domingo, 26 de abril de 2009

Encontro de economistas em HavanaCrise global:
a grande protagonista•

A primeira jornada esteve presidida pelo primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros José Ramón Machado Ventura, o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández Reyna, e outras personalidadesDeysi Francis e Susana Lee
• A crise econômica global foi a grande protagonista da jornada inaugural do 11º Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e Problemas do Desenvolvimento, presidida pelo primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, José Ramón Machado Ventura; o presidente da República Dominicana, sua excelência Leonel Fernández Reyna; o vice-presidente do Conselho de Estado, Esteban Lazo Hernández; os prêmios Nobel de Economia, Edmund Phelps e Robert Nubdell e o presidente do Comitê Organizador do evento, Roberto Verrier, e outras personalidades.
Revista desde diferentes ângulos nas suas causas, consequências e possíveis alternativas de solução nas quatro conferências e num painel realizados o primeiro dia, bem como nas intervenções de outros participantes que suscitou o debate, houve total coincidência na grave situação econômica-financeira que o mundo enfrenta, acirrada nos últimos meses, ainda quando a variedade dos pontos de vista confirmou, do início, a validez desta importante reunião na confrontação de ideias.
O terremoto de Wall Street desconcertou o establishment global. No cume do poder predominam o pânico e as declarações alarmistas. Todos registam a presença dum acontecimento que poderia provocar uma mudança de época. As vítimas não são as responsáveis por esta crise. Há que encontrar as respostas que a humanidade reclama.
Nas palavras de boas-vindas, Roberto Verrier lembrou que esta reunião "insistirá na busca de respostas para perguntas fundamentais da nossa época, muitas das quais foram formuladas há uma década, como desafio inicial, pelo promotor e fundador destes encontros, Fidel Castro Ruz".
Argumentou que hoje "não se trata duma recessão nem duma depressão, mas sim de uma queda livre da economia, que ainda não tocou fundo e não há sinais claros de quando o fará, enquanto todos os indicadores continuam piorando. Especialmente o desemprego, que já ultrapassa os níveis atingidos durante a crise de 1974-75".
O primeiro expositor foi o estadunidense Edmund Phelps, Prêmio Nobel de Economia 2006, que tem participado em três encontros de Globalização, cuja conferência intitulou "Altruísmo e responsabilidade social".
Phelps insistiu em que o seu objetivo neste encontro não era oferecer receitas e sugeriu a ideia de que "a deficiência da responsabilidade pessoal teve um papel na crise financeira que começou nos EUA e que se espalhou pelo resto do mundo".
Como parte do painel "Da crise financeira à crise econômica global: impactos e lições", Claudio Katz, da Argentina, ao caracterizar o atual contexto concentrou-se em que os últimos meses não só se iniciou uma etapa de fraudes impositivos e uma escandalosa utilização dos fundos públicos, mas também se congelam créditos e continuam contando com o apoio oficial para as perdas, enquanto "não há suficiente dinheiro público para redimir tantas falências".
Uma ideia interessante na atual situação é o "cenário de lutas sociais que se aproxima no Primeiro Mundo", devido ao atropelo, ao desemprego e à pobreza que tem gerado a crise e que a escala global já se sente uma espécie de temor, xenofobia e mobilizações populares que poderiam chegar aos grandes centros do capitalismo.
Não podemos reivindicar um sistema que gera estas crises, afirmou, é hora de retomar o projeto socialista e criar uma sociedade de justiça, democracia e igualdade.
Outros expositores, entre eles, Jan Kregel, dos EUA, advogou porque a resposta à crise tem que ser representativa e incluir todos os países e povos do mundo; Christian Ghymers, da Bélgica, tentou dar "uma visão europeia" da atual crise que "não se limita a uma recessão tradicional de tipo cojuntural" e cuja imagem é a dum "tsunami, que nasceu nos EUA e que nos envolve a todos".
As intervenções motivaram critérios coincidentes ou não com os expositores. Eric Toussaint, presidente do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, também da Bélgica, manifestou seu desacordo com culpar as vítimas da entrada nesta crise.
Por sua vez, o presidente do Fórum do Terceiro Mundo, Samir Amin, afirmou que o que atualmente tenta fazer o sistema é restaurá-lo como estava antes. Contudo, "entramos numa nova etapa do capitalismo que é obsoleto como sistema", salientou o reconhecido professor egípcio.
Amin iniciou a segunda parte da sessão com a conferência "Crise financeira. Crise sísmica?", e comentou as últimas crises do sistema capitalista até a atual, assinalando que atualmente enfrentamos o mesmo desafio numa dimensão mais dramática e severa.
Na sua exposição, o professor explicou os efeitos da crise no setor energético, nas mudanças climáticas, nos alimentos, e o ataque às economias agrícolas em benefício dos negócios agrícolas.
O presidente da Comissão Técnica Presidencial para a configuração dos componentes da Arquitetura Financeira Internacional, Pedro Páez, do Equador, fez uma ampla exposição sobre a origem do fenômeno, a vulnerabilidade do sistema capitalista e o papel dos movimentos sociais na busca de soluções, e outros temas.
A última conferência desta primeira jornada de Globalização 2009, foi ministrada por Alí Rodríguez, ministro de Economia e Finanças da Venezuela, que comentou algumas considerações sobre os severos desarranjos da economia dos EUA desde os anos 50, quando começou a experimentar uma declinação na produção de bens, até a crise financeira atual, que virou crise econômica global com seus efeitos sociais. •

Nenhum comentário: