terça-feira, 11 de novembro de 2008

China investirá 7% do PIB ao ano para sustentar crescimento de 9%


O plano anunciado no domingo, dia 10, será implementado até 2010 e disporá de R$ 1,23 trilhão para investimentos em infra-estrutura, estímulo à produção, instalações públicas, novas moradias e melhoria das condições de vida da população
A China anunciou no domingo dia 10 um pacote de mais de R$ 1,23 trilhão em investimentos em obras de infra-estrutura, estímulo à produção, novas instalações públicas, mais moradias e melhoria das condições de vida para assegurar, no próximo ano, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 9%. “Com a recessão global claramente à vista, a China deve se sustentar a si mesma através do desenvolvimento do mercado interno para compensar a demanda externa mais fraca”, registrou a agência de notícias Xinhua, relatando as decisões do governo chinês.
O plano de dez pontos, que será implementado até 2010, tem como centro o fortalecimento do consumo interno e como motor a ampliação da integração do país, através de novas ferrovias, estradas, metrô, portos, energia e redes de telecomunicação. Em valor, metade do plano destina-se a essas grandes obras. A meta anunciada é que o país, dentro de dois anos, terá uma malha ferroviária de 90.000 km de extensão, e que até 2012 estará operando o trem-bala entre Shijiazhuang, capital da província onde fica Pequim, e Wuhan, capital da província de Hubei, no centro do país. A obra de 841 km completará a ligação ferroviária de Pequim a Hong Kong. A China também já superou os EUA como o país que mais investe por ano em rodovias.
EXPANSÃO
O conselho de ministros considerou a crise econômica mundial em curso como “uma nova oportunidade” para a China. O novo investimento é da ordem de 7% do PIB ao ano. Trata-se de “expandir a demanda doméstica, acelerar a construção de instalações públicas e melhorar os padrões de vida dos pobres para atingir crescimento econômico ‘estável e relativamente rápido’”. “Nos últimos dois meses, a crise financeira global se intensificou diariamente”, afirmou o conselho, acrescentando que, para expandir os investimentos, “devemos agir rapidamente e com determinação”. Além das grandes obras de infra-estrutura, o plano irá reconstruir as áreas devastadas pelo terremoto de 12 de maio. Irá, ainda, melhorar as condições de vida e a renda no interior do país. Com a construção de estradas, escolas, hospitais e unidades culturais; saneamento básico, água potável e luz; um programa de moradias para a baixa renda; irrigação em larga escala e, entre outros projetos, a transposição de águas Norte-Sul.
Como o objetivo é intensificar o mercado interno, outra meta é o aumento do salário real tanto nas cidades como no campo; o aumento do preço mínimo de aquisição da produção agrícola e assim como do volume de recursos para a agricultura; o aumento do valor das aposentadorias e do número de beneficiados por serviços especiais; e mais programas de assistência aos mais pobres. O plano inclui, também, medidas de proteção do meio ambiente, redução da poluição e reversão de áreas degradadas. O que ocorrerá através de estações de tratamento de água e esgoto, projetos de controle da poluição, cinturões verdes e reflorestamento.
ALTA TECNOLOGIA
Na indústria, o plano irá estimular a inovação e reestruturação, assim como o desenvolvimento dos setores de alta tecnologia. Também prevê investimentos nos serviços e políticas preferenciais para pequenas e médias empresas. A indústria será beneficiada com uma mudança no cálculo do imposto sobre o valor agregado, que representará um alívio fiscal da ordem de R$ 30 bilhões. As medidas deverão ter, ainda, efeitos positivos na fabricação de cimento, ferro e aço.
A elaboração do plano foi antecedida por duas reduções de juros em menos de 30 dias em outubro, e agora, com o pacote, foram reduzidos os compulsórios e ampliadas as linhas e condições de crédito. A inflação de setembro, anualizada, foi a menor em seis meses, 4,6%. De acordo com o “New York Times”, “muito do capital” para a melhoria da infra-estrutura virá “dos bancos e companhias estatais que estão sendo encorajados a se expandirem mais rapidamente”. A China continua tendo o maior crescimento econômico do mundo, embora a taxa tenha caído em 2,3% este ano, para 9,9%. O superávit de conta corrente cresceu 18% no primeiro semestre, e as reservas de divisas são de quase US$ 1,8 trilhão. O ritmo de crescimento das exportações, nos três primeiros trimestres, se reduziu de 27,1% para 22,3%, e o impacto se acelerou ao longo do último mês, levando o governo chinês a agir no sentido que já vinha sendo planejado.

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