quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Tragédia de Eloá exige urgente controle social sobre a mídia
BETO ALMEIDA*

Toneladas de falsa lamentação estarão sendo difundidas pela mídia incapaz de olhar no próprio espelho e reconhecer que ela própria tem sido fator de disseminação de mensagens que cultuam a violência.
Enquanto a mídia estiver acima do bem e do mal, livre de qualquer controle social civilizatório, humanizador e democrático da sociedade, estaremos sendo surpreendidos por espetáculos animalescos em que a televisão termina envolvendo-se irresponsavelmente em crimes, tal como ocorreu agora no seqüestro que terminou com a trágica morte da adolescente Eloá Cristina.Toneladas de falsa lamentação estarão sendo difundidas pela mídia incapaz de olhar no próprio espelho e reconhecer que ela própria tem sido fator de disseminação de mensagens que cultuam a violência. No caso Eloá, as redes de tv deram um funesto passo adiante no desrespeito às normas mais básicas do processo civilizatório: pelo menos três redes de tv comunicaram-se diretamente, por telefone celular, com o assassino Lindemberg Fernandes, durante o transcurso do ato criminoso, revelando a mais absoluta irresponsabilidade e, até que se prove o contrário, com capacidade de interferir negativamente no desfecho do episódio, quando ainda estava ocorrendo uma negociação das autoridades policiais na tentativa de evitar o pior, que acabou ocorrendo.Conforme já divulgado, a apresentadora Sonia Abraão, da Rede TV, chegou mesmo a entrevistar longamente Lindemberg por celular no exato momento em que o oficial da PM tentava desesperadamente um contato telefônico com o criminoso. Resultado: o celular estava ocupado!!! Isto é de uma gravidade gigantesca!!! Quem dá o direito aos meios de comunicação de sentirem-se acima das normas da sociedade, de considerarem-se mais importantes que a própria polícia, de decretarem arbitrariamente - revelando prepotência - que mais importante que a negociação é a entrevista que faziam como o seqüestrador? Será a sacrossanta lei do "vale tudo pela audiência"? Êpa!!!
Aqui se verifica a transposição apavorante do limite entre civilização e barbárie! IBOPE A menos que a psicologia tenha desistido de tudo diante do ceticismo que tais episódios podem causar sobre a capacidade humana de avançar no processo civilizatório, é inegável que uma negociação adequada, uma persuasão na dose certa, uma palavra precisa orientada por critérios científicos podem, sim, sensibilizar um sujeito transtornado e até demovê-lo de chegar às últimas conseqüências, salvando vidas em risco. Sim, há uma longa trajetória de acertos e erros nesta matéria, mas, até onde se sabe, os especialistas em saúde mental conseguem inúmeros êxitos basicamente através de técnicas de neutralização dos distúrbios destrutivos, evitando que os protagonistas de atos violentos, como Lindemberg, cheguem às últimas conseqüências. É rigorosamente inaceitável que se despreze o legado de Freud, Adler, Reich, Jung e os progressos já alcançados na área da saúde mental pela humanidade assim em troca um pontinho a mais no Ibope.
Afinal, os amigos de Lindemberg testemunharam que ele sempre foi um cara normal, boa praça, camarada, um jovem pobre de periferia enfrentando as adversidades que o capitalismo colocou à sua frente. Portanto, será que uma pessoa assim não poderia afinal ter se sensibilizado pela negociação conduzida sob orientação de psicólogos?Sim, em tese poderia, pois desconhecem-se antecedentes de conduta violenta ou anti-social de Lindemberg. Sim, poderia, mas não com as televisões, com sua capacidade de alterar o comportamento de qualquer ser humano - e é impossível negar isso - telefonando para ele, querendo entrevistá-lo "ao vivo", sabendo-se que ele tinha a televisão ligada, conforme foi informado. O que estas entrevistas interferem num sujeito que já estava completamente transtornado por um surto violento?
Qual a possibilidade de que ao insuflar o seu ego, lançando-o no terreno escorregadio da "fama", transformando-o numa "celebridade", tornando ainda mais complexa a cena do crime, adulterando todo o processo de diálogo negociador que vinha sendo mantido com o policial encarregado, a mídia terminou por entrar em cena num crime em andamento, com entrevistadores que não são especialistas nem em segurança pública, nem em saúde mental, nem em ciências jurídicas, mas simplesmente à busca do desprezível "furo jornalístico", aumentou os fatores de risco das adolescentes seqüestradas?Ainda que estas perguntas não sejam todas respondidas facilmente, terá a mídia o direito de estabelecer por decreto que ela pode colocar-se em contato direto com um sujeito que está cometendo um crime simplesmente porque para ela o furo jornalístico está acima da vida?
Uma sociedade que desenvolve as tecnologias da comunicação mas não desenvolve os instrumentos de sua humanização, revela-se uma sociedade com componentes bárbaros. E revela também o risco de termos meios de comunicação tão ágeis, tão abrangentes, mas, por estarem sem controle social humanizador, capazes de ampliar a insegurança, resvalar para o papel de cúmplice de um ato criminoso na medida em que, à revelia de qualquer orientação das autoridades policiais, adentra eletronicamente a cena do crime, introduz a retro-alimentação de valores e mensagens que aprofundam o distúrbio de um seqüestrador já em transe psicótico, que passa então a ver o seu ato na tela da televisão ligada no apartamento transformado em cativeiro.
Que efeitos isto pode ter na sua decisão de matar ou render-se?Com a palavra os especialistas em saúde mental, particularmente aplicada à área de segurança pública: ao se ver na tela, entrevistado por estas desastradas apresentadoras, o efeito psicótico do fato comunicativo que o torna "celebridade", não pode agravar a complexidade de seu transtorno, não pode insuflar ainda mais seus instintos violentos, não pode interferir negativamente no desfecho ao entorpecer o processo de negociação, que, afinal, sofreu várias interrupções para que as televisões, como abutres, celebrassem o seu "vale tudo pela audiência"??? Como alternativa não seria mais lógico, mais sensato, sobretudo mais humano do que espremer aquelas 100 horas de seqüestro para que produza o máximo de sensacionalismo possível, simplesmente não dar nenhuma divulgação até o desfecho final do episódio? Especialmente, porque os magnatas da mídia - especialmente os do departamento comercial das TVs, de olho no Ibope minuto a minuto - sabiam que Lindemberg tinha uma tv ligada. Insufladas pelo departamento comercial, as redações se agitam: "Vamos entrevistar o seqüestrador ao vivo!!!".
Se isto aumentava o risco de vida de Eloá e Nayara... não era o elemento mais importante. Afinal, vale tudo pela audiência, decreta a barbárie do mercado! Mas, também as autoridades policiais sabiam desta ação irresponsável das tevês: por que não determinaram a suspensão destas entrevistas? Por que não há rigorosamente nenhum controle social sobre os meios de comunicação social no Brasil hoje se vamos acumulando tragédias desta natureza?A mídia pode ampliar o risco de vida no desfecho de um seqüestro. No sul também já houve um episódio assim, onde reportagem negociou com um seqüestrador tendo como pano de fundo conseguir que a sua rendição fosse aprazada por um tempo para que o fato fosse noticiado ao vivo dentro do horário do telejornal da emissora gaúcha.
Quando Marx fala que ainda estamos na pré-história da civilização muitos não acreditam... CUMPLICIDADE Para revelar esta barbárie basta lembrar outro carnaval televisivo de culto à violência: o caso do assassinato da menina Isabela Nardoni. No dia da reconstituição do crime, as redes de televisão transmitiram nove horas seguidas ao vivo, sem interrupções para comerciais, derrubando mesmo a grade comercial. Sim, mas igual "esforço de reportagem" não é feito para uma divulgação apropriada, equilibrada, humanizada de informações sobre a violência doméstica, pano de fundo daquele crime. Quando uma menina é assassinada alteram-se a duração dos telejornais, dos programas, derrubam-se até grades comerciais.
Mas, para uma política preventiva, de humanização das relações familiares, de construção de consciência amorosa, revelando e abordando adequada e delicadamente a existência do grave problema de saúde e de segurança pública que é a violência doméstica, as tevês fazem o mais absurdo dos silêncios, aproximando-se assim da cumplicidade, pela via da omissão, por deixar de cumprir o que reza a Constituição, segundo a qual a mídia deve ser fator de elevação educacional, cultural e civilizatória. ESPALHAR O TERROR PARA VENDER SEGURANÇA... PRIVADA Hoje a nossa mídia predominantemente "espalha terror para vender segurança". Os desenhos animados são aterrorizantes, emitem sons freneticamente agressivos, os personagens matam com a maior facilidade, as armas são os ícones mais difundidos, não são os livros, os heróis da nacionalidade. Armas têm sua imagem super divulgada como poder, prazer, ação, emoção ou simples objeto de consumo, atributo de status. Desse desfile permanente de armas na telinha depreende-se quase que uma máxima: "que sentido tem uma vida sem armas?".
Talvez alguém cinicamente tente dizer que a multiplicação de empresas de segurança privada para ricos, de milícias armadas em bairros pobres e o enxugamento da segurança pública como parte da demolição neoliberal do estado não tenha nada que ver com isto tudo que estamos tratando. Foi este critério pretensioso e prepotente, sempre na linha do vale tudo pela audiência, que conduziu Tim Lopes ao seu suplício, quando a TV Globo já dispunha, com antecedência, de todas as informações sobre o risco que o repórter corria.Mas a tv segue com o circo de horrores. Assim como, pela lógica da divulgação em tirânica abundância, parece que "não tem sentido um mundo sem cerveja, sem Coca-cola, sem a velocidade dos super carros anunciados, velocidade impossível pelos engarrafamentos de um transporte inviabilizado pelo individualismo em detrimento do coletivo".
Provavelmente jovens como Lindemberg não se transformassem em criminosos se lhes alcançasse uma televisão humanizada, civilizada, que não cultue e não propagandeie a arma. Uma televisão que não realimentasse permanentemente o animalesco critério de que "eu amo tanto esta mulher que se ela não me quiser eu a mato de tanto amor". Temos uma tv machista também, temos uma tv debilóide, uma tv para brancos, para adultos, uma tv embrutecedora, destinada a vender e vender e vender, a formar consumidores, e quem não puder comprar um tênis caro é impelido a matar alguém para roubar um tênis, como ocorreu em Brasília.
Afinal, a vida não tem sentido sem um desses tênis caríssimos... Temos uma tv de erotização doentia, uma tv que nos empurra para o alcoolismo, que nos recomenda, como a Lindemberg, a intolerância e o machismo, particularmente com armas nas mãos, quando enfrentamos uma angústia ou uma dor amorosa.Temos uma tv bárbara. E não tem que ser assim, pois há no mundo experiências de tvs que são vetores educativos, culturais, humanizadores. A TV em Cuba evita a divulgação de crimes e não há publicidade comercial.
Mas divulgam-se livros, filmes, datas históricas, heróis do país e do mundo, espetáculos de balé e música clássica. Crimes não! Aqui podemos assistir desde sexo o mais vulgarizado até seres humanos espancando-se infinitamente com chutes e cotoveladas no rosto uns dos outros. Há canais para leilões de cavalos, bois, tapetes, corridas de cavalo, mas raramente há programas sobre inúmeros problemas de saúde mental para uma população carente de informação educativa, tal como pregou o presidente Lula ao determinar a criação da TV Brasil. Aliás, registre-se a sóbria e equilibrada cobertura da TV Brasil sobre a tragédia de Eloá. Este é o caminho. A televisão é uma ferramenta muito importante para estar sob o controle da lógica bárbara e anti-civilizatória do mercado, deve estar sob controle social, humanizador e democrático. Aliás, vale lembrar, as tvs que cometeram este espetáculo de barbárie no caso Eloá são as mesmas que durante anos enalteceram, recomendaram, sustentaram, sem discussão democrática, os valores do mercado como diretriz para o funcionamento da sociedade e agora, diante do enormes prejuízos que as fraudes mercadológicas especulativas causaram ao contribuinte norte-americano, podendo nos atingir, estas tevês não reconhecem o seu erro. Estão acima do bem e do mal.É, portanto, urgente o desenvolvimento de mecanismos de controle social da mídia no Brasil. Ou, se nada for feito neste sentido, com dor e realismo somos obrigados a nos perguntar: qual será a próxima façanha da tv-barbárie? Sei que na Espanha alguns canais chegam a transmitir suicídio ao vivo... Foi para isto que se criou a televisão?
Tragédia de Eloá exige urgente controle social sobre a mídia Toneladas de falsa lamentação estarão sendo difundidas pela mídia incapaz de olhar no próprio espelho e reconhecer que ela própria tem sido fator de disseminação de mensagens que cultuam a violência BETO ALMEIDA* Enquanto a mídia estiver acima do bem e do mal, livre de qualquer controle social civilizatório, humanizador e democrático da sociedade, estaremos sendo surpreendidos por espetáculos animalescos em que a televisão termina envolvendo-se irresponsavelmente em crimes, tal como ocorreu agora no seqüestro que terminou com a trágica morte da adolescente Eloá Cristina.Toneladas de falsa lamentação estarão sendo difundidas pela mídia incapaz de olhar no próprio espelho e reconhecer que ela própria tem sido fator de disseminação de mensagens que cultuam a violência.
No caso Eloá, as redes de tv deram um funesto passo adiante no desrespeito às normas mais básicas do processo civilizatório: pelo menos três redes de tv comunicaram-se diretamente, por telefone celular, com o assassino Lindemberg Fernandes, durante o transcurso do ato criminoso, revelando a mais absoluta irresponsabilidade e, até que se prove o contrário, com capacidade de interferir negativamente no desfecho do episódio, quando ainda estava ocorrendo uma negociação das autoridades policiais na tentativa de evitar o pior, que acabou ocorrendo.
Conforme já divulgado, a apresentadora Sonia Abraão, da Rede TV, chegou mesmo a entrevistar longamente Lindemberg por celular no exato momento em que o oficial da PM tentava desesperadamente um contato telefônico com o criminoso. Resultado: o celular estava ocupado!!! Isto é de uma gravidade gigantesca!!!
Quem dá o direito aos meios de comunicação de sentirem-se acima das normas da sociedade, de considerarem-se mais importantes que a própria polícia, de decretarem arbitrariamente - revelando prepotência - que mais importante que a negociação é a entrevista que faziam como o seqüestrador? Será a sacrossanta lei do "vale tudo pela audiência"? Êpa!!! Aqui se verifica a transposição apavorante do limite entre civilização e barbárie! IBOPE A menos que a psicologia tenha desistido de tudo diante do ceticismo que tais episódios podem causar sobre a capacidade humana de avançar no processo civilizatório, é inegável que uma negociação adequada, uma persuasão na dose certa, uma palavra precisa orientada por critérios científicos podem, sim, sensibilizar um sujeito transtornado e até demovê-lo de chegar às últimas conseqüências, salvando vidas em risco. Sim, há uma longa trajetória de acertos e erros nesta matéria, mas, até onde se sabe, os especialistas em saúde mental conseguem inúmeros êxitos basicamente através de técnicas de neutralização dos distúrbios destrutivos, evitando que os protagonistas de atos violentos, como Lindemberg, cheguem às últimas conseqüências. É rigorosamente inaceitável que se despreze o legado de Freud, Adler, Reich, Jung e os progressos já alcançados na área da saúde mental pela humanidade assim em troca um pontinho a mais no Ibope.
Afinal, os amigos de Lindemberg testemunharam que ele sempre foi um cara normal, boa praça, camarada, um jovem pobre de periferia enfrentando as adversidades que o capitalismo colocou à sua frente. Portanto, será que uma pessoa assim não poderia afinal ter se sensibilizado pela negociação conduzida sob orientação de psicólogos?Sim, em tese poderia, pois desconhecem-se antecedentes de conduta violenta ou anti-social de Lindemberg. Sim, poderia, mas não com as televisões, com sua capacidade de alterar o comportamento de qualquer ser humano - e é impossível negar isso - telefonando para ele, querendo entrevistá-lo "ao vivo", sabendo-se que ele tinha a televisão ligada, conforme foi informado. O que estas entrevistas interferem num sujeito que já estava completamente transtornado por um surto violento?
Qual a possibilidade de que ao insuflar o seu ego, lançando-o no terreno escorregadio da "fama", transformando-o numa "celebridade", tornando ainda mais complexa a cena do crime, adulterando todo o processo de diálogo negociador que vinha sendo mantido com o policial encarregado, a mídia terminou por entrar em cena num crime em andamento, com entrevistadores que não são especialistas nem em segurança pública, nem em saúde mental, nem em ciências jurídicas, mas simplesmente à busca do desprezível "furo jornalístico", aumentou os fatores de risco das adolescentes seqüestradas?Ainda que estas perguntas não sejam todas respondidas facilmente, terá a mídia o direito de estabelecer por decreto que ela pode colocar-se em contato direto com um sujeito que está cometendo um crime simplesmente porque para ela o furo jornalístico está acima da vida? Uma sociedade que desenvolve as tecnologias da comunicação mas não desenvolve os instrumentos de sua humanização, revela-se uma sociedade com componentes bárbaros.
E revela também o risco de termos meios de comunicação tão ágeis, tão abrangentes, mas, por estarem sem controle social humanizador, capazes de ampliar a insegurança, resvalar para o papel de cúmplice de um ato criminoso na medida em que, à revelia de qualquer orientação das autoridades policiais, adentra eletronicamente a cena do crime, introduz a retro-alimentação de valores e mensagens que aprofundam o distúrbio de um seqüestrador já em transe psicótico, que passa então a ver o seu ato na tela da televisão ligada no apartamento transformado em cativeiro.
Que efeitos isto pode ter na sua decisão de matar ou render-se?Com a palavra os especialistas em saúde mental, particularmente aplicada à área de segurança pública: ao se ver na tela, entrevistado por estas desastradas apresentadoras, o efeito psicótico do fato comunicativo que o torna "celebridade", não pode agravar a complexidade de seu transtorno, não pode insuflar ainda mais seus instintos violentos, não pode interferir negativamente no desfecho ao entorpecer o processo de negociação, que, afinal, sofreu várias interrupções para que as televisões, como abutres, celebrassem o seu "vale tudo pela audiência"???
Como alternativa não seria mais lógico, mais sensato, sobretudo mais humano do que espremer aquelas 100 horas de seqüestro para que produza o máximo de sensacionalismo possível, simplesmente não dar nenhuma divulgação até o desfecho final do episódio? Especialmente, porque os magnatas da mídia - especialmente os do departamento comercial das TVs, de olho no Ibope minuto a minuto - sabiam que Lindemberg tinha uma tv ligada. Insufladas pelo departamento comercial, as redações se agitam: "Vamos entrevistar o seqüestrador ao vivo!!!". Se isto aumentava o risco de vida de Eloá e Nayara... não era o elemento mais importante. Afinal, vale tudo pela audiência, decreta a barbárie do mercado! Mas, também as autoridades policiais sabiam desta ação irresponsável das tevês: por que não determinaram a suspensão destas entrevistas?
Por que não há rigorosamente nenhum controle social sobre os meios de comunicação social no Brasil hoje se vamos acumulando tragédias desta natureza?A mídia pode ampliar o risco de vida no desfecho de um seqüestro. No sul também já houve um episódio assim, onde reportagem negociou com um seqüestrador tendo como pano de fundo conseguir que a sua rendição fosse aprazada por um tempo para que o fato fosse noticiado ao vivo dentro do horário do telejornal da emissora gaúcha. Quando Marx fala que ainda estamos na pré-história da civilização muitos não acreditam... CUMPLICIDADE Para revelar esta barbárie basta lembrar outro carnaval televisivo de culto à violência: o caso do assassinato da menina Isabela Nardoni.
No dia da reconstituição do crime, as redes de televisão transmitiram nove horas seguidas ao vivo, sem interrupções para comerciais, derrubando mesmo a grade comercial. Sim, mas igual "esforço de reportagem" não é feito para uma divulgação apropriada, equilibrada, humanizada de informações sobre a violência doméstica, pano de fundo daquele crime. Quando uma menina é assassinada alteram-se a duração dos telejornais, dos programas, derrubam-se até grades comerciais.
Mas, para uma política preventiva, de humanização das relações familiares, de construção de consciência amorosa, revelando e abordando adequada e delicadamente a existência do grave problema de saúde e de segurança pública que é a violência doméstica, as tevês fazem o mais absurdo dos silêncios, aproximando-se assim da cumplicidade, pela via da omissão, por deixar de cumprir o que reza a Constituição, segundo a qual a mídia deve ser fator de elevação educacional, cultural e civilizatória. ESPALHAR O TERROR PARA VENDER SEGURANÇA... PRIVADA Hoje a nossa mídia predominantemente "espalha terror para vender segurança". Os desenhos animados são aterrorizantes, emitem sons freneticamente agressivos, os personagens matam com a maior facilidade, as armas são os ícones mais difundidos, não são os livros, os heróis da nacionalidade.
Armas têm sua imagem super divulgada como poder, prazer, ação, emoção ou simples objeto de consumo, atributo de status. Desse desfile permanente de armas na telinha depreende-se quase que uma máxima: "que sentido tem uma vida sem armas?". Talvez alguém cinicamente tente dizer que a multiplicação de empresas de segurança privada para ricos, de milícias armadas em bairros pobres e o enxugamento da segurança pública como parte da demolição neoliberal do estado não tenha nada que ver com isto tudo que estamos tratando.
Foi este critério pretensioso e prepotente, sempre na linha do vale tudo pela audiência, que conduziu Tim Lopes ao seu suplício, quando a TV Globo já dispunha, com antecedência, de todas as informações sobre o risco que o repórter corria.Mas a tv segue com o circo de horrores. Assim como, pela lógica da divulgação em tirânica abundância, parece que "não tem sentido um mundo sem cerveja, sem Coca-cola, sem a velocidade dos super carros anunciados, velocidade impossível pelos engarrafamentos de um transporte inviabilizado pelo individualismo em detrimento do coletivo".
Provavelmente jovens como Lindemberg não se transformassem em criminosos se lhes alcançasse uma televisão humanizada, civilizada, que não cultue e não propagandeie a arma. Uma televisão que não realimentasse permanentemente o animalesco critério de que "eu amo tanto esta mulher que se ela não me quiser eu a mato de tanto amor". Temos uma tv machista também, temos uma tv debilóide, uma tv para brancos, para adultos, uma tv embrutecedora, destinada a vender e vender e vender, a formar consumidores, e quem não puder comprar um tênis caro é impelido a matar alguém para roubar um tênis, como ocorreu em Brasília.
Afinal, a vida não tem sentido sem um desses tênis caríssimos... Temos uma tv de erotização doentia, uma tv que nos empurra para o alcoolismo, que nos recomenda, como a Lindemberg, a intolerância e o machismo, particularmente com armas nas mãos, quando enfrentamos uma angústia ou uma dor amorosa.Temos uma tv bárbara.
E não tem que ser assim, pois há no mundo experiências de tvs que são vetores educativos, culturais, humanizadores. A TV em Cuba evita a divulgação de crimes e não há publicidade comercial. Mas divulgam-se livros, filmes, datas históricas, heróis do país e do mundo, espetáculos de balé e música clássica. Crimes não! Aqui podemos assistir desde sexo o mais vulgarizado até seres humanos espancando-se infinitamente com chutes e cotoveladas no rosto uns dos outros.
Há canais para leilões de cavalos, bois, tapetes, corridas de cavalo, mas raramente há programas sobre inúmeros problemas de saúde mental para uma população carente de informação educativa, tal como pregou o presidente Lula ao determinar a criação da TV Brasil. Aliás, registre-se a sóbria e equilibrada cobertura da TV Brasil sobre a tragédia de Eloá. Este é o caminho. A televisão é uma ferramenta muito importante para estar sob o controle da lógica bárbara e anti-civilizatória do mercado, deve estar sob controle social, humanizador e democrático.
Aliás, vale lembrar, as tvs que cometeram este espetáculo de barbárie no caso Eloá são as mesmas que durante anos enalteceram, recomendaram, sustentaram, sem discussão democrática, os valores do mercado como diretriz para o funcionamento da sociedade e agora, diante do enormes prejuízos que as fraudes mercadológicas especulativas causaram ao contribuinte norte-americano, podendo nos atingir, estas tevês não reconhecem o seu erro. Estão acima do bem e do mal.É, portanto, urgente o desenvolvimento de mecanismos de controle social da mídia no Brasil.
Ou, se nada for feito neste sentido, com dor e realismo somos obrigados a nos perguntar: qual será a próxima façanha da tv-barbárie? Sei que na Espanha alguns canais chegam a transmitir suicídio ao vivo... Foi para isto que se criou a televisão
*Presidente da TV Comunitária de Brasília

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"REFUNDAR O CAPITALISMO".

FOI QUE DISSE O PRESIDENTE FRANCES. PARECENDO QUE ISSO FOSSE POSSÍVEL. PORQUE NÃO USOU A EXPRESSÃO TORNA-LO "MAIS HUMANO".
HAHAHAHAHAHA.
ESSES AGORA NÃO TEM MAIS QUE DIZER, ANTES O MERCADO ERA A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE.
O SOCIALISMO JÁ ERA, O CAPITALISMO SERIA ETERNO, QUE LENIN, KARL MARX, ESTAVAM SUPERADOS E ETC, ERAM AS FALÁCIAS DOS REPRESENTANTES DO CAPITAL
AGORA VEM COM MAIS ESSA "REFUNDAÇÃO DO CAPITALISMO".
OLHA O SOCIALISMO ESTEVE SEMPRE VIVO,POIS PARA LÁ QUE CAMINHA A HUMANIDADE, RUMO AO COMUNISMO.
O CAPITALISMO, HOJE ESTÁ SUPERADO, A HUMANIDADE NA LUTA DARÁ ESTE SALTO E LIBERTAR-SE-A, DESTAS MAZELAS.
A EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM ESTÁ CHEGANDO AO FIM.
ESTA CANALHADA QUER JOGAR NAS COSTAS DOS TRABALHADORES A CRISE.
O ESTADOAGORA É PARA SALVAR OS "INVESTIDORES", ESPECULADORES.
O ESTADO PRECISA SER DESPRIVATIZADO,ISSO SIM.
O ESTADO É PARA SERVIR A HUMANIDADE.
COMO DISSE O PRESIDENTE LULA, NÃO CABE EM PLENO SECULO XXI,PERMANECER A FOME QUE CAMPEIA NA HUMANIDADE.
SÓ COM O FIM DO CAPITALISMO ESTE E OUTROS PROBLEMAS SERÃO SUPERADOS.
QUE TREMAM OS CAPITALISTAS!!!!!!
É mais uma vez vimos a vitória das forças progressistas,


sobre o atrazo,na capital cultural do Brasil,Rio de Janeiro.
O Brasil,com a vitória de Eduardo Paes,representa as mudanças necessárias que nossa cidade e Estado precisa.
Aprofundar o crescimento econômico, a distribuição de renda.
Obviamente ainda paira na cabeça de alguns,o pensamento neoliberal.
Muitos que ali estão compondo o futuro governo, foroam beneficiados pela politica praticada pelo PSDB.
Mas a vida pode mudar as pessoas,o povo faz com que lideranças antes comprometidas com determinadas visões, avance em sua direção. Outros permanecem com as ideologias atrazadas, outros tornam-se oportunistas de momentos...mas a vida segue seu rumo as mudanças.
.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

" O pior de todos os bandidos é o político vigarista e lacaio dos grandes interesses empresariais”. (BRECHT)
Morreu 2ªfeira, 20/10/2008, pela manhã, no Hospital do Andaraí, ao lado de Vila Isabel, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, LUIZ CARLOS DA VILA, poeta, compositor, pagodeiro e sambista !



Lamentável. É uma notícia triste, para os amigos e admiradores da arte e composições do imortal compositor Luiz Carlos da Vila. Não temos a menor dúvida de que a morte de Luiz Carlos da Vila representa uma grande perda para o mundo do samba. E a poesia, um homem de rara sensibilidade poética. Poeta inspiradíssimo e magistral. .Aproveitamos esta oportunidade, contribuir com algumas informações sobre o compositor e poeta Luiz Carlos da Vila. Na verdade Luiz Carlos, da Vila da Penha e não da Vila Isabel, como podem pensar algumas pessoas. O grande compositor, pagodeiro e sambista , Luiz Carlos da Vila, já chegou ao bairro de Noel e no GRES Vila Isabel, Luiz Carlos da Vila, como era conhecido há época, nos pagodes dos subúrbios da Leopoldina e Linha Auxiliar, por ser morador do bairro Vila da PenhaLuiz Carlos da Vila, também não nasceu em Ramos ou outro bairro do Rioo de Janeiro. O poeta de tantos lindos e inspirados versos, nasceu numa pequenina cidade do interior de Minas Gerais, chamada Chiador, que faz divisa com Três Rios, Rio de Janeiro. Entretanto, isto pouco importa, pois o poeta Luiz Carlos da Vila, na verdade era de Ramos, da Vila da Penha, da Vila Isabel, da Tijuca enfim do Rio de Janeiro, do Brasil e do Mundo. Para nós, amigos e admiradores, o compositor, pagodeiro e poeta Luiz Carlos da Vila, ao ser natural em sua poesia tornou-se imortal, segundo ensinamentos dos inspirados versos do grande mestre Antonio Candeia: "O sambista não precisa ser membro de Academia, ao ser natural em sua poesia, o povo lhe faz imortal... Ao lembrar de um samba interpretado pelo Grupo Fundo de Quintal, queremos dizer ao Poeta Luiz Carlos da Vila:" Quero chorar o teu choro, quero sorrir teu sorriso. Valeu por você existir amigo". Muito obrigado por você ter existido, Poeta, compositor r sambista LUIZ CARLOS DA VILA.
José dos Santos Oliveira
Sr. Presidente Luis Inacio Lula da Silva
Sr. Claudio Soares.


Pode contar com apoio deste cidadão, sr. Presidente.
Que muito tem feito por o crescimento e melhoria das condições de vida do nosso povo.
Acredito que há muito tempo não vemos um presidente comprometido com o seu povo.
A crise, que tanto fala a grande imprensa, esta mesmo foi umas das responsáveis por ela.
Defendem até hoje a politica da especulação financeira. "Estado minimo, "cortar gastos", menos investimentos" , cabar inclusive com o PAC e os Programas sociais do governo. Já proporam inclusive acabar com décimo terceiro salário. Os "economistas" deles, veem sempre com essa lenga-lenga. O que podemos chamar de neoliberalismo-ortodoxo. Ao povo nada, aos "investidores", ou melhor especuladores, todo o dinheiro do Estado.
Como disse o Presidente a crise contrariou " os fundamentalistas do mercado", "o onus da cobiça desenfreada de alguns não pode recair impumemente sobre o ombro de todos" e tem razão quando diz que "a economia é seria demais para ficar nas mãos dos especuladores".
Por isso apoio o sr. Presidente, que tem conduzido nossa economia, nosso país, com sabedoria e inteligência que muitos preconceituosos, ainda se estremecessem. Por verem um homem do povo ser eleito presidente da república e comprometido com a sua origem. O povo brasileiro é inteligente e confia no Presidente Lula.
“Somente quem anda pelo Brasil sabe o que é o PAC. Quem nasceu em rua asfaltada não sabe o que é um cidadão que mora na periferia ter que trabalhar em tempo de chuva, não tem a menor noção. Por isso, muita gente gosta de filosofar sobre um país que faz questão de não conhecer”. esta é a acertada do nosso presidente.

Que tremam os que querem destruir o caminho traçado pelo Presidente! Conte comigo.
Obrigado.
Prezado Senhor,Registramos o recebimento de sua mensagem. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradece os comentários. Cordialmente,Claudio Soares RochaDiretoria de Documentação HistóricaGabinete Pessoal do Presidente da República

sábado, 18 de outubro de 2008

EUA: perda das aposentadorias privadas chega a US$ 2 trilhões
Nos últimos 15 meses, milhões de americanos recebem os extratos de suas contas 401 (k) e vêem a cada mês a poupança que irá sustentar a velhice indo pelo ralo. Para o diretor de Orçamento do Congresso, Peter Orszag, “a perda será ainda maior”
O sistema de aposentadoria privado dos EUA já perdeu US$ 2 trilhões nos últimos 15 meses, segundo o jornal inglês “Financial Times”. O FT considerou esse número a “Pedra Rosetta” para a “compreensão do impacto da crise financeira sobre a sociedade americana”, assinalando que, antes da venda em massa de ações neste mês, “60% dos americanos faziam aplicações em ações, frente a 10% em 1980”.
Ou seja, graças à ganância e fraudes dos especuladores de Wall Street, e dos vigaristas que garantiam que bom era a previdência na mão dos bancos privados e nos fundos de apostas, a poupança de uma vida inteira de milhões e milhões de americanos já foi saqueada em US$ 2 trilhões. A questão ameaça se transformar, em breve, em um dos maiores escândalos da história dos EUA.
No sistema de previdência privada a que a maior parte dos trabalhadores dos EUA está submetida, eles têm de contribuir mensalmente para contas individuais denominadas 401 (K), que são aplicadas em ações, só podendo começar a fazer saques na hora da aposentadoria, no mínimo com 59 anos e meio de idade, ou sofrendo um pesado pedágio se antecipar as retiradas. O confisco chega, nas contas do FT, a “quase o triplo” do que o secretário do Tesouro Paulson pediu para doação a Wall Street, e “mais que o dobro do custo da guerra no Iraque”.
Todo mês esses milhões e milhões de americanos recebem os extratos de suas contas 401 (k), e nos últimos 15 meses estão vendo a poupança para sustentar a velhice indo pelo ralo. O que levou o FT a considerar essa questão como um dos maiores cabos-eleitorais de Obama. Mas a coisa pode ficar pior do que esses US$ 2 trilhões. Na sexta-feira dia 10, a bolsa de Nova Iorque chegou a desabar mais de 18% - a maior queda já havida em um dia -, lembrou o FT, para acrescentar que o diretor do Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA, Peter Orszag, relatou na terça-feira dia 14 que a perda será “ainda maior”.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Bailout: Salvamento de poucos e servidão para muitos - parte 1


Nós estamos entrando agora no fim dos tempos financeiros. O "Plano A" (comprar hipotecas bichadas) fracassou, o "Plano B" (comprar ações inferiores nos bancos para recapitalizá-los sem varrer os atuais maus administradores) é um fiasco e as dívidas ainda assim não podem ser pagas. Esta é a realidade com a qual Wall Street evita se confrontar. "Primeiro eles o ignoram, depois eles o denunciam e após isso dizem que sempre souberam o que você estava dizendo", disse Gandhi. O mesmo se pode dizer da atual projeção de dívidas excedendo a capacidade da economia para pagá-las. Primeiro, os que tomam decisões políticas simulavam que elas podiam ser pagas, depois denunciaram os pessimistas por propagar o pânico, e então disseram que é claro que os estudantes vêm sendo ensinados há quatro mil anos, que a "mágica do juro composto" se mantém duplicando e reduplicando as dívidas mais rápido do que a economia pode arrancar um excedente econômico para pagá-las. O que acabou agora é a idéia de que "a magia do juro composto" pode tornar ricas as economias sem necessidade de trabalho nem indústria. Espero bem que tenhamos visto o fim das fórmulas derivativas que buscam fazer dinheiro com jogos de somar zeros. Uma dívida inflada acaba sempre na execução da propriedade do devedor ou na anulação da dívida a fim de preservar a liberdade e a eqüidade geral da economia. TODAS AS OPÇÕES Isto significa que a economia pós-moderna tal como a conhecemos deve acabar – seja na polarização financeira e na servidão dos devedores a uma nova elite oligárquica, ou no cancelamento da dívida, num Ano de Jubileu [perdão de dívidas] para resgatar a sociedade. Mas quando o governo diz que está analisando "todas" as opções, esta realidade não é uma delas. A primeira opção do secretário do Tesouro Henry Paulson foi comprar pacotes de hipotecas bichadas (obrigações de débito colateralizadas, CDOs) para salvar os investidores institucionais mais ricos de terem de assumir as perdas de suas más apostas. Quando esta não foi suficiente, ele surgiu com um "Plano B": dar dinheiro aos bancos. Mas enquanto a Inglaterra e os países europeus falavam em nacionalização de bancos ou ao menos em ter ações controladoras, o Sr. Paulson cedeu aos seus amigos de Wall Street e prometeu que a compra de ações pelo governo não seria real. Não haveria diluição dos atuais acionistas e o investimento do governo seria sem direito a voto. Para coroar a concessão aos seus compadres, o Sr. Paulson concordou até mesmo em não pedir aos executivos que abandonassem seus pára-quedas dourados, nem os seus exorbitantes bônus anuais ou salários. O Plano A (os US$ 700 bilhões para comprar lixo apoiado em hipotecas que o setor privado não comprará) fracassou parcialmente porque deixava as instituições financeiras evitarem estabelecer um valor justo aos pacotes de dívida que estavam vendendo. Ao invés de contar a verdade sobre sua posição financeira (remetendo seus ativos aos preços de mercado), elas podem "remeter a modelos", estilo Enron. Já vimos o resultado disso: uma semana inteira de mergulho nos preços de mercado das ações. A mídia chama isto de pânico, mas não há nada de irracional a respeito. Quem em sã consciência compraria títulos ou compraria participação num banco sem saber o que estes títulos valem? A fé em modelos matemáticos podres acabou. Assim, ainda aguardamos uma resposta pública para o problema de como quantificar as dívidas. O interesse econômico de quem irá prevalecer: o dos devedores, como tem sido o caso de forma progressiva ao longo dos últimos oito séculos; ou o dos credores, os quais lutaram contra isso a fim de criar uma economia neoliberal controlada pelo "departamento de bombeiros"? Não é tarde demais para decidir qual estrada tomar, mas os banqueiros e credores de Wall Street tomaram a dianteira em se posicionar. Ao verem a direção em que sopravam os ventos políticos, se mexeram para esvaziar os cofres do Tesouro antes das eleições de 3 de novembro, à semelhança do modo como populações medievais fugiam diante de uma horda de invasores mongóis sob Genghis Khan. "Estamos de mudança. Limpem os armários", assim como o Lehman Brothers esvaziou as suas contas bancárias externas, na Inglaterra e em outros lugares, pouco antes de declarar bancarrota, sacando o que podiam, passando informações aos seus melhores amigos. A justificativa era de que se tornara preciso um salvamento (bailout) para restaurar a confiança. Mas a semana seguinte mostrou que as afirmações eram falsas. O bailout não inverteu a tendência no mercado de ações como fora prometido. A média das taxas Dow Jones para a indústria caiu 2.200 pontos de quarta-feira, 1 de Outubro, até a sexta-feira seguinte, 10 de Outubro – oito dias de queda initerruptos, sem pausas para os habituais zigue-zagues habituais. O mergulho de sexta-feira foi de 100 pontos por minuto pelos primeiros sete minutos – caindo 690 pontos, para abaixo de 8.000. Cada 100 pontos era uma queda de mais de 1%, que se refletiu na NASDAQ. Nada conseguia sustentar a pressão de tantos americanos convertendo os seus fundos mútuos em dinheiro da noite para o dia e de tantos estrangeiros localizados em fusos horários adiantados colocando suas ações em posição de venda no mercado. Os investidores de curto prazo [short sellers] fizeram uma das maiores e mais rápidas fortunas de todos os tempos, e cobriram suas posições recomprando as ações que haviam acabado de vender. Isto empurrou os preços para cima até mesmo a posição positiva pouco antes das 10h30 quando George Bush começou a falar. Metade das ações financeiras mostravam ganhos – um sinal de que o time da "proteção contra a submersão" havia pulado para dentro. Mas o Sr. Bush nada disse de útil e as ações voltaram à queda livre, acabando por cair outros 128 pontos a despeito da proximidade da reunião do G7 no fim de semana seguinte. Não se falou sobre reduzir os níveis de endividamento – apenas de se dar mais dinheiro aos bancos, companhias de seguros e outros corretores de dinheiro, como se 'mexer as cordas' de alguma forma os levasse a conceder ainda mais empréstimos a uma economia já dominada pelo endividamento. Se o Congresso realmente quisesse restaurar a confiança, eis o que poderia ter feito: Primeiro, ajustar [a dívida] ao mercado, não ao modelo. Os investidores já não acreditam na contabilidade americana estilo Enron, nas agências de classificação de dívida ou em seguradoras de risco monolíticas. Eles não acreditam na honestidade dos bancos dos EUA acerca de suas posições financeiras. Preocupam-se com as acusações de fraude apresentadas por procuradores-gerais de onze estados contra emprestadores predatórios tais como o Countrywide e o Wachovia que o Citibank, o JPMorgan Chase e o Bank of America estavam tão ansiosos para comprar. Então, é tarde demais para o Congresso mudar de idéia e repelir as concessões? Se os US$ 700 bilhões entregues não estabilizaram o que se tornara irrecuperável para os pequenos investidores, fundos de pensão e mesmo o próprio setor financeiro, o que é que fez? O que é que o Fed tem feito enquanto a mídia não está olhando? FEDERAL RESERVE Vamos colocar a doação em perspectiva. Enquanto senadores e deputados sujeitos à escolha dos eleitores estavam debatendo os US$ 700 bilhões para os grandes contribuintes de Wall Street a ambos os partidos (admitido apenas para iniciantes, explicou o sr. Paulson), o Federal Reserve já havia dado ainda mais, sem qualquer discussão pública e sem que os principais meios de comunicação percebessando o. Desde que o Bear Stearns fracass,ou em março, o Federal Reserve tem utilizado as letras pequenas do seu estatuto para sair dos seus clientes normais (que supostamente seriam bancos comerciais), para dar a bancos de investimento, corretoras e agora grandes corporações, quase indiscriminadamente, uns US$ 875 bilhões em trocas de "dinheiro por lixo" (as estatísticas são divulgadas a cada semana no relatório H41 do Fed). Assim como Aladim oferecendo lâmpadas novas em troca de velhas, o Fed trocou títulos do Tesouro por hipotecas bichadas e outros títulos que corretoras e bancos de investimento não haviam tido tempo de penhorar na OPEP, ricos fundos soberanos asiáticos ou outros investidores. A imprensa louva o sr. Bernanke como "um estudioso da Grande Depressão". Se ele o fosse, deveria saber que o que levou ao colapso de 1929 foram as gritantes políticas de crédito do governo dos EUA para os governos aliados da Primeira Guerra Mundial. Isto criou uma situação em que o Federal Reserve tinha de proporcionar crédito fácil para manter taxas de juro artificialmente baixas de modo a encorajar investidores estado-unidenses a emprestar à Inglaterra e Alemanha, as quais utilizariam estes ingressos de dólares para pagar a suas armas entre aliados e as suas dívidas de reparações de guerra. O antecessor do sr. Bernanke, Alan Greenspan, promoveu o crédito fácil simplesmente por razões ideológicas, para enriquecer Wall Street permitindo-lhe vender mais dívida. Um estudioso da Grande Depressão entenderia os conflitos de interesse entre os bancos comerciais de varejo e os de investimentos no atacado e correotres de dinheiro que, em 1933, levaram o Congresso a aprovar o Glass-Steagall Act – conflitos desencadeados novamente quando o presidente Clinton apoiou o então presidente do Fed, Alan Greenspan, e o líder republicano (e herói de McCain) senador Phil Gramm, que lideraram a revogação desta lei abrindo as comportas para o jogo duplo financeiro que tem custado tanto à economia americana. Se o sr. Bernanke não conhece esta história, o seu comportamento é simplesmente o de um estudante oportunista da arte da auto-promoção política, do servilismo a Wall Street ao fazer campanha para uma última grande retirada fraude antes que administração Bush caia fora dos negócios. O Fed deu a Wall Street títulos do Tesouro recém impressos, acrescentados à dívida nacional a partir de ar rarefeito. Ele fez isto sem sentir qualquer necessidade de racionalização ao expondo absurdas imagens de relações públicas sobre como o governo pode "dar um lucro para os contribuintes". O presidente do Fed não é eleito democraticamente. Ele tradicionalmente é designado pelo setor financeiro de Wall Street que o Fed supostamente tem que regular, atua como seu lobista, dos interesses dos credores – os 10% no topo da população – contra os daqueles 90% da base que estão endividados. Esta "independência do banco central" é trombeteada como uma marca distintiva da democracia. Mas ela é não democrática precisamente por ser isolada do controle público. "A ERA DA OLIGARQUIA" O secretário do Tesouro Paulson não desfruta deste luxo. Presume-se que o Tesouro represente o interesse nacional, não aquele dos banqueiros – embora a sua chefia nestes dias saia de Wall Street e atue como o seu lobista. O Sr. Paulson apresentou sua doação quase totalitária de forma grosseira ao Congresso, na base do pegar-ou-largar, proclamando que se o Congresso não salvasse Wall Street de assumir as perdas de sua montanha de maus empréstimos, os bancos estavam dispostos a despedaçar a economia por rancor. "Por favor, não nos façam arruinar a economia", disse ele de fato. Tal como Margaret Thatcher costumava dizer enquanto vendia as jóias da coroa do governo britânico na década de 1980: Não há alternativa . Ao fazer esta aberta ameaça o Sr. Paulson comportou-se tão arrogantemente quanto o presidente do Lehman, Richard Fuld, quando tentou blefar a Coréia e outros investidores em perspectiva induzindo-os a pagar pela sua companhia o valor integral, fictíciamente alto, inscrito na contabilidade. (Seu blefe fracassou e o Lehman entrou em bancarrota, limpando seus acionistas, incluindo os empregados e administradores que possuíam 30% das suas ações). Depois de tudo, esta foi a alternativa. Em reação à mais estrondosa condenação pública de que se tem memória, o Congresso bancou o logro do Sr. Paulson. O que tornou o seu Programa de Socorro a Ativos Problemáticos (Troubled Asset Relief Program, TARP) de US$ 700 bilhões muito mais visível para a mídia do que as ações do Fed foi o envolvimento do Congresso, e isto num ano de eleições. O nível de mentiras e de argumentos falsos é portanto enorme – juntamente com umas poucas compensações e cortes fiscais para distrair a atenções. Antigamente o senador republicano Jeff Sessions, do Alabama, diria que "esta lei foi empacotada com um bocado de coisas muito populares para lhe dar mais força", de modo que (como explicou The New York Times), "ao invés de tomar partido por um salvamento de US$ 700 bilhões, agora os legisladores podiam dizer agora que votaram pelo aumento na proteção aos depósitos no banco da vizinhança, pelo alívio do imposto para contribuintes da classe média e por ajuda a escolas em áreas rurais onde o governo federal possui grande parte da terra". Deixados para trás enquanto os crentes nas virtudes dos mercados livres de Wall Street eram erguidos ao paraíso pelo "socialismo para os ricos", os devedores hipotecários, os devedores dos empréstimos para estudantes, a Corporação de Garantia do Benefício Pensionista (PBGC, descoberta em cerca de US$ 25 bilhões), a Corporação Federal de Seguro de Depósito (FDIC, descoberta em cerca de US$ 40 bilhões), assim como a Seguradora Social a qual, advertiram-nos, pode chegar a um déficit de um trilhão de dólares dentro de 30 ou 40 anos. Apenas os mais ricos têm sido beneficiados, não os eleitores, proprietários de casas e outros devedores. Ainda assim, o Congresso foi aterrorizado até agir na sexta-feira, 3 de outubro, porque uma semana antes, 26 de setembro, as ações haviam caído 777 pontos depois de congressistas corresponderem a um volume sem precedentes de protestos de eleitores contra o 'resgate'. "Estes idiotas podem cair", advertiu o presidente Bush enquanto lobistas de Wall Street atribuíam a culpa pela queda no mercado ao fracasso do Congresso em preservar o "sistema monetário", e especificamente os bancos e companhias de seguros que já haviam perdido o seu valor líquido e estavam mergulhando mais profundamente no terreno de liquidez negativa. Os líderes democratas Barney Frank e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disseram, de fato: "Olhem o que fizeram! Vocês políticos irresponsáveis estão a exibir princípios, limpando as poupanças das pessoas que estão aplicadas em ações e ameaçando seus fundos de pensão. Se não derem às firmas de Wall Street dinheiro o bastante para cobrirem suas perdas de modo que todos ganhem, eles matarão a economia até encontrarem uma saída". Bem, eles não disseram estas palavras exatamente assim, mas esta foi basicamente a sua mensagem. Era certamente a mensagem de Wall Street: "Wall Street para a Economia: Seu dinheiro ou sua vida".MICHAEL HUDSON* Michael Hudson é ex-economista de Wall Street, especialista em balanços de pagamentos do Chase Manhattan. É professor na Universidade do Missouri, e foi assessor econômico do deputado democrata Dennis Kucinich. Escreveu o livro "Super imperialismo: A Estratégia Econômica do Império Americano".** Artigo originalmente publicado sob o título 'Resgate para os poucos, escravidão da dívida para a maioria: O Congresso deveria nos salvar do salvamento' (Rescue for the Few, Debt slavery for the Many: Congress should bail out of the Bailout), no site Counterpunch.org
O fim do mantra neoliberal

GILSON CARONI FILHO*



Se ainda é cedo para avaliar a duração da crise do sistema financeiro e sua intensidade sobre a economia mundial, alguns sofismas que, no apogeu do neoliberalismo, foram elevados à categoria de axiomas, desmoronaram como castelos de areia. Tudo que era líquido e estável se evaporou no estouro da bolha de uma economia alavancada em sua própria irracionalidade.
Na agenda dos economistas neoclássicos, inspiradores de executivos e consultores das grandes corporações, não só o Estado era apresentado como uma instituição estranha à “saudável” acumulação, quase uma excrescência que tinha que ficar contida “nos limites de sua atuação ao essencialmente imprescindível” , como o estudo das ações econômicas dos homens poderia ser feito abstraindo-se as suas dimensões éticas, religiosas e políticas.
Para um mercado exuberante nada melhor que um homem sem história. A equação perfeita compreendia a subordinação da política à economia e desta ao cálculo contábil. Nos “não lugares” da modernidade líquida, o homo economicus vagava como fragmento, como parcela que apenas produz e consome. “Egoísta” e “racional”, encontrava-se com outros homens apenas para negociar suas decisões de compra e venda emitidas por intermédio de sistema de preços. Teria, enfim, trocado a possibilidade do devir histórico pelos mercados derivativos. A harmonia estava assegurada por mercados competitivos e desregulamentados. Nada de Estado impondo seus projetos. O contrato social era a lei do valor enlouquecida.
O que lhe sobrava, na visão instrumental dos players do cassino, era a eliminação de subsídios às empresas, cortar gastos sociais e reduzir de forma acentuada os gastos governamentais. Privatizar, descentralizar, desregulamentar. Eis a santíssima trindade da mística dos fundamentalistas de mercado. Um mantra que se reproduziu por quase duas décadas nos centros acadêmicos e editorias de economia.
Quem ousaria duvidar que estivesse em funcionamento na economia uma série de regras novas, e um tanto desconhecidas, embasando um círculo virtuoso que poderia durar muitos anos ainda? Questões como o crescente endividamento de milhões de americanos que contraíam seus débitos para investir na bolsa, mirando um lucro fabuloso em pouco tempo, eram detalhes que só preocupavam os teóricos da obsolescência. Aqueles que teimavam em se opor a um projeto de exercício do poder político que tinha como premissas a refundação da economia de mercado e a reforma do Estado.
E agora? Como ficam todos os credos quando o efeito dominó do sistema financeiro estadunidense leva o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional(FMI) a decretar o fracasso da tentativa de adoção de mercados globalizados? Quando o governo Bush, seguindo a estratégia dos países europeus, anuncia o investimento de US$ 250 bilhões na aquisição de ações preferenciais de bancos privados “para fortalecer a confiança do público no sistema”? O que fazer com os “sábios” vaticínios de Hayek e Friedman. Conceder o Nobel de Economia a Paul Krugman não é mea-culpa suficiente. É necessário bem mais.
É preciso admitir que as políticas de um Estado regulador de mercado podem não acompanhar o ritmo do processo de desenvolvimento capitalista, mas os modelos de regulação keynesianos continuam imprescindíveis para a manutenção do ambiente institucional requerido para momentos em que o modelo da “competição perfeita” revela seu caráter ficcional. Resta, ainda, admitir que talvez a crise do homo economicus não seja acidental, nem meramente econômica. É constitutiva da amoralidade em que opera um modo de produção que tem como “ ethos” o lucro a qualquer preço.
A necessidade de formular alternativas contra-hegemônicas nunca se mostrou tão urgente. È hora de a esquerda retomar a leitura de seus clássicos, atualizá-los à luz das exigências contemporâneas, recusando toda e qualquer formulação reducionista.Para a anomia do capitalismo o único ativo que não perde valor é a barbárie. Esse tem sido o papel menos volátil quando a taxa de lucro mostra acentuado declínio.

* Professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colaborador do HP e do Observatório da Imprensa e colunista da Carta Maior.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A IMPRENSA COLONIZADA.

NÃO TEM VERGONHA ESTES REPRESENTANTES DA IMPRENSA COLONIZADA.
FAZEM TORCIDA PARA QUE O BRASIL ENTRE NO BURACO.
ELES FALAM A MESMA RECEITA DE SEMPRE.
"CORTAR GASTOS".
ESSES CANALHAS, QUANDO DIZEM ISSO É PARA DEMITIR FUNCIONÁRIOS, LEVAR A SAUDE A LONA, A EDUCAÇÃO AOS FRANGALHOS. E SOLTAR A TORNEIRA PARA A BANQUEIRADA, OS ESPECULADORES;
AUMENTAR A FOME DO POVO, SIGNIFICA "CORTAR GASTOS".
ESTA "RECEITA" NEOLIBERAL, PREGADA DURANTE ANOS, NO QUE DEU.
"CORTAR GASTOS", SIGNIFICOU "PRIVATIZAÇÃO", ARROCHO SALARIAL DOS SERVIDORES, DESEMPREGO. ESTRANGULAMENTO DA ECONOMIA.
JÁ VIMOS ESTE FILME.
TOMAM VERGONHA NA CARA SEUS JORNALISTAS DE MEIA TIGELA, CAPACHILDOS.
AINDA BEM QUE O PRESIDENTE LULA DISSE QUE MANTERÁ AS OBRAS DO PAC, QUE O GOVERNO NÃO SAIRÁ DA ROTA DO CRESCIMENTO.
AINDA LATEM QUE "O MERCADO", SALVARÁ A HUMANIDADE.
NÃO EXISTE MERCADO HÁ SECULOS, DEPOIS QUE O CAPITALISMOS TORNOU-SE IMPERIALISTA, O "MERCADO" FOI EXTINTO.
O QUE EXISTE É MONOPÓLIO, OLIGOPOLIOS. E ESTE ACABARAM COM O "MERCADO".
OS MONOPOLIOS, SÃO ANTIMERCADO, SÃO CONTRA O "MERCADO".
SE HOUVER "MERCADO", ACABOU O MONOPÓLIO. E CAPITALISMO NO ESTÁGIO ATUAL SÓ EXISTE COM OS MONOPÓLIOS.
POR ISSO O CAPITALISMO ESTÁ EM DECADÊNCIA. TODA ESTA FALÁCIA DE "MERCADO", NA PRÁTICA ESTÁ INDO PARA O BURACO.
VEJA O ESTADO SALVANDO OS POBRES E FALIDOS BANQUEIROS, O "MERCADO". INTERVENÇÃO DIRETA NA ECONOMIA.
AINDA TEM AS VIUVETAS QUE QUEREM RESSUCITAR, ESTE DEFUNTO DO CAPITALISMO, COM MENTIRAS.
OLHAS SEJAM MAIS JORNALISTAS E NÃO VENTRÍCULOS.
O BABACAS.
O QUE O MUNDO HOJE EXIGE E JÁ É UMA NOVA ORDEM ECONÔMICA. DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, DE ACABAR COM A POBREZA.
DE O ESTADO SER DESPRIVATIZADO, OU SEJA, NÃO A SERVIÇO DOS INTERESSES PRIVADOS.
O ESTADO TEM DE ESTAR E ESTARÁ A SERVIÇO DA COLETIVIDADE, DE TODA A HUMANIDADE.
QUEIRAM VOCÊS OU NÃO PARA LÁ CAMINHA A HUMANIDADE.
ESTÁ NOVA ORDEM, CHAMA-SE:
SOCIALISMO!

sábado, 11 de outubro de 2008

Ruiu a arquitetura financeira que queria fazer do mundo um cassino, diz Chávez
“Está ruindo a arquitetura financeira, que considerou o mundo como um cassino”, afirmou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante a abertura da “Conferência Internacional: Respostas do Sul à Crise Econômica”, na última quarta-feira em Caracas. Chávez enfatizou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deveria “dissolver-se e desaparecer do mundo”.
O presidente venezuelano destacou que “as grandes cadeias e diários internacionais pretendem esconder as verdadeiras causas da atual crise mundial”. “As bases do capitalismo estão estremecidas, é um sistema insustentável e os povos do mundo não o suportarão mais”, afirmou.
Chávez ressaltou que o comparou a situação do neoliberalismo à de um foguete que perdeu a sua força e iniciou o seu declínio. “Assim imagino, porque o primeiro que entra em crise é neoliberalismo, a ‘aldeia global’. Entretanto, nas profundezas, estão estre-mecidas as bases capitalistas mundiais é isso que pretendem esconder”, destacou.
Chávez enfatizou que a América Latina deve acabar com as divisões impostas pelo imperialismo que determinam que os países devem se limitar à produção de matéria-prima. “A tarefa da Venezuela era produzir petróleo cada vez mais barato, para abastecer a voracidade do imperialismo”, exemplificou.
O líder venezuelano destacou que a crise traz novas oportunidades aos países da América Latina e que afortunadamente começara a “despertar a força de gigantes que têm governos com planos alternativos”. “A configuração geopolítica da Venezuela, Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Nicarágua, Paraguai, Honduras, deste conjunto de países, de líderes, e atrás deles, estão os povos”, afirmou.
Chávez sugeriu o desmantelamento das instituições de crédito a serviço de Washington como o FMI, que pretendem apresentar-se como entidades salvadoras e na realidade são as culpadas das irregularidades que sacodem o mundo.
Chávez indagou o que haveria ocorrido na região se houvesse instalado “o mecanismo colonial e imperialista da ALCA (Área de Livre Comércio da América)”. “Felizmente, de maneira conjunta, criamos uma série de relações internacionais que não existiam”, afirmou. “Menos mal que na América Latina não exista a ALCA e menos mal que nasçam iniciativas como o Banco do Sul”, ressaltou.
A conferência internacional “Respostas do Sul à Crise Econômica” reuniu em Caracas, especialistas da Argentina, México, Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, Cuba, Equador, Egito, Espanha, Estados Unidos, entre outros países.
Bailout: cleptocracia dos Estados Unidos em ação



O economista americano Michael Hudson afirmou que a expressão cunhada por Roosevelt - "banksters" (banqueiro gangster) - expressa a essência da classe cleptocrática que tomou o comando da economia e substituiu o capitalismo industrial pelo cassinoO economista norte-americano Michael Hudson classificou a operação do governo Bush de resgate dos bancos afundados na especulação de "cleptocracia em ação". A análise foi feita ainda antes do anúncio do bailout de US$ 700 bilhões, no momento em que o Tesouro dos EUA assumiu US$ 5,3 trilhões em dívidas penduradas nas agências de financiamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, fato seguido pela quebra dos bancos Lehman Brothers e Merrill Lynch, e da seguradora AIG, até então a maior do país."Uma classe cleptocrática tomou o comando da economia e substituiu o capitalismo industrial", assinalou Hudson, destacando que a expressão cunhada por Franklin Roosevelt – "banksters" – "diz tudo numa palavra". Ele apontou a sexta-feira 19 de setembro como "o ponto de viragem" na crise em curso. "A Casa Branca comprometeu pelo menos a metade de um trilhão de dólares na tentativa de reinflacionar o mercado de hipotecas-lixo – hipotecas emitidas muito além da capacidade dos devedores para pagar e muito acima do preço de mercado". FICÇÕESUma montanha de dinheiro que, como destacou o economista, destina-se a tentar manter "as ficções contabilísticas registradas por companhias que entraram num mundo irreal baseado na falsa contabilidade que praticamente todos no setor financeiro sabiam ser uma fraude". "Mas eles fingiram acreditar, com a compra e venda de hipotecas-lixo empacotadas, porque era aí que estava o dinheiro. Como colocou Charles Prince, do Citibank: 'Enquanto eles tocam música, você tem de levantar e dançar'". O governo Bush – ressaltou -, ao invés de enfrentar a realidade, se lançou por todos os meios na promoção da falácia de que as dívidas podem ser pagas – "se não pelos próprios devedores, então pelo governo – o que é um eufemismo para 'contribuintes'". Essa expropriação massiva dos contribuintes foi considerada por Hudson como "nada menos que um golpe de Estado da classe que Franklin Dellano Roosevelt chamou de "banksters" (banqueiros+gan-gsters)". "O que aconteceu nas últimas duas semanas ameaça mudar o próximo século – irreversivelmente, se eles puderem escapar impunes disto", advertiu o economista. "Trata-se da maior e mais iníqua transferência de riqueza desde a dádiva de terra aos barões das ferrovias durante a era da Guerra Civil". Hudson apontou como isso ocorreu, por exemplo, no caso da quebra da AIG. "A AIG emitiu apólices de seguro de todos os tipos necessários para pessoas e negócios, de gado a aviões. Esses negócios altamente lucrativos não constituíam problema. A queda da AIG veio dos US$ 450 bilhões – quase a metade de um trilhão de dólares – pendurados no seguro de contraparte de fundos hedge". Mas o Federal Reserve "concordou em tornar bons pelo menos US$ 85 bilhões de pretensos prêmios 'segurados' possuídos por jogadores financeiros que em transações conduzidas por computadores apostaram em hipotecas-lixo e compraram cobertura de contraparte da AIG".A fraude funcionava assim: se dois participantes jogassem um jogo de soma zero de apostas de um contra o outro, sobre se o dólar subiria ou cairia contra a libra esterlina ou o euro, ou se detivessem uma carteira de hipotecas-lixo, para assegurar que elas fossem pagas, pagariam uma pequeníssima comissão à AIG por uma apólice de seguro caso, digamos, os US$11 trilhões do mercado hipotecários dos EUA "afundassem" ou se perdedores que colocassem trilhões de dólares em apostas sobre câmbio, derivativos, ações ou títulos derivativos ficarem incapazes de produzir o dinheiro para cobrir as suas perdas. Assim, a AIG arrecadava taxas e comissões maciças sem colocar muito do seu próprio capital, e seus executivos ganhavam comissões e bônus milionários."Isso é o que chamam de "auto-regulação", ressaltou Hudson, ironizando que "é como se supõe que trabalhe a "Mão Invisível" (do mercado)". "Verificou-se, inevitavelmente, que algumas das instituições financeiras que fizeram jogos de bilhões de dólares – habitualmente na forma de um bilhão de dólares jogados no decorrer de uns poucos minutos ou pouco mais – não podiam pagar". Mas a conta está sendo lançada nas costas do povo americano. APOSTASHudson destacou que essa ação dos fundos de hedge deu "um novo significado a Capitalismo de Cassino", expressão que fora muito aplicada quanto a especuladores que jogavam no mercado de ações. "Significa fazer apostas cruzadas, perder algo e ganhar algo – e o obter do governo o salvamento dos não-pagadores. A virada na tempestade das últimas semanas é que os vencedores já não podem arrecadar as suas apostas a menos que o governo pague as dívidas que os perdedores são incapazes de cobrir com o seu próprio dinheiro". Ele ressaltou que tudo isso só se tornou possível por conta da revogação em 1999 da lei contra os especuladores da era Roosevelt, a Glass-Steagall, "deixando os bancos fundirem-se com os cassinos. Ou melhor, os cassinos absorveram os bancos. Foi isto o que colocou as poupanças dos americanos em risco".

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Primeira plataforma construída no Brasil é inaugurada por Lula


“Nada no mundo fará o Brasil voltar à era do desemprego, da miséria, do abandono de milhões de trabalhadores”, disse o presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, no dia 7, da cerimônia de batismo da plataforma P-51, em Angra dos Reis (RJ), a primeira plataforma semi-submersível totalmente construída no Brasil.
“Durante muitas semanas ainda vai se falar em crise no mundo, em crise no país, a Bolsa vai subir e vai descer. Não se abalem, porque cada um de nós tem que passar, primeiro, a certeza de que este país se encontrou com o seu destino e que não há nada no mundo que vá fazer a gente voltar à era do desemprego, da miséria, do abandono de milhões e milhões de trabalhadores”, afirmou o presidente Lula, sendo aplaudido pela multidão de trabalhadores que lotaram o estaleiro BrasFels, durante o batismo da P-51. As obras geraram quatro mil empregos diretos e 12 mil indiretos.
A cerimônia contou com a presença dos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Edson Lobão (Minas e Energia), do governador Sérgio Cabral e do prefeito Fernando Jordão, além do presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli e diretores da estatal. A madrinha da plataforma é a primeira-dama Marisa Letícia.
“Ainda estamos numa fase de estruturação da nossa indústria naval”, disse o presidente. “É por isso que a ministra Dilma anunciou 10 bilhões de reais, que é uma espécie de garantia para que a nossa indústria naval possa ter a certeza de que vai ter financiamento para continuar crescendo, no Brasil”, declarou Lula aos sete mil metalúrgicos que participaram do evento. “Hoje são mais ou menos 40 mil trabalhadores, o país quer voltar a ter 50, 60, 70 mil trabalhadores na indústria naval brasileira”.
“Esse é um compromisso do nosso governo, e é um compromisso que já está consagrado, porque ninguém mais terá coragem de dizer que o trabalhador brasileiro não é capaz de fazer uma plataforma dessas”, destacou Lula. Segundo ele, “o que é importante é que a gente tenha no Rio de Janeiro, em Pernambuco, na Bahia e no Rio Grande do Sul muitos estaleiros funcionando e gerando oportunidade de emprego para todo mundo. E isso, hoje, está muito mais claro para todos nós porque, graças a Deus, descobrimos o petróleo na camada pré-sal, vamos ter que fazer muitos investimentos até 2012, 2013, 2014. Vamos ter que construir muitas sondas, muitas plataformas, muitos navios, vamos ter que fazer novos estaleiros”, ressaltou Lula.
A P-51 foi construída nos municípios de Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí e Angra dos Reis e marca uma nova fase da indústria naval brasileira com o conteúdo local acima de 75% de bens e serviços adquiridos de fornecedores nacionais. As obras geraram quatro mil empregos diretos e 12 mil indiretos.
Na gestão tucana, a plataforma P-51 estava sendo encomendada no exterior. Ao assumir o governo em 2003, Lula suspendeu a licitação que se encontrava em andamento - e também da P-52 - e determinou que a construção fosse realizada no Brasil, mandando constar no Edital um conteúdo mínimo acima de 75% de bens e serviços nacionais. Foi obra também do governo Fernando Henrique afundar a P-36 em março de 2001, a maior plataforma de produção de petróleo no mundo. Onze pessoas morreram.
PAC
Com investimentos de aproximadamente US$ 1 bilhão, a plataforma integra o Plano de Aceleração do Crescimento do (PAC) e vai operar o campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos (RJ). Apontando para a P-51, Lula enfatizou: “Toda vez que alguém falar em crise, olhem para aquilo ali. Os mesmos que estão torcendo para a crise pegar o Brasil são os mesmos que diziam que isso aqui tinha que ser feito no exterior porque vocês não tinham competência para fazer uma obra dessas”.
Descartando a volta à política de encomenda de plataformas no exterior, porque supostamente a Petrobrás economizaria mais recursos, Lula sublinhou: “O que são 30 milhões de dólares para a Petrobrás? Não valem 10% da alegria que está gerando neste país, com a quantidade de salário, com a quantidade de empregos indiretos, com a quantidade de imposto. Então, isso é sagrado: vamos ter a maior indústria naval. Éramos a segunda do mundo. Logo, logo, queremos voltar a ser a segunda ou a primeira indústria naval do mundo”.
“Vencemos a crise da plataforma e vamos vencer a crise que está tomando conta de vários países”
Durante o batismo da P-51, Lula pediu tranquilidade diante da crise dos EUA e disse que “não terá pacote econômico”. “Todo o povo brasileiro já sabe que essa crise está acontecendo por causa da especulação financeira que começou nos Estados Unidos da América do Norte”, ressaltou o presidente. “A crise americana é uma crise muito profunda, talvez seja a maior crise dos últimos 50 anos, acho que só teve igual a essa a de 1929. É uma crise profunda, e está chegando na Europa, porque também os bancos europeus participavam do cassino imobiliário dos Estados Unidos”, frisou Lula.
“Quando era o Brasil que tinha problema, todo dia tinha banco dando palpite: ‘faz isso, faz aquilo’. Por que o FMI não está lá dando palpite? Por que não estão na Europa dando palpite? É porque a crise é deles”, afirmou o presidente. “Fui agora ao G-8. No G-8 tentei discutir duas vezes a crise, e eles não quiseram discutir: ‘vamos discutir meio ambiente’. Querem falar da Amazônia, mas não querem falar da crise”, ironizou Lula.
“Com a mesma hombridade que estou falando para vocês que estamos cuidando da crise, quero dizer para vocês: continuem trabalhando, acreditando neste país, porque já vencemos a crise da plataforma e vamos vencer a crise econômica que está hoje tomando conta de vários países”, enfatizou Lula. “Somos capazes de fazer isso e muito mais do que isso’. Um abraço. Que Deus abençoe. E vamos vir aqui inaugurar outra plataforma”.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Agressão ao Iraque alavancou a quebradeira nos Estados Unidos
Com o aumento dos juros do Fed para captar US$ 1 trilhão para financiar a guerra, mais e mais famílias não conseguiram pagar suas hipotecas. A Resistência iraquiana fez sua parte ao impedir que a ocupação fosse bancada com o roubo do petróleo
O colunista do site “Global Research”, Stephen Lendman, em seu artigo “O grande roubo da América”, sobre a crise que abala o sistema financeiro norte-americano, introduz a interessante questão de que a quebradeira nos EUA e a guerra no Iraque estão estreitamente relacionadas, ao notar que “essa é a primeira guerra na história financiada com cartão de crédito”.
Como se depreende das declarações de Richard Cheney e Donald Rumsfeld, antes da invasão, sobre financiar a ocupação do Iraque com as receitas do petróleo iraquiano, não era exatamente uma guerra sustentada no cartão de crédito o que eles pretendiam. Mas a Resistência iraquiana realizou o feito de impedir que a ocupação fosse bancada com o roubo do petróleo, e o governo Bush se viu diante da pesada conta de US$ 1 trilhão – custo atual da guerra, nas contas do conhecido economista Joseph Stiglitz. E que poderá chegar a US$ 3 trilhões.
Assim – e na situação de déficit orçamentário provocado pela política de Bush de cortar impostos para os magnatas – criou-se uma enorme pressão para obter US$ 1 trilhão do setor privado. O que implicou em aumentar a taxa de juros, medida tomada por Ben Bernanke após suceder Allan Greenspan no comando do Federal Reserve, que há anos vinha mantendo o juro básico no congelador. Episódio que, naquela altura, levou uma comentarista econômica a saudar Bernanke por “reintroduzir a testosterona”, e “por não ter piscado” diante da inflação.
INSOLVENTES
Mas Greenspan tinha razões bastante fortes para manter o juro negativo. Como Allan Sloan assinalou na revista “Newsweek”, ao homenageá-lo por seu adeus ao Fed depois de 18 anos, no início dos anos 90 “os maiores bancos estavam efetivamente insolventes, e o Fed os salvou baixando as taxas de juro de curto prazo, garantindo-lhes grandes lucros à custa do povo que dependia do cartão de crédito para comprar comida”. Em suma, juros negativos para os banqueiros, e inflados juros de cartão de crédito para a população. A receita foi repetida com o estouro da bolha das ações em 2000, em que US$ 8 trilhões em títulos viraram pó. Nas palavras de Greenspan, “nós sabíamos o que estávamos fazendo – lidando com a conseqüência de uma deflação muito severa de uma bolha”.
O apelo ao endividamento com o cartão de crédito tinha uma base bastante objetiva: nas últimas três décadas a renda média real se manteve estagnada nos EUA, enquanto a desindustrialização reduzia o número de empregos com bons salários. Segundo o “Washington Post”, “cronicamente, os baixos salários afligem de 25% a 30% da população – mais que o dobro dos 12% que o governo federal contabiliza como ‘pobres’”. Também o desemprego real é muito maior do que dizem as estatísticas do governo Bush. De acordo com o ex-subsecretário do Tesouro do governo Reagan, Paul Craig Roberts, se calculado pelos critérios em vigor na década de 70, o desemprego nos EUA sobe para 14,7% - mais do dobro da taxa oficial. A conta é do economista John Williams.
JURO NEGATIVO
Nessa situação de juro negativo, os bancos trataram de se virar para arrancar rendimentos muito maiores dos seus clientes, amparados na derrubada, em 1999, da lei de Roosevelt de separação entre bancos comerciais e corretoras. Passaram por cima das restrições que haviam sobrado, criando todo tipo de “título” e “securitização” – nome pomposo com que batizaram seus esquemas de Pozzi e sua “alavancagem”, isto é, empréstimo de dinheiro que não têm. A fraude generalizada reunia bancos, empacotadoras de hipotecas, fundos especulativos, seguradoras e agências de classificação de risco, lhes garantindo lucros extraordinários e, aos executivos, bônus milionários. Embalando a orgia, odes a Milton Friedman, ao empreendedorismo e à inovação financeira, até a casa vir abaixo, como visto com o Bear Stearns, Lehman Brothers, Wachovia, Merrill Lynch, Washington Mutual e até as agências Fannie Mae e Freddie Mac.
Com a estagnação da renda, redução de empregos, e endividamento no cartão de crédito, não foi difícil induzir milhões de norte-americanos a refinanciar suas casas, ou hipotecá-las. Como descreveu um economista, era como se as pessoas de repente achassem um caixa de banco em casa. Para garantir mais bônus e prêmios, os executivos cuidavam de ampliar o leque de signatários de hipotecas, e foi para isso que o “subprime” foi montado. Estudos mostraram que as hipotecas “subprime” estavam direcionadas para seduzir as pessoas com menos condições – por exemplo, 55% era de afro-americanos; dos 17% de brancos, o maior contingente, 39%, era de baixa renda. Entre outras tramóias, eram oferecidas taxas ajustáveis e prazo inicial de pagamento mais baixo. Com o aumento dos juros decretado pelo Fed para bancar a guerra no Iraque, mais e mais famílias não conseguiram pagar suas hipotecas, levando de roldão os papéis podres e os bancos entupidos de lixo tóxico.
Peer, ministro das Finanças alemão:“O erro histórico dos EUA foi achar que o mercado regula tudo”


O ministro da economia alemã, Peer Steinbrück afirmou em entrevista à revista Der Spiegel, que a crise que os EUA enfrentam é resultado da “falta de legislação e de uma estrutura regulamentar”.
“Eles sempre diziam: O mercado regula tudo. Que erro histórico!”, acrescentou.
Steinbrück descreveu que “o modo de pensar em Wall Street era bastante claro: ‘O dinheiro faz o mundo girar’. A lógica foi esta: O governo deveria permanecer fora do nosso negócio! E quando nós alemães começamos – e talvez fosse mesmo tarde naquela altura – a pedir por controles, por mais transparência e linhas de orientação justas, a princípio eles riam de nós”.
BANCOS AMERICANOS
Questionado sobre a possibilidade de participar do pacote de salvamento dos bancos norte-americanos, como propôs o governo Bush a outros países, Steinbrück disse que não vê “nem a necessidade nem a possibilidade de tomar a responsabilidade por bancos americanos”.
Ele criticou o comportamento “de algumas elites”: “Estou falando de evasão fiscal e corrupção. São a espécie de coisa que o público geral entende demasiado bem. E quando permitem-lhes continuar por demasiado tempo, o público fica com a impressão de que ‘aquelas pessoas no topo’ já não têm de jogar de acordo com as regras. Houve tempos na Alemanha em que estas elites estavam mais próximas da população geral. Algumas coisas ficaram fora de controle neste aspecto”.
Ministério do Trabalho regulamenta contribuição dos servidores públicos



O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, editou uma Instrução Normativa (IN), publicada no Diário Oficial no dia 3 de outubro, estendendo a aplicação do artigo 578 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para todos os servidores e empregados públicos. A partir de agora, os sindicatos do segmento receberão a contribuição sindical da mesma forma que as demais categorias.
“A medida é um avanço enorme para a organização dos sindicatos de servidores públicos, que ficarão ainda mais fortalecidos”, afirmou Antonio Neto, presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). Segundo Neto, a iniciativa contribui para a valorização dos servidores e dos serviços públicos, pois dá ao segmento maior capacidade de articulação e pressão contra eventuais desmandos nas administrações.
De acordo com o texto da Instrução Normativa, “o Superior Tribunal de Justiça, no mesmo sentido do Supremo Tribunal Federal, vem dispondo que “A lei que disciplina a contribuição sindical compulsória é a CLT, nos artigos 578 e seguintes, a qual é aplicável a todos os trabalhadores de determinada categoria, inclusive aos servidores públicos”. Conforme a determinação ministerial, “os órgãos da administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta, deverão recolher a contribuição sindical prevista no art. 578, da CLT, de todos os servidores e empregado públicos, observado o disposto nos artigos 580 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho”.
Lula anuncia medidas e diz que país está preparado para a crise


"A crise americana já consumiu 850 bilhões de dólares do povo americano para tapar os buracos dos banqueiros que faziam agiotagem com dinheiro público", afirmou o presidente
O governo federal anunciou, nesta segunda-feira, medidas para aumentar a liquidez do sistema financeiro e o volume de recursos destinados ao financiamento das exportações brasileiras. Entre as medidas estão a liberação, pelo BNDES, de 5 bilhões de reais para a exportação, a redução dos depósitos compulsórios, além da venda de dólares das reservas cambiais para aumentar a oferta de moeda estrangeira em circulação.
Devido à crise de liquidez provocada pela crise americana, algumas empresas brasileiras estão tendo dificuldade em obter os dólares necessários para o financiamento de suas exportações.
O presidente Lula afirmou, neste domingo, em São Bernardo do Campo (SP), que as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), incluindo os investimentos da Petrobrás, refinarias, habitação, urbanização de favelas e saneamento básico, vão continuar no mesmo ritmo. Segundo o presidente, "a crise internacional chegou ao país como uma onda que não causa nenhum dano, porque se trata de uma crise de crédito e isso a gente pode resolver com o dinheiro que temos".
Lula ressaltou que mesmo que faltem alguns recursos para o financiamento das exportações, "o país tem meios de enfrentar e resolver a situação". "Para vocês verem como estamos preparados, vamos licitar o trem-bala em março para mostrar que sabemos lidar com a crise", sublinhou. "Nós nos precavemos e agora temos reservas para enfrentar essa e outras crises", acrescentou.
O presidente disse que o Brasil, apesar de protegido contra as conseqüências da farra americana, não pode se descuidar da situação. "Queremos que esse tema da crise seja levado ao Congresso Nacional para as pessoas perceberem que, embora o Brasil não corra nenhum risco, nós não podemos vacilar, porque a crise americana já consumiu 850 bilhões de dólares do povo americano para tapar os buracos dos banqueiros que faziam agiotagem com dinheiro público", afirmou o presidente Lula. "Queremos que eles (congressistas) tomem conhecimento de algumas medidas que nós vamos tomar em função da crise americana", afirmou o presidente, pouco antes de votar, acompanhado de Luiz Marinho, candidato do PT à prefeitura de São Bernardo.
BNDES
Entre as medidas anunciadas está a liberação de recursos para aquisição de carteiras de bancos de pequeno e médio portes. Além disso, o Banco Central operou a venda de dólares no mercado com vistas ao aumento dos recursos em moeda estrangeira destinados ao financiamento das exportações brasileiras. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por sua vez, anunciou mais R$ 5 bilhões para as operações de comércio exterior.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participou de entrevista coletiva nesta segunda-feira, afirmou que esta é a maior crise desde 1929 e que o momento atual é o mais agudo da crise americana. "Ela já tem mais de um ano, mas se aprofundou quando se revelaram os ativos podres das empresas", comentou. Para ele, no entanto, "essa situação é passageira". "No Brasil, que não está imune à crise, a situação é melhor porque não há problema de solvência, não há ativos podres, com o principal sofrimento sendo a falta de liquidez e o estrangulamento do crédito em escala internacional". "Mas o governo está tomando as medidas adequadas para garantir a liquidez", afirmou o ministro.
O mentor neoliberal de Fernando Gabeira


ALTAMIRO BORGES*




Bajulado pela mídia como o legítimo representante da “esquerda light”, Fernando Gabeira ainda seduz parcelas do eleitorado progressista do Rio de Janeiro. Mas estas pessoas, com maior senso crítico, deveriam ficar atentas às péssimas companhias do candidato da coligação PV-PSDB. O principal coordenador e financiador da sua campanha é o rentista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central no triste reinado de FHC, ex-funcionário do megaespeculador George Soros e atual dono da empresa Gávea Investimentos. Ele é tratado por Gabeira como o mentor da sua principal proposta programática, a da implantação do “choque de gestão” na prefeitura carioca.
Nos últimos dias, Arminio Fraga voltou a ocupar os holofotes da mídia. Além de ser a estrela dos programas de TV de Gabeira, deu várias entrevistas sobre a grave crise que atinge os EUA e que promete contagiar a economia mundial. Sua receita, se aplicada no Rio de Janeiro, seria um duro golpe nos eleitores do tucano-verde. Sem papas na língua, o neoliberal convicto defende que “o governo Lula tem de adotar uma posição conservadora e aceitar que, nestas circunstâncias, o país não pode ter a expectativa de repetir o crescimento econômico deste ano... Eu recomendaria agora alguma prudência. Seria bom também a essa altura do jogo uma agenda de reformas”.
O choque de gestão do banqueiro
O rentista não esconde seus interesses de classe. Para garantir os altos lucros dos banqueiros, ele defende a adoção de medidas de contenção do crescimento da economia, que jogarão nas costas dos trabalhadores o peso da grave crise capitalista, com a explosão do desemprego e a redução da renda dos assalariados. Na prática, prega o aumento da taxa de juros e do superávit primário, o fundo de reserva dos banqueiros. Ele propõe ainda a sua conhecida “agenda de reformas”, com novos ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários. Caso Fernando Gabeira vença a eleição, estas idéias neoliberais é que deverão orientar o seu “choque de gestão” na prefeitura carioca.
Arminio Fraga tem ambições e projetos definidos. É hoje um dos símbolos do rentismo no país. Após sair do governo, ele recrutou boa parte da equipe econômica de FHC e montou a segunda maior gestora de fundos de investimentos do Brasil, sediada na Leblon Corporate, um luxuoso prédio de sete andares e vidros fumê na zona sul carioca. A Gávea nasceu em agosto de 2003 e, em menos de três meses, contando com fortes influências e informações valiosas, recebeu US$ 550 milhões em aplicações, gerando desconfiança entre os seus pares. Alguns rentistas rotulam Fraga de “strike”, jargão usado no mercado financeiro que significa agressivo, sem escrúpulos.
Um rentista sem escrúpulos
O coordenador do programa de Gabeira realmente não tem escrúpulos. Ele encara tudo como um negócio lucrativo, inclusive o poder político. “A nossa filosofia é investir apenas onde tenhamos um grau de confiança elevado”, revelou à revista IstoÉ Dinheiro. Ele não tem compromissos com o Brasil e o seu povo. “Especula-se que a Gávea Investimentos recebeu aplicações do seu antigo patrão, George Soros, e dos ex-donos do banco Garantia, como Jorge Lehman”, relata a revista. Lehman é um dos estopins da atual crise ianque. Arminio Fraga ainda afirmou à IstoÉ que “não teria qualquer constrangimento em me desfazer de papéis do Brasil se eles perderem atração”.
Tido nos bastidores da política carioca como o homem forte numa prefeitura dirigida pela aliança PV-PSDB-PPS, Arminio Fraga tem muitos interesses econômicos e financeiros para administrar. Reportagem da revista Exame revela que o rentista agora é sócio da McDonald’s, que vendeu no ano passado 1.600 lojas na América Latina por US$ 700 milhões. “A entrada num negócio deste porte chama a atenção para um novo traço da personalidade de Arminio Fraga: o de empresário”. Além do seu fundo de investimento, o Gávea, ele hoje possui ações na BRA transporte aéreo, em terminais de contêineres, em shopping center e, “a partir de agora também em hambúrgueres”.
Os “vigaristas” do deus-mercado
Gabeira ainda seduz alguns com seu figurino de “esquerda light”, mas o seu principal mentor não deveria deixar dúvida sobre a triste sina do Rio de Janeiro nas mãos deste xiita neoliberal. Como presidente do Banco Central no segundo mandato de FHC, ele sempre defendeu os interesses do “deus-mercado”, impondo altas taxas de juros, elevados superávits primários e total libertinagem financeira. Foi um defensor ardoroso das privatizações e da redução do papel do Estado, através de cortes nos investimentos sociais, demissões e arrocho do funcionalismo.
Num desabafo recente, o economista carioca José Carlos Assis, editor do site Desemprego Zero, disse estar “de saco cheio de vigaristas que defendem o interesse próprio como interesse geral. Arminio Fraga é um economista vulgar de mercado... Mas o ‘mercado’ decidiu que é um sábio em economia. Isso não é de admirar, pois ele primou por atender os interesses genuínos do mercado... O que não dá para engolir é que Arminio Fraga, o rei do mercado, deite falação sobre economia como se fosse autoridade independente neste campo, acima de interesses particulares”. O desabafo é mais do que justo e deveria servir de alertar aos eleitores de Fernando Gabeira.
*Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “Sindicalistmo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi)