreendida por Getúlio Vargas!

Outra atitude de estadista que merece ser relembrada. Em janeiro de 1942, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência Interamericana convocada pelos Estados Unidos, depois do ataque japonês a Pearl Harbor em dezembro de 1941 para decidir sobre o rompimento de relações diplomáticas e comerciais dos 21 países latino-americanos com o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão.

Exceto Argentina e Chile, todos romperam com o Eixo e se comprometeram a abastecer a América do Norte com borracha e minério de ferro. Getúlio Vargas só anunciou a ruptura no último dia da reunião, após obter do presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, o compromisso de apoiar a construção da siderúrgica de Volta Redonda e a Companhia Vale do Rio Doce, resultante da encampação de multinacional Itabira Iron, que estava sentada em nossas reservas minerais e nada produzia. Roosevelt também celebrou o acordo militar para nos fornecer armas e equipamentos militares no valor de US$ 200 milhões. O Brasil cedeu espaço para instalação de uma base aérea norte-americana em Parnamirim, Rio Grande do Norte, apelidada de Trampolim para a Vitória. Participamos na 2ª Guerra Mundial com esquadrilha aérea da FAB e com a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que atuaram heroicamente junto com os aliados na península italiana.

É inesgotável a contribuição de Getúlio Vargas em todas as áreas da vida nacional. Na cultura popular, oficializou na década de 30 as escolas de samba, incluindo as regras de competição para o carnaval, como a seleção de temas históricos para os enredos e as fantasias. Ele foi entusiasta do teatro e dos shows musicais, comparecendo a inúmeros espetáculos, aplaudindo os artistas e cumprimentando-os pessoalmente. Deu ênfase igualmente à música erudita, prestigiando e divulgando ao público brasileiro as composições de Villa-Lobos, autor de renome internacional.

Quanto mais passa o tempo, agiganta-se a recordação das iniciativas pioneiras e das realizações concretas de Getúlio Vargas em prol do Brasil e da nossa gente.

Membro da Academia Paranaense de Letras, ex-deputado federal e ex-diretor do Banco do Brasil